domingo, dezembro 31, 2006

Gott Nytt År


Estocolmo, 31 de Dezembro de 2006.
Último dia do ano. Neste fantástico mês de Dezembro, com temperaturas meriodinais, o último dia do ano não ficou atrás. Dia cinzento com uma temperatura de 6 positivos, ideal para uns quilómetros pela floresta. Como eu, neste final de ano, estão centenas de pessoas a correr, alguns com carrinhos de bébe, sózinhos ou em grupo, com ou sem Ipods, mas todos em movimento, animando com as suas roupas coloridas os 20 km de floresta. Mais uma vez, desculpem-me, não consigo evitar a comparaçao como o nosso cantinho tão pequenino neste espaço global, até no exercício físico, para nossa desgraça e vergonha (se a temos), estamos nos piores. Leio no "SVD" (o maior matutino sueco, cerca de 200 mil leitores. Aceder em www.svd.se) de hoje, num destacável sobre a entrada da Roménia e da Bulgária no clube da CE a partir de amanhã, 1 de Janeiro de 2007, numa comparação da CE a 27 países, que Portugal é o país onde a população menos pratica desporto ou, sequer, alguma actividade física. Concretamente, que nisto das percentagens a CE é rigorosa, 66% dos "tugas" (raio de nome tão horrível) não pratica desporto, enquanto na Suécia só 7% não pratica. Então, na vizinha Finlândia ainda é mais impressionante; sómente 4% dos finlandeses não pratica alguma actividade desportiva. É estranho, num país como o nosso tão dado a comparações, ora com a Finlândia e o seu sistema escolar, os dinamarqueses com a sua famosa flexibilidade laboral, os suecos com o seu I&D (Investimento e Desenvolvimento), também não tenhamos em conta o aspecto do exercício físico. Parece, assim, que o bem estar físico dos cidadãos nórdicos reve-se no seu bom desempenho profissional, logo, dos seus países. E os custos com uma população activa e mais física tem, obviamente, menos custos para o país, menos faltas ao trabalho, menos custos hospitalares, menos doenças, etc. Na Suécia, o gosto pela actividade física começa muito cedo, na escola primária. Faça sol, poucas vezes, ou frio e neve, muitas vezes, as criancinhas suecas todas as semanas saiem das escolas para irem para a floresta, para praticarem desportos de inverno, para jogarem futebol, praticarem natação, andebol, basquetebol (e os pavilhões, campos de ténis e piscinas suecas não são muito diferentes dos nossos, estou a recordar-me da excelente piscina Municipal de Águeda e dos fantásticos campos de ténis do CTA). Resumindo: existe uma política desportiva escolar. Não sei se em Portugal a coisa funciona da mesma forma.
Neste último dia do ano, dois acontecimentos a assinalar e que deverão ser seguidos com atenção em 2007: a execução de Saddam Hussein, que poderá tornar a situação do Estremo Oriente ainda mais explosiva num país às portas da guerra civil, com consequências para toda a região e para o Mediterrâneo e, o segundo acontecimento, o regresso ao passado pela ETA, com o recente atentado de Madrid. Resta saber se este atentado é um acto isolado, espermos que sim, já que para Portugal, por questões económicas e geo-políticas, interessa a existência de uma Espanha una, e não a multiplicação de várias Espanhas. Terei a oportunidade de discutir estes dois assuntos tão actuais hoje nos locais onde irei passar as passagens do anos (tenho o privilégio de passar duas passagens do ano, a Sueca e a nossa, uma hora mais tarde), já que terei como companheiros de festa americanos, austríacos, romenos, franceses, alemães, suecos e dinamarqueses (qual aldeia global), que deverão ter pontos de vista diferentes. Bem, para todos um Gott Nytt År (Feliz Ano Novo) e que façam muitos skål com o nosso bom espumante bairradino. O meu já está no frio, e irá portar-se bem contra os champagnes franceses, italianos, australianos e sul-africanos. O da Bairrada é o melhor. Viva Portugal.

sábado, dezembro 30, 2006

É a crise...

Lemos sobre a crise. Falamos sobre a crise. Ouvimos relatar efeitos da crise. Habituamo-nos a aceitar a crise como algo omnipresente. A vida é uma crise. Até que lemos um letreiro ... O "Filhote" trespassa-se. Alto lá! O "Filhote" essa instituição aguedense, espaço perene de adolescentes, que abriu as portas no anos 70 do século passado? O "Filhote" onde gerações e gerações de jovens urbanos e rurais de Águeda se iniciaram nas carambolas de bilhar e no meter bolas no saco? O "Filhote" sede de pousio de estudantes em férias?
É verdade, o "Filhote" está a trespasse. É um indicador da crise. Lembro-me agora, de como a imagem e força do "Filhote" era grande. Passados 10/15 anos da nossa adolescência pós-25 Abril, o Tó Benze regressado da Grécia, perguntava se o pessoal ainda estava no "Filhote". Devia pensar que continuávamos sentados nos bancos altos do balcão a ouvir o Ti Armindo a dar bolas, ou a ver se a preta entrava na primeira tacada. No entanto é fantástico, observar clientes do "Filhote" que lá permanecem, garantidamente há 30 anos. São 30 anos de taco na mão e a colocar giz na ponta.
Longa vida ao "Filhote".

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Portugal pepetizado

"Torna-se cada vez mais consistente a hipótese de Pepe vir a integrar a selecção nacional. Em entrevista a um jornal brasileiro, Luiz Felipe Scolari revelou que o central lhe garantiu que recusaria uma eventual chamada da selecção do Brasil." in Sic On-Line 27.12.06
Para muitos esta questão é mais uma típica do mundo do futebol. A naturalização de mais um brasileiro "que dá jeito no centro da defesa" vem mesmo a calhar dirão alguns. Mas, mais importante que tudo isto, é questionarmos o que é hoje uma selecção nacional de futebol? O que representa a sua participação desportiva internacional? Que poder de identidade nacional ela assume? Que força de afirmação das capacidades e competências de um país, pode uma selecção de futebol traduzir? É chegado o tempo de pensar e reflectir acerca da missão e razão de ser das selecções nacionais. Que antes de tudo devem representar o país. Ou os que praticam futebol nesse país? Os equilíbrios entre a vontade de vencer, sem olhar a nada e os serviços mínimos de preservação de valores e princípios, travam uma luta renhida no mundo da alta competição desportiva. Num mundo desportivo em que parece que tudo vale, desde que a vitória desportiva seja possível é triste ver quotidianamente os princípios, os valores e a coerência das situações serem completamente secundarizados. Tudo isto porque a continuidade e sustentabilidade do futebol enquanto desporto, necessita da afirmação dos valores que fizeram a sua história. Não podem ser uns "sargentões" de meia tigela, que em nome de "outros valores" impõem as suas perspectivas e interesses. Por outro lado a nossa fragilidade de pensamento, leva a que as opiniões postas a circular na comunicação social, permitam que de um momento para o outro, tudo seja natural e completamente pacífico. "Pepe na selecção ... porque não?". Até parece uma manchete de um diário desportivo. Somos um povo de brandos costumes e nenhuns hábitos de questionamento. Até parece que apenas falamos do que nos fazem ler ou ouvir. Há um adormecimento comunicacional, bem presente neste caso da naturalização de mais um brasileiro futebolista.
Se a selecção deixar de ser nacional, tem razão de ser? Deixaremos de ter selecções nacionais no futuro? Teremos a selecção da Nike? Da Adidas? Da Jomar? Da Puma?
Para que existe uma selecção nacional? Serão as selecções do futuro cada vez menos nacionais?
De uma coisa temos a certeza. Uma selecção deve representar uma nação no seu sentido mais amplo, de identidade e afirmação internacional. Contribuindo para um espírito de unidade e comunidade que por vezes só é possível a partir do desporto e neste caso do futebol. Quantas vezes damos com pessoas que passam o ano a dizer que detestam o futebol e depois, perante uns quantos jogos da selecção nacional vibram e emocionam-se. Por tudo, num mundo cada vez mais globalizado/descaracterizado/homogeneizado faz todo o sentido que as selecções desportivas sejam um símbolo nacional, que surjam na base da identidade e valores próprios.
PS - A selecção nacional de basquetebol sénior masculina conseguiu pela 1ª vez na sua história o apuramento para um Campeonato da Europa, a disputar em Espanha em 2007. Alguém ouviu falar disso?

domingo, dezembro 24, 2006

Kalle Anka och hans vanner


Estocolmo, 24 de Dezembro.
Se cá nevasse fazia-se cá ski. Para quem ainda se recorda da letra da música dos "Salada de Frutas", não podia ser mais certa para este Natal sueco de amenas temperaturas, para tristeza dos meus amigos suecos. Os que podem, apanham os poucos lugares nos aviões e comboios para a Norrland, no Norte não muito longe do círculo Polar, já que aí parece haver neve. Por mim, passo bem sem a dita. Hoje, dia de Natal, o Sol visitou-nos. Como sempre nestas alturas, calcei as sapatilhas e lancei-me à floresta, livre de "concorrentes", já que os suecos esmeram-se na preparação da noite de Natal. Uma paz, ter a floresta nestas condições, com a ténue luz solar a tentar derreter o gelo que já cobre os caminhos florestais, criando sombras quase chinesas através das altas árvores, o vento frio do Báltico pelas costas, melhor condições é impossível. Corrida rápida que às 11 começava a Missa de Natal. Para quem como eu, como, aliás, a maioria dos portugueses, é "carimbado" pelo lugar de nascimento como pertencendo à "turma" dos Católicos Apostólicos Romanos, habituado à tradição das missas quase medieavais, escuras e cheias de ícones, santos e homilias vindas do baú do tempo, a participação num acto religioso luterano é uma revelação. Primeiro, o ambiente é muito mais relaxante, as pessoas não tem aquela cara de sofrimento tão meriodinal, e, aspecto importante, a padre, sim, a padre, tem um discurso e comportamento mais compatível com o mundo contemporâneo que vivemos. Acabada a homilia e combinado uns encontros pós noite de Natal para beber Glogg (uma mistela horrível à base de vinho quente, vodka e especiarias, muito apreciada e bebida nesta época do ano e da qual sempre que posso fujo) regresso a casa, para preparar o Pato segundo a tradição dinamarquesa (And), o ris a la mande (o arroz doce escandinávo) e o nosso arroz doce português, que alguma coisa também tem de ser nossa, acompanhando as nossas nozes alentejanas, o Periquita e o espumante bairradino. Os mais pequenos nesta altura, tarde de Natal, e como é tradição na Suécia, já estão grudados ao televisor a ver o "Kalle Anka och hans vanner" (Pato Donald e seus amigos) que passa todos os Natais às 3 da tarde. Até nisto, esta gente é disciplinada.
Como por aqui se diz, God Jul.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Modelos urbanos

Um candidato ao prémio mundial de edifício mais estreito do mundo. Posted by Picasa

domingo, dezembro 17, 2006

Na floresta


Estocolmo, 17 de Dezembro de 2006
Neste inverno com características meriodinais, pelo menos por estas paragens do Norte da Europa (tem sido o Dezembro mais quente na história do Instituto Sueco de Metereologia), com temperaturas a rondar os 5 positivos, em vez de negativos, aproveito para correr, enquanto a neve não chega. Depois de uma semana cheia de afazeres, a vontade de correr ao fim do dia não é a mais indicada, tal a escuridão que nos assalta mas, qual viking lusitano, aproveito o fim de semana para mais uns valentes km's pela floresta que me circunda. Como eu estão centenas de "profissionais" destas coisas, novos e menos novos, muito agasalhados, todos eles a bufar pelos caminhos florestais devidamente assinalados, levando-me, qual viagem espacial, às memórias de uma visita ainda fresca ao nosso/vosso recanto aguedense. De facto, a diferença entre a realidade sueca e a nossa é escandalosa, como, aliás, pude constatar nos poucos dias que estive em Portugal. Se, como bem menciona o Rui N.,nas sociedades do Norte Europeu, e em particular na Suécia, o desporto e a actividade física fazem parte do seu estilo de vida, no nosso cantinho socrático, tal não acontece, salvo raras excepções, como do próprio PM. Nesta curta visita não pude deixar de correr, embriagado que fiquei pela luz, essa magnífica luz de Portugal que, aliada à amena temperatura, obrigou-me a calçar as sapatilhas. Cedo, muito cedo, mal via uns raios de luz, calçava as sapatilhas, colocava o IPod e lançava-me pelas ruas de Águeda, tentando não ser atropelado pelos inúrmeros carros que circulavam com as criancinhas para as escolas. Os poucos transeuntes olhavam para mim como se fosse um ser estranho, de outro planeta, estranhando e muito provavelmente questionando a sanidade mental de tal figura. Mais uma vez, senti-me um estrangeirado, devia ser a isto que o Eça se referia (não às corridas...). Quando, mais tarde, questionei os meus amigos sobre o tipo de actividade fïsica praticada, o de aproveitarem o bom clima para umas corridas, a resposta ia dar sempre ao mesmo, que não, não tinham tempo, grande seca, coisas de estrangeiros, o célebre não há condições (falta o Parque da Alta Vila), o rojão é que está a dar, etc, etc. Enfim, dá para pensar como é que os Lopes e as Motas de boa memória surgiram no nosso país.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

CR - sobre esta tens que "postar"...


PROJECTOS BANDEIRA
O modelo estratégico que ressalta do projecto de proposta de revisão do PDM, prevê intervenções do executivo municipal ao nível da qualificação industrial; da valorização ambiental e do turismo; e do reforço da coesão social.
Em relação à qualificação industrial, foram avançados três projectos-bandeira: a criação do Centro de Investigação e Apoio ao Desenvolvimento; a criação do Centro Logístico e Modal de Águeda; e a criação de espaços industriais de raiz municipal. Como projecto complementar o documento faz referência à ligação Águeda - Aveiro.
No que concerne à valorização ambiental e do turismo, as ideias chave passam pela criação do conceito “Águeda Porto Turístico”; a criação da paisagem protegida da Pateira de Fermentelos; a criação do conceito de economia ambiental (RIRPA); o projecto-piloto agro-florestal de Macieira de Alcôba; e a criação do Parque Multifuncional do Casarão.
Finalmente, no que toca ao reforço da coesão social, os projectos-bandeira da autarquia incluídos no documento em revisão, centram-se na criação do Fórum Águeda; na criação do festival “Águeda na Rua”; e na criação da Rede de Espaços Públicos de Águeda (REPA), no Parque do Ribeirinho.
Como recomendação ao nível do modelo estratégico a adoptar, a equipa técnica que se tem debruçado sobre o projecto de proposta de revisão do PDM refere que é importante criar-se no concelho a “Marca Águeda”.(in blog AMARAGUEDA 12-2006)
Esclarece aqui uma coisa, ao povo ignorante. Estão a discutir o PDM ou um Plano Estratégico do município de Águeda? Ou já é tudo igual? Os PDM já acabaram? Ou estamos perante um nicho avançadissimo de investigação pontiaguda que emerge no coração da "bila" na área do ordenamento e planeamento municipal? Sabemos bem como alguns do "gurus" nacionais da área do desenvolvimento local e regional, têm deixado a sua marca na identificação e ordenamento do território. Só não vê quem não quer ver...
CR, esclarece cá o pessoal, porque se assim for é caso para avançar com o registo de patente.
Esperemos que não seja a aplicação do modelo de desenvolvimento "faça já e pense depois".
PS - para o caso de tu estares metido nisto...sempre podes invocar segredo profissional.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Recado ao lázaro sueco de Águeda...


Decidir participar numa maratona é um acto de coragem. Parabéns Norte por esse acto, para mais em terras gélidas do norte da Europa. Cá estaremos para apoiar e encorajar essa árdua tarefa que vai requerer até lá, muito treino e imensa perseverança. Ficaremos à espera da respectiva foto a cortares a meta abraçado à bandeira verde alface e amarela dos judeus bairradinos ou então uma bandeira grená do RDA com fotografia do Hernâni... Com bandeira ou sem bandeira, em primeiro ou em último cá estaremos, para apoiar a tua participação desportiva num país onde mais de 80% da sua população integra as actividades físicas e desportivas no seu estilo de vida.
Mas importa falar de Francisco Lázaro, o único português que em 1912 participou na maratona dos Jogos Olímpicos de Estocolmo. É simpático que os suecos recordem a morte de Lázaro em plena prova da maratona, mas só a simpatia nórdica faria uma coisa dessas. Antes de mais importa dizer que era a primeira participação portuguesa após a recente fundação do Comité Olímpico Português. Francisco Lázaro era considerado um dos favoritos à vitória na maratona, mas a sua preparação foi-lhe fatal. Na compreensão das causas da sua morte, Lázaro "verificando que os participantes daquele tipo de prova suavam muito e esgotavam-se calculou que a não sudação iria permitir um aumento de resistência ao esforço. Neste sentido, antes da prova, untou-se todo com uma substância gorda, para evitar essa sudação. Tal procedimento acabou por lhe ser fatal, na medida em que não permitindo as reacções normais do organismo ao esforço, não fez uma regulação térmica fisiológica, tendo aumentado gravemente a temperatura corporal; não fez uma eliminação fisiológica das toxinas produzidas pelos músculos em esforço, principalmente através dos rins, do fígado, pele e pulmões; entrou em desequilíbrio hidro-electrolítico irreversível. Assim se explica o estado do seu fígado na autópsia - mirrado, do tamanho de um punho fechado e duro como uma pedra" (in NOLASCO, Pedro. A morte de Francisco Lázaro, Direcção-Geral dos Desportos. 1985). Por tudo isto a participação olímpica portuguesa foi triste, com os suecos a organizar após os JO um festival em benefício da família do infortunado Lázaro que rendeu 14000 coroas suecas.
Força Norte. Mostra-lhes que descendes dos Lopes e das Motas de Portugal. Aguenta-te até aos 25/30 KM e depois deixa-te ir...
Vamos torcer.

Lê-se, acredita-se... e lamenta-se

"O autarca [Carmona Rodrigues] diz que recuou na nomeação de um opositor do líder do PSD para uma empresa municipal depois do próprio Marques Mendes lhe sugerir uma prévia 'reflexão a nível partidário'". (Expresso, 1 de Dezembro 2006)
Num país onde há um plano tecnológico que corre sobre rodas (PTGV= Plano Tecnológico de Grande Velocidade), onde o orçamento da ciência sobre mais de 64%, onde o presidente elogia a actuação do governo, onde o MIT parece estar a investir fortemente, onde as finanças públicas se vão consolidando (também sobre rodas: CDGV= Combate ao Deficit a Grande Velocidade), etc., etc., pensava eu, se calhar na minha ingenuinidade, que as empresas públicas e privadas estavam a ser geridas por gente de grande gabarito profissional, o que, consequentemente, implicaria critérios de selecção de gestores transparentes e baseados na competência técnica. Pela notícia do Expresso parece não ser assim. Só se for mais uma inovação: NGVDQSMPAC= Nomeações a grande Velocidade Desde Que Seja do Meu Partido e Amigo do Chefe.

sábado, dezembro 02, 2006

Marathon Man.


Em memória de Francisco Lázaro.

Bem, este não é um post normal, pelo menos para mim, e não tem nada a ver com a novela de William Goldman com o título em epígrafe, em português, "O Homem da Maratona", nem sobre dentista nazi de Auschwitz, Dr. Christian Szell (figura criada tendo como fonte de inspiração o tristemente famoso Josef Mengele, protagonizada por Laurence Oliver), mas, antes, pelo facto de me ter inscrito na Maratona de Estocolmo de 2007. Assim, tornei-me, num aspirante à Maratona, não entre a cidade de Maratona e o mar Egeu, mas aos 42,195 Km da cidade de Estocolmo (http://www.stockholmmarathon.se/Start/index.cfm?Lan_ID=3).
Devo estar louco.
Mas, meus caros concidadãos do ciberespaço, creio que alguma vez nas nossas curtas vidas conseguimos dar asas a projectos que, por muito estranhos ou irrealistas que possam ser, até os realizamos, ou tentamos realizá-los, como este. Assim, desculpem-me o abuso, já que pretendo, a partir de agora, qual diário de bordo, testemunhar convosco a minha preparação para a participação na próxima Maratona de Estocolmo, que se realizará a 9 de Junho. Esta estranha ideia surgiu da grande curiosidade que, desde que vivo em Estocolmo, me moveu a trágica participação do nosso compatriota Francisco Lázaro nas Olímpiadas de 1912, disputadas na cidade de Estocolmo. Como deverão saber, Francisco Lázaro, que creio ter sido atleta do Benfica, faleceu, aos 21 anos, quando participava na Maratona desses Jogos Olímpicos, facto que ainda é recordado quando se disputa a Maratona anual de Estocolmo. Dessa forma, quando durante anos assisti a várias maratonas de Estocolmo, como espectador, achava que a forma mais digna de recordar o infortúnio deste nosso infeliz compatriota, seria se algum português participasse numa das edições tendo como objectivo terminar a Maratona e dedicá-la a Lázaro. Nos meus sonhos, via-me a entrar no Estádio Olímpico de Estocolmo igual ao Carlos Lopes da vitória na Maratona dos Jogos de Los Angeles, em 1984, dedicando a Lázaro esta minha modesta participação. Infelizmente, longe de ser um Carlos Lopes, e sendo eu um modesto atleta, se podemos chamar atleta a uma pessoa que faz jogging semanal (15 a 20 km semanais), no entanto, o desejo de participar uma Maratona sempre o tive, e Francisco Lázaro tornou-se para mim um objectivo, uma obsessão, assim como uma motivação, que partilho convosco. Bem, sendo, provavelmente, o único aguedende a participar na Maratona de Estocolmo, só me falta dizer, pés à obra, que a aventura não é para brincadeiras, e cá estarei à espera dos vossos sábios comentários. Só espero ter pernas para acabá-la, já que a memória de Francisco Lázaro merece bem mais do que este meu pequeno contributo.

sábado, novembro 25, 2006

Pensar Águeda a partir do Ribatejo



No dia de ontem, com a chuva e temporal constantes, tive o grato prazer de me deslocar em actividade profissional a Vila Nova da Barquinha (http://www.cm-vnbarquinha.pt/index.asp). E durante esse dia na vila ribatejana, pequena mas ordenada, pensei em Águeda. E quando percorri as ruas e espaços públicos da vila, voltei a pensar em Águeda. Mais tarde, quando tive oportunidade de falar com naturais da vila e outros que aí trabalham, voltei a pensar em Águeda. Durante o almoço perdendo o olhar sobre a envolvência do rio Tejo, pensei no nosso Águeda. Apesar da chuva, das informações sobre caudais de barragens, estradas cortadas, barragens espanholas e portuguesas, pensei na força do nosso rio Águeda a rasgar os campos e as ruas da nossa baixa. Ao procurar captar a beleza da paisagem à volta da pujança do Tejo, pensei na imprescindibilidade das urbes ribeirinhas saberem "namorar" com os seus rios. Serem tolerantes com os seus desmandos, mas também saberem fruir as suas qualidades. Ao observar com atenção tudo o que acompanha o Tejo ao longo da área urbana de Vila Nova da Barquinha, não pude deixar de "sofrer" ao recordar o que em Águeda fizemos ao Águeda.
Tudo isto porque ao longo de sete hectares, repito sete hectares de terreno, a comunidade de Vila Nova da Barquinha, dispõe de toda uma área verde ordenada, qualificada e de enorme capacidade atractiva. São áreas de verde relvado onde a imaginação é o limite. São zonas de descanso, repleta de árvores e arbustos, que se cruzam com zonas pedonais. São vários espaços lúdico-motores devidamente enquadrados no espaço e no estímulo à participação e desenvolvimento das crianças. São vários espaços desportivos formais vedados e enquadrados com o centro náutico de apoio, imaginem a quê?... à canoagem. Ele são vários pórticos de apoio à entrada e saída de emboarcações do rio. Ele é ainda um pequeno ribeiro que através da sua água, dá vida e som ao longo da área verde.
Tudo isto foi o pouco que pudemos observar e reter, porque a área é enorme. Obviamente que de forma muito natural tornou-se num ex-libris de Vila Nova da Barquinha e um pólo de atracção para as comunidades vizinhas. Como é referido no sítio da autarquia "O sucesso do Parque tem merecido também vários destaques na Imprensa Nacional, bem como em publicações especializadas na área da Arquitectura Urbanística. O Barquinha Parque vem referenciado no Manual de Boas Práticas do Congresso Internacional de Parques Urbanos e Metropolitanos, que em Março de 2006, na cidade do Porto, onde se reuniram alguns dos mais reputados especialistas mundiais". Por tudo isto, pensámos em Águeda e não conseguimos esquecer as nossas margens do rio Águeda. Como não se cansava de repetir o falecido Arqº Rocha Carneiro, Águeda tem de fazer as "pazes" com o seu rio e viver com ele e para ele. Como em muitas outras comunidades, Águeda tem de fazer por merecer o rio que tem.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Lê-se e não se acredita (IV)

O Procurador-Geral da República confirmou ter participado numa reunião com membros do Governo que está a provocar polémica. Segundo o semanário Sol, o encontro terá servido para Sócrates pedir a Pinto Monteiro para acelerar a investigação à banca.
O Procurador-Geral da Republica diz em comunicado que a reunião serviu para pedir ao governo um reforço dos meios necessários e indispensáveis para o combate eficaz à criminalidade económica. A nota de Pinto Monteiro não desmente, no entanto, que a conversa tenha passado também pela chamada "Operação Furacão", onde estão a ser investigados vários bancos. A notícia do semanário Sol garante que José Sócrates e os ministros da Justiça e das Finanças pediram a Pinto Monteiro urgência nesta investigação, preocupados com a imagem negativa da banca neste processo.
Sic Online 18.11.06
Ingenuamente imaginávamos a prática da separação de poderes judicial e executivo.
Ingenuamente imaginávamos a igualdade dos cidadãos perante a lei.
Ingenuamente imaginávamos que o grande timoneiro, só pensava no "deficit".
Ingenuamente imaginávamos que o Procurador-Geral da República Portuguesa não recebia "ordens", "instruções" e muito menos quando está a almoçar.
De forma estrondosa este é um final feliz para a rábula montada pelas agências de comunicação, sobre o "ataque à banca" da parte do governo, para desviar atenções e não debater o orçamento de 2007.
Reabertura já do Parque Mayer...

quarta-feira, novembro 15, 2006

Boa medida

Escolas vão contratar docentes directamente
As escolas vão poder contratar professores através de anúncios nos jornais, em situações como a substituição de docentes de baixa ou o desenvolvimento de projectos de combate ao insucesso, segundo um diploma apresentado esta terça-feira aos sindicatos.
De acordo com o documento, os estabelecimentos de ensino podem iniciar, já a partir de Janeiro, processos autónomos de recrutamento de docentes, com quem estabelecem contratos individuais de trabalho, uma medida que, segundo a tutela, visa garantir «uma maior rapidez na substituição temporária de professores e possibilitar a escolha dos candidatos com um perfil mais ajustado às necessidades». Diario Digital 15.11.06
No meio de tantas medidas legislativas o Ministério da Educação (ME) avançou com a decisão de flexibilizar a contratação de professores visando as suas necessidades. Mais do que ninguém são as escolas que sentem as suas necessidades de recursos humanos e suas características. Desde há muito tempo que faz muito pouco sentido, ser afectado a uma escola um professor que desconhece a comunidade, não se identifica com o projecto educativo ou tem dificuldades em integrar a equipa pedagógica da escola. A escola de hoje exige cada vez mais trabalho cooperativo entre profissionais, pelo que a natureza do perfil dos professores assume relevância. Por outro lado salta à evidência a ausência de medidas no "nó górdio" da vida das escolas públicas portugueas. A natureza da sua gestão e administração. Todos aceitamos que a complexidade organizacional da escola de hoje não se compadece com voluntarismos e boas vontades e muito menos com "gestões a prazo". Para alterar verdadeiramente a dinâmica das escolas há que assumir a mudança do modelo de gestão das escolas, que devendo ser da responsabilidade de um profissional de educação, não pode manter a precaridade reinante, nem prescindir daqueles que pela formação especializada e experiência se encontram em melhor posição para tornar mais eficazes as nossas escolas. Esta medida da contratação de docentes pelas escolas, surge com sentido de oportunidade, de forma a normalizar práticas pedagógicas das escolas como as Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC) nas escolas do 1º CEB. Em que as escolas carecem de manter a sua tutela pedagógica sobre as actividades pedagógicas extra-curriculares, integrando-as verdadeiramente no seu projecto educativo. Faz muito pouco sentido que paralelamente com instituições da sociedade civil, co-participam empresas privadas no desenvolvimento destas actividades. Com esta situação instala-se um enorme "valetudismo" em que o interesse dos alunos e a qualidade das AEC está colocada em causa. Como acontece em Águeda em que dezenas de crianças "têm um tempo livre às 9 horas da manhã", exclusivamente pelos interesses de gestão financeira dos recursos humanos das empresas privadas envolvidas. A contratação de docentes pelas escolas, podem ajudar a definir melhor a objectividade pedagógica das actividade e dos projectos, focando no essencial. Que é o facto de todas as AEC se constituírem como actividades sob a total tutela pedagógica dos orgãos pedagógicos das escolas. É nosso entendimento que desta forma poderemos melhorar e afinar a qualidade das práticas pedagógicas das AEC.

terça-feira, novembro 14, 2006

Mínimos...

O nosso premier José anunciou que o Governo vai aumentar o ordenado mínimo nacional (OMN). O primeiro aumento coloca o valor do OMN nos 400 euros (ou seja um acréscimo de cerca de 15 euros). Portugal, apesar do aumento, vai continuar longe dos valores vigentes em TODOS os países membros da UE a 15 que têm inscrito no seu quadro legal um OMN. Alguns exemplos: Bélgica, 1210 €; Grécia, 559.98 €; Espanha, 490.80 €; Holanda, 1264.80 € (já agora, fora dos 15, Eslovénia, 491.45 €!).
Adicionemos agora um outro conjunto de estatísticas: Portugal tem 2 milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza; como a taxa de desemprego anda pelos 7%, há cerca de 700 mil desempregados, ou seja, muitos dos dois milhões de pobres estão a trabalhar, e muitos deles certamente receberão o tal OMN! Será que alguém neste país consegue ter uma vida condigna com 400 euros mensais? E será que isso interessa para alguma coisa?
Para o senhor Van Zeller, o big boss dos patrões portugueses, não deve concerteza interessar! O "Ai Jesus, que vai ser o fim da indústria portuguesa" que o senhor VZ expressou no telejornal bem o demonstra. Segundo ele, o mercado (nota: cruzes canhoto!) "não permite" o aumento do OMN! O "investimento estrangeiro vai-se embora" e "muitas empresas portuguesas vão fechar as portas". Pelos vistos o nosso modelo de desenvolvimento e a nossa competitividade, apesar dos 64% de aumento do orçamento da ciência e dos acordos com o MIT, ainda se baseiam nos salários miseráveis!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Volta Rosa Pires que estás perdoado...

O Prof Rosa Pires está de regresso à discussão do futuro de Águeda. Através de um próximo debate a realizar no dia 10. Relembremos que foi o coordenador do Plano Estratégico de Águeda, tendo na altura sido acusado de colocar todos os cidadãos a falar do seu futuro e a pensar o que desejavam para a sua terra. Foi o culpado de todos os partidos estarem de acordo com o diagnóstico realizado e com os vários cenários de futuros possíveis que se desenharam. Na altura foi com o seu forte contributo que "discutir Águeda" deixou de ser um tabu, escondido pela chicana política dos do costume. Foi-lhe também atribuída a responsabilidade de ter produzido um documento que não falava do hospital novo, nem dos jacintos. Imperdoável. Alguns não compreenderam como foi possível produzir um documento sobre o futuro da terra, sem os alcaides. Por tudo isto, aguardamos com expectativa o regresso, quanto mais não seja para "ressuscitar" um documento que infelizmente não estará tão desactualizado como muitos andam para aí a dizer, o Plano Estratégico de Águeda. Sim, porque de vez em quando importa falar de Águeda para lá do aumento do Tribunal, do Hospital novo, das rotundas, da via rápida para Aveiro. Pelo menos de vez em quando...
Por tudo isto faz sentido dizer volta Rosa Pires que estás perdoado.

quinta-feira, novembro 02, 2006

E a neve caiu em Estocolmo.



Primeiro dia de Novembro, e a neve que cai em Estocolmo, paralisando toda a actividade humana minimamente civilizada (lá se foi a reunião das 2 no "Swedish Trade", nem táxi consigo). Umas horas mais tarde, depois de finalmente conseguir apanhar um táxi, ouço pela rádio do táxi do Ahmed (nome do taxista iraquiano que me transporta que, presumo por causa das bichas monumentais, vai dizendo mal da mãe dele em árabe, depois de dizer que o Cristiano Ronaldo é "mycket bra" e que Portugalla, ou algo parecido, em árabe quer dizer laranja, é sempre a mesma coisa) que o expresso para a "Riksgransen", fronteira da Suécia com a Finlandia, na Lapónia profunda não muito longe do círculo polar, está retido desde ontem no meio de nada, com os passageiros à espera de serem resgatadas pelo exército (dúvido que o exército apareça, já que nos encontramos num país em que a partir das 4 da tarde os militares vão para casa, para as suas "stugas", tal tem sido os cortes. O urso russo já não mete medo). Ao contrário que se possa imaginar, nós meriodinais sempre com a ideia que esta gente do Norte é muito organizada, o caos foi completo, transformando Estocolmo em sócia fria e branca das escuras Calcuta ou Cidade do México. Todos os serviços foram apanhados de surpresa, o que é de espantar acontecer num país que metade do ano é passado debaixo de neve e com temperaturas negativas. As más línguas, ou as boas línguas, quem sabe, dizem que o problema deve-se à crescente privatização dos serviços públicos (tal como aí), neste antigo recanto da social democracia pura. Transportes públicos que nada transportam devido ao acumular de neve. Metro com atrasos. Gelo nas estradas impossibilitando a progressão dos autocarros e carros. E em Portugal é dia de todos os santos. Chego a casa, qual explorador do Ártico rompendo caminho pela neve ainda a tempo de ver o barco das 10 para Tallin passar em frente à pequena praia já despovoada dos patos manhosos que a ocuparam durante o verão, e no zapping já instalado no sofá descobro novamente o meu outro país, maravilhas do canal do governo, do nosso daí, onde anunciam mais uma parceria com mais uma fantástica Uni ianque. Quase a adormecer ouço que o grande FCP ganhou na Alemanha. Já posso dormir descansado. Será que na Alemanha também nevava?

sexta-feira, outubro 27, 2006

sábado, outubro 21, 2006

Lê-se e não se acredita (III)

A seguir, o Sr. Presidente informou que vai partir amanhã para o Canadá, com um técnico municipal, para receberem formação para operar com a ceifeira aquática adquirida, que se espera venha a ser entregue no próximo mês. in Acta da Reunião de Executivo da Câmara Municipal de Águeda de 06-10-2006.
O nosso Presidente vai ser o utilizador da ceifeira? Será que a vontade de resolver o problema dos jacintos, leva o nosso presidente a "pôr mãos à obra"? Como utilizador habitual dos trilhos envolventes da Pateira, durante as rotas incertas do grupo de BTT, poderemos assim observar como se desenrolará esta saga contra os jacintos na Pateira de Fermentelos e seus adjacentes.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Gesto Orelhudo - imagem singular de Águeda



O V Festival Gesto Orelhudo está a decorrer na grande tenda instalada na D'Orfeu ao fundo da Venda Nova. Com uma programação onde a música está quase sempre presente, o festival tem tido uma grande participação de público, a que não deverá ter sido alheia uma divulgação mais cuidada e ampla. Um dos seus momentos altos foi o espectáculo dos holandeses Slampampers (Holanda) onde a excelência da música casou com a capacidade de fazer rir o público. Do melhor que vimos nestes últimos anos no Gesto Orelhudo. Destaque este ano para a forte participação portuguesa na programação, com algumas agradáveis e positivas surpresas como foi o caso da O’QUESTRADA banda de sonoridades de fusão quentes e arrojadas.
PS - Ficámos satisfeitos por saber que este não era o ano 0 do Festival.

terça-feira, outubro 17, 2006

Desculpem-me a insistência...

Ainda a parceria MIT-Portugal... com um pedido de desculpa pela insistência, a qual resulta, essencialmente, da necessidade de 'desabafar' depois de ter tido acesso a uma série de documentos sobre o processo.
Para o nosso Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, José Mariano Gago, a selecção das universidades e institutos de investigação que participam na parceria "foi a mais transparente e com base numa avaliação feita pelo MIT”, (Diário Económico, 12 de Outubro de 2006). Tive acesso à agenda das visitas de representantes do MIT a Portugal, as quais visaram a tal avaliação a que o Zé Mariano se refere. A agenda está inserida como anexo num documento intitulado "Assessment of an MIT-Portugal Collaboration". Uma prova de transparência, sem dúvida. Porém, um olhar mais atento sobre a agenda mostra de forma clara (e transparente!) que os representantes do MIT apenas visitaram as instituições de ensino superior que, por coincidência (ou não), acabariam por ser as seleccionadas para integrar a parceria. Deduzo que a rapaziada do MIT nunca ouviu falar da Universidade da Beira Interior, da Universidade de Trás-os-Montes, da Universidade de Aveiro, da Universidade do Algarve, e, já agora, dos politécnicos (alguns dos quais têm vindo a desenvolver trabalho de mérito em várias áreas de investigação e fomentando ligações profícuas com as empresas, e.g., Leiria)!
Se houvesse transparência de facto, não haveria lugar a especulações como as que se seguem: será que as instituições seleccionadas, ou seja, a 'nata' do sistema de ensino superior em Portugal, foram objecto de uma pré-selecção? Alguém sentado no seu gabinete localizado na capital decidiu que apenas as instituições x, y e z seriam avaliadas pelo MIT? Mais, (e não é especulação), os portugueses pertencentes ao 'governing board' do programa estão todos ligados ao Instituto Superior Técnico, por coincidência, a 'casa' quer do ministro quer do seu secretário de Estado!
O transparente processo vai render aos cofres do MIT cerca de 33 milhões de euros (seguem-se mais 28 milhões para a Carnegie Mellon e cerca de 10 milhões para a Universidade de Austin). O Zé Mariano diz que o primeiro grupo de empresas afiliadas ao Programa MIT-Portugal, não deverá apenas "contribuir para o programa mas, também, assumir "perante o País a responsabilidade de duplicarem os seus investimentos em investigação e de apostarem em recursos humanos de alto nível científico e tecnológico". De facto, o interesse das empresas portuguesas neste programa atingiu tal dimensão que os dinheiros para pagar aos americanos vão sair dos bolsos dos contribuintes (140 milhões de euros vindos do Orçamento de Estado para financiar o programa nos proximos cinco anos).
Estas 'transparências', somadas a outros 'eventos', como o triste debate sobre a nova lei das finanças locais (alguém viu o Prós e Contras da RTP 1 ontem, com a moderadora a mandar calar os autarcas presentes na plateia - "Calem-se senão...", e o ministro a atirar pedradas ao Ruas de Viseu?), ou a constatação estatística de que há 2 milhões de portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, não matam mas moem...

segunda-feira, outubro 16, 2006

A salvação da Pátria...

Nada vai ser como dantes! Uma economia pujante e competitiva (que se cuidem os melhores...); uma estrutura produtiva que faz jus à economia do conhecimento; uma universidade de excelência (não só no ensino como no seu relacionamento com as empresas)... enfim, um país totalmente novo, uma espécie de Finlândia do Sul da Europa. O que terá acontecido neste cantinho à beira-mar plantado para que esta mensagem tenha entrado de rompante pelos nossos lares, doces lares, dentro? O Alberto João demitiu-se? Em vez de elevarem Canas de Senhorim a concelho, os nossos políticos decidiram agrupar municípios de dimensão ridícula? Um efeito borboleta relacionado com as pedradas atiradas aos funcionários do Ministério do Ambiente? Nada disso... foi assinado um acordo entre o Estado português e o Massachussets Institute of Technology (MIT). É a panaceia para todos os problemas que nos afligem, pelo menos segundo os mensageiros e, particularmente, o seu chefe, leia-se o nosso premier José.
A 'filosofia' do MIT, prestigiado estabelecimento de ensino norte-americano, ao ser transposta para (algumas) universidades portuguesas parece ir ter como resultado (automático, diga-se), uma revolução nas suas estruturas de gestão, métodos de ensino e de investigação, ligação ao muindo exterior, etc.. Empreendorismo (de alta tecnologia, seja lá o que isso for) é a palavra chave. Indivíduos empreendedores, universidades empreendedoras... trata-se afinal de romper abruptamente com uma tradição (de séculos nalguns casos).
Paralelamente, anuncia-se com pompa e circunstância, um aumento (o único!) de 64% no orçamento da Ciência para 2007. 64%! Caramba! Como o José disse, e bem, 'nenhum outro país da Europa o fez até agora'. Somos pioneiros! Produção científica 'a dar com pau' para alimentar empresas sedentas de novo conhecimento para incorporarem nas suas estratégias de competição global (diria o Valentim: venham elas, onde estão, quantas são?).
Agora é que vai ser! Ressuscitámos o chamado modelo linear de inovação, um modelo muito em voga nos anos 60 e que hoje é quase unanimente considerado como obsoleto! Segundo este modelo, basta investir fortemente na ciência para que se desenvolva toda uma cadeia ao longo da qual novos produtos e novos processos de produção ficam disponíveis no mercado. Coisas como o nível de qualificação dos portugueses, a qualidade da justiça e da administração pública, a qualidade de vida nas nossas zonas urbanas e rurais deixam de interessar.
Espero que o futuro não reflicta as minhas dúvidas quanto à eficácia da estratégia milagrosa que nos é agora apresentada. Gostava de não ter razão. Mas... note-se, por exemplo, que enquanto se assinam acordos com o MIT, asfixiam-se financeiramente as universidades portuguesas (sem dinheiro para cobrir as suas despesas de funcionamento básicas), para ao mesmo tempo exigir excelência, exigir a adaptação (mais ou menos em 'cima do joelho') a Bolonha (o que parece exigir mais recursos, nomeadamente humanos). Poderemos estar optimistas?

sábado, outubro 14, 2006

E agora ... algo totalmente diferente...

YouTube - Les demoiselles de Rocherfort

Lê-se e não se acredita (II)

NOVAS TAXAS MODERADORAS
O ministro da Saúde admitiu esta quinta-feira que as taxas de internamento poderão ser aplicadas até 14 dias, a um custo de cerca de cinco euros por dia, medida que deverá ser implementada a partir do próximo ano.
Durante uma entrevista ao programa «Grande Entrevista», na RTP1, António Correia de Campos afirmou que os valores destas novas taxas moderadoras ainda poderão sofrer alterações e que só serão definitivos depois da aprovação do próximo orçamento de Estado.
O ministro especificou que, no caso do internamento, o doente poderá ter de pagar uma taxa (cerca de cinco euros) diária, até um máximo de 14 dias, prazo após o qual a doença passa a ser considerada «muito grave».
Segundo o ministro, 14 dias de internamento poderão custar a um utente do Serviço Nacional de Saúde (SNS) 70 euros.
in Portugal Diário 13.10.06
Parece que estamos a sonhar. A miragem de um Serviço Nacional de Saúde ao serviço de quem precisa é cada vez mais uma miragem. Agora pagamos porque necessitamos de ser internados e o nosso médico nos prescreve uma intervenção cirúrgica. O delirante "combate ao deficit" faz destas coisas. O país está amordaçado no pensamento por esta gente que para além de só ver o "deficit" só olha para um lado... O SNS tem gorduras. Mas estarão elas nas pessoas que fazem do internamento hospitalar uma estadia num moderno SPA? O níveis de relaxação na mesa de operações atingirá tal climax que os portugueses pedem bis? Não brinquem connosco.
Isto é assim quando falta a coragem e a vontade de ver as gorduras onde elas saltam à vista. Porque não se ataca onde Portugal sai da norma europeia (medicamentos mais caros da Europa, consultas acima da média europeia, etc) E assim, é bem mais fácil prescrever taxas moderadoras a todos.
Até quando o delírio, o embuste?

sexta-feira, outubro 13, 2006

Portas da Venda Nova (VII)

Aqui nasceu um verdadeiro "lateiro"...

sexta-feira, outubro 06, 2006

Bloguejudeu - penosamente 1 ano

O BLOGUEJUDEU já fez um ano. Em Setembro último completámos um ano de "postagens" irregulares e incertas. Abordando temas distintos, desde o local, ao nacional e ao internacional. Sempre numa óptica muito subjectiva e pessoal. Esperamos que a participação de todos os "postadores" para além de mais regular, consiga interagir com quem lê e aumentar a circulação de informação e opinião. Vamos a ver...

O país pensa...

Sondagem: Portugueses contra cortes na Educação e Saúde. Os portugueses rejeitam cortes orçamentais nas áreas da Segurança, Educação e Saúde, considerando prioritário poupar dinheiro nas Obras Públicas, no ministério dos Assuntos Parlamentares e na presidência do Conselho de Ministros, revela uma sondagem divulgada hoje.
A sondagem avançada hoje pela Rádio Renascença, mas que foi também realizada para a SIC e Expresso, adianta que os cortes do orçamento para o próximo ano devem ainda ser feitos no gabinete do primeiro-ministro e na área da Defesa. in Diário Digital/Lusa 6.10.06
Portugal parece o país dos alfaiates e dos cineastas. Só se ouve "corta" ... "coooooooooorta". Por tudo e por nada a solução é "corta". Há um problema, um pequeno equívoco...a solução é "corta". A cegueira obsessiva do deficit público, se deve induzir rigor e racionalidade na gestão e investimento público, não pode olhar só para um lado. Os cortes sobre tudo e todos que "cheirem" a um mínimo de Estado-providência. Até parece que o "Compromisso Portugal" ganhou as eleições. Fechamos escolas a esmo, sem racionalidade e critério. Fechamos maternidades, urgências e outros serviços de saúde, não olhando às pessoas e suas necessidades. Fechamos serviços descentralizados. Mas o mais negativo são os sinais que se dão ao país. Ao empurrar todos os serviços para o litoral. Concentrando os serviços mais qualificados nos centros urbanos. Desertificação das aldeias? Diferenciação interior/litoral? Desenvolvimento equilibrado? Solidariedade territorial? São ideias loucas e deslocadas no tempo...
A partir daqui só se pode nascer em Lisboa e Porto. Estudar numa escola do 1º CEB só na sede de concelho. Consultas de especialidade só em Coimbra.
Cá pra mim trata-se de uma "ideia de amplo alcance". Como o futuro é negro e o desemprego será denominador comum de muita gente, esta será a principal forma de manter as pessoas em trânsito pelo território e sem pensar noutras coisas. Se tiverem $$$ para as viagens.
Biba o TGV e a OTA!!!

sábado, setembro 23, 2006

Semana Europeia da Mobilidade

Longe do furor, inovação e entusiasmo dos primeiros anos, a Semana Europeia da Mobilidade em Portugal está a correr o risco de se transformar aos olhos dos cidadãos "numa maçada" ou um "desvio às rotinas de mobilidade urbana". Ela não pode ser a "catarse" daquilo que deveríamos fazer durante o ano, mas como não temos coragem ou não somos capazes, realizamos apenas durante uma semana com muita divulgação e "show off" à mistura. Se estas semanas não tiverem impacto na alteração das políticas nacionai e locais, de quase nada valem. Temos alguma dificuldade em identificar políticas e vontades de mobilizar os cidadãos para alterarem hábitos e comportamentos de mobilidade urbana. Observemos como a política nacional controlada pelo "lobby" do betão consegue continuadamente impor decisões no sentido de mais auto-estradas, mais estradas, mais viadutos, mais túneis, mais rotundas, em nome das acessibilidades. Tudo na lógica da utilizaçãso abusiva do automóvel como transporte individual. Alguém houve falar de transporte ferroviário? Para além da megolamania TGV, obviamente.
Alguém houve falar de políticas concertadas de incentivo à construção de eco-vias? Alguém vislumbra políticas de protecção a outras formas de mobilidade que não sejam o automóvel? Alguém houve falar em políticas de afastamento dos automóveis dos centros urbanos?
As redes de transportes públicos com as necessárias sinergias entre si deviam ser potenciadas. As oportunidades de incentivar e encorajar formas diferenciadas de transportes não poluentes - bicicletas, por exemplo - deviam ser uma constante e não um acaso.
Águeda ex-capital das duas rodas poderia e deveria dar o exemplo, na utilização das bicicletas.
Águeda independentemente da sua configuração territorial poderia ter respostas ao nível da mobilidade urbana - articulando transportes individuais (ex:bicicleta) com colectivos (ex: mini-bus).
Porque a questão da mobilidade não é só diminuir as filas automóveis nas principais urbes. Não é só a diminuição da emissão de CO2 para a atmosfera. Não é só a diminuição de consumo de combustíveis fósseis. Não é só uma forma de desencadear práticas informais de actividade física nas rotinas das pessoas. Não é só uma questão de saúde individual e colectiva.
As alterações dos nossos hábitos de mobilidade urbana, são essencialmente um factor de qualidade de vida.
Vamos transformar as semanas em anos e os anos em ... vidas.

terça-feira, setembro 19, 2006

Hipocrisias educativas

A Ministra da Educação depois de um ano lectivo a insultar, denegrir e humilhar em público os professores portugueses, prepara-se para instituir um prémio nacional para "4 ou 5" professores que se destaquem. De forma conveniente as "agências de imagem" aconselharam concerteza a Srª Ministra a alterar atitudes e comportamentos. Trata-se de um caso a merecer estudo acerca da "pior forma de fazer política, parecendo que se se sabe do assunto, se é forte e poderoso".

sexta-feira, setembro 01, 2006

Interesse Púdico

Caso Mateus:

FPF vai invocar «interesse público»A situação no futebol português, que atravessa uma crise institucional sem precedentes com o caso Mateus, deverá ficar normalizada com a invocação do «interesse público», avançou Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), à saída da reunião com o Governo e a Liga BWin. in Diário Digital 1.9.06

Será que ainda não percebemos que o "Caso Mateus" é a ponta do iceberg. Reflecte na perfeição o estado a que chegámos. O "pântano do Guterres". Ele é o espelho da nossa forma de estar e de viver. Um misto de laxismo, com "chico-espertismo" e jogos no facto consumado. Este "Caso Mateus" não se esgota na análise desportivo-jurídica da coisa. Das guerras surdas e encobertas FPF-Liga. Das diferenças (?) entre O Dr e o Major. Tenho esperança numa coisa. Que apenas o programa da RTPN "A Liga dos ùltimos" nos ajudará a compreender e reflectir acerca da profundidade do problema... Até lá o Blatter que espere ou vá andando.

"Inolbidabilé"

A administração fiscal portuguesa detectou 4.837 declarações de IRC de 2005 com deduções excessivas de prejuízos de anos anteriores, num montante superior a 100 milhões de euros. Em comunicado, o Ministério das Finanças assinalou que esta detecção foi conseguida através da implementação de um software de controlo das deduções ao lucro tributável, a título de prejuízos fiscais gerados em exercícios anteriores, que faz a validação das declarações de forma automática. Acrescenta que aquela aplicação informática permite a detecção “de forma massiva e atempada de deduções indevidas de prejuízos fiscais” de anos anteriores na declaração de IRC, um controlo que em anos anteriores era feito à posteriori pelos serviços de inspecção tributária. A Direcção-geral de Contribuições e Impostos (DGCI) “vai em breve, proceder à correcção dos valores declarados e à liquidação do imposto em falta e dos juros compensatórios devidos relativamente a todas as situações detectadas”, esclarece o ministério. in Primeiro de Janeiro 1.9.06
Impressionante. Fantástico. "Inolbidabilé"...
Após tantos anos só agora conseguem chegar a este facto. Porquê só agora? Por onde andou a vontade política de verificar, fiscalizar e averiguar objectivamente? A desculpa do "sofeteuere modernaço" é curta e coxa, já que basta ter olhos na cara e ... querer ver. Quem vive na Universidade Aberta da evasão fiscal há muito que quotidianamente percebeu tudo isto e muito mais. Sabemos todos que a justiça fiscal não impõe a justiça social. Mas a sua ausência não pode ser motivo para o acentuar das diferenças entre cidadãos. Entre os que pagam, os que não pagam nada, os que devem e ainda aqueles ...que pura e simplesmente não existem fiscalmente falando.

domingo, agosto 27, 2006

sexta-feira, agosto 25, 2006

O exemplo que vem de cima

Treze partidos portugueses vão ter de pagar mais de 299 mil euros de multas por irregularidades nas suas contas relativas a 2003, de acordo com o acórdão do Tribunal Constitucional ontem publicado em Diário da República, destaca a imprensa de sexta-feira. (Diário de Notícias 25.6.2006)
Os portugueses têm esta sina. Aqueles que minimamente deveriam através do exemplo, fomentar uma cultura de rigor e transparência política são objectivamente condenados pelo Tribunal Constitucional, orgão máximo da justiça portuguesa. Os partidos políticos que multiplicam a esquizofrenia dos discursos, não coincidentes com as práticas políticas, têm a responsabilidade ética e moral de pautar a sua actividade por critérios de gestão financeira correcta. Até porque estas leis foram por eles discutidas e aprovadas. Deveras interessante é como as políticas editoriais da nossa comunicação social, conseguem "atirar" com factos inquestionáveis e objectivos como estes para "notícia de rodapé", vulgarizando como normais e aceitáveis tais práticas.
Quando muda tudo isto?

sábado, agosto 19, 2006

Lê-se e não se acredita

O Governo recusa intromissões do Parlamento Europeu na definição da sua política, nomeadamente no capítulo da defesa e dos negócios estrangeiros. Com base neste princípio, prepara-se para recusar informações aos eurodeputados que investigam "o envolvimento e a cumplicidade" de Estados membros da União Europeia numa série de alegadas actividades ilegais da CIA no Velho Continente a pretexto do combate aos terroristas islâmicos. (DN, 17.8.2006).
Há momentos assim. Nós lemos as notícias, voltamos a ler e não queremos acreditar que seja verdade. O Governo do Sócrates entende que uma investigação do Parlamento Europeu, em curso há vários meses, é uma birra político-partidária (talvez por ser coordenada por um português que até é do PSD???!!!) e como tal deve conceder-lhe a devida indiferença. Se o caso não fosse de extrema gravidade, daria para rir. Mas estamos perante a busca da verdade sobre um dos maiores atentados ao direito internacional e às liberdades individuais praticados por quem julga tudo poder fazer onde e quando quer. Obviamente que estas coisas só acontecem com grandes silêncios e cumplicidades. A História ensina-nos que os seus momentos negros sempre estiveram associados à banalização dos atentados às liberdades individuais dos cidadãos. Em nome do dito terrorismo, não vale tudo. E se a Europa quer ser Europa tem de se definir, afirmar e possuir posições na política internacional de acordo com os valores morais e políticos dos seus discursos e prosas.

sexta-feira, julho 28, 2006

segunda-feira, julho 24, 2006

RDA que projecto?


O Recreio Desportivo de Águeda (RDA) iniciou uma nova fase, desta vez elegendo de acordo com os seus estatutos corpos sociais para os seus três orgãos. Mas aquilo que se pensava ser a entrada numa fase de normalidade e estabilidade, parece não se confirmar. Infelizmente, demasiados factos em catadupa têm surpreendido quem gosta do RDA. Dirigentes eleitos duvidosamente confirmados como associados do clube; um vice-presidente eleito que após 15 dias passa a treinador principal da equipa sénior; demissão de vários membros da Direcção; substituição de membros da Direcção eleitos, por membros coaptados; demissão em bloco dos dirigentes dos escalões de formação; ameaças públicas e privadas. Num início de época desportiva onde se desejaria que a tranquilidade imperasse de forma a desenvolver e operacionalizar ideias e projectos, nada disso se passa. Um clube da dimensão e inserção social do RDA ou possui potencial de organização e mobilização ou agoniza socialmente. E uma de muitas estratégias passa (de uma vez por todas) por, de forma sustentada conceber, planear e desenvolver o trabalho ao nível dos seus escalões de formação. Não se trata só de proporcionar a prática do Futebol, aos mais jovens ou aos mais aptos. Há que tirar todo o partido do Futebol e de todos os que dele gostam. Fazer do clube uma instituição social que com base no Futebol seja capaz de atrair as pessoas, não só para as suas bancadas, mas principalmente para um envolvimento generalizado com a prática desportiva. Imaginar que um clube se deve dimensionar, em função do valor do "cheque" da autarquia local é "não estar cá". Os exemplos que por aí pululam (principalmente a Norte e nas ilhas) de (des)investimento sem critério em equipas/SAD/clubes da santa terrinha, por parte de Câmaras Municipais e Governos Regionais têm os dias contados. Hoje o desafio é o de desenvolver projectos que pelo seu reconhecimento social, surjam com níveis mínimos de sustentabilidade económica e financeira. Já não acreditamos em "projectos-milagre" em que o pretenso rigor da planificação, a total previsão do imprevisível tornam o sucesso e a vitória fatais como o destino. A actividade humana e Futebol como tal, exigem sim trabalho prévio, pensamento estratégico, planeamento, identificação de problemas, definição de estratégias, mas acima de tudo mecanismo de monitorização dos projectos. Não se trata de definir sucessões de cenários B, antes possuir mecanismos que suportem a serenidade da intervenção desportiva, para lá da bola que bate no poste, do penalti que se falha ou do árbitro que foi "habilidoso". Os clubes se quiserem sobreviver e cumprir o seu desiderato social na promoção cada vez mais qualificada da prática desportiva têm de se profissionalizar em termos da intervenção técnica. Já não é mais possível, formar jovens, desenvolver aptidões físicas, pretender potencializar capacidades técnicas e tácticas, rentabilizar a proliferação de valores éticos de "fair-play", acompanhar percursos individuais diferenciados de evolução, numa base de desenrasca e fora daquilo que hoje é o conhecimento do Futebol.
O RDA carece de uma ideia, carece de um projecto. Um projecto para lá do "mega-concerto", para lá da "aposta na formação". O RDA precisa como de pão para a boca, de estruturar e desenvolver um Centro de Formação que não vacile época após época, com rumos assumidos e traçados beneficiandos os jovens que gostam de jogar Futebol. Fazemos votos para que o futuro traga ao RDA a paz, a serenidade e a ambição de "pensar hoje o clube do futuro"...

terça-feira, julho 18, 2006

Jardel no Beira Beira...



O brasileiro Mário Jardel foi hoje oficialmente apresentado como reforço do Beira-Mar, com quem assinou por um ano, prometendo “fazer tudo para ajudar a equipa com muitos golos”. Além do avançado, o clube de Aveiro apresentou ainda o guarda-redes búlgaro Todor Angelov Kiutchoukov, como o último nome a entrar para o clube na temporada 2006/2007.
Na “casa” do Beira-Mar, o Estádio Municipal de Aveiro, onde decorreu a apresentação aos jornalistas, Jardel afirmou-se preparado “para começar tudo de novo” e “provar” no clube de Aveiro que ainda pode “fazer golos”.Sublinhando que estará em plena forma “dentro de um mês, um mês e meio”, o avançado brasileiro disse que irá contar com o apoio do treinador do Beira-Mar, Augusto Inácio, para conseguir entrar com o pé direito na equipa. “O treinador disse que ia montar uma estratégia para a equipa jogar para mim. Com uma sequência de cinco ou seis jogos seguidos, acredito que vou recuperar a minha forma física. Só me falta a confiança e o ritmo competitivo”, afirmou Jardel, manifestando a esperança de que irá ter “o apoio do clube e da cidade” de Aveiro."Quero voltar a ser o Jardel de antigamente. Quero marcar golos e ajudar o Beira-Mar na manutenção do principal campeonato. Quero viver apenas para o futuro e esse passa pelo Beira-Mar", reforçou o jogador, de 32 anos, que agradeceu ao clube por tê-lo contratado

17.07.2006 - 18h17 Lusa, PUBLICO.PT


O Futebol tem destas coisas. A vida de um futebolista é feita de altos e baixos e muitas voltas. Este regresso a Portugal de Mário Jardel, tem para já o mérito de fazer incidir sobre o clube de Aveiro as atenções da comunicação social que valoriza mais o que se passa fora das quatro linhas, do que o que lá se passa. Como tónico de marketing estamos perante uma "boa jogada", resta-nos esperar para constatar se os resultados desportivos, podem beneficiar da experiência e do talento matador de Mário Jardel ou ... viver da nostalgia das grandes tardes, dos grandes golos, dos fulminantes cabeceamentos "entre os centrais" que nos ficaram na memória futebolística.
Mas cada vez mais somos confrontados com este "mercado de jogadores" vendáveis, transferíveis e saldáveis a qualquer momento para alimento de uma "indústria" cada vez mais afastada dos valores que estiveram na essência da expansão do Futebol.
Grandes voos para Jardel e sorte para o Beira-Beira na I Liga...

segunda-feira, julho 10, 2006

quarta-feira, julho 05, 2006

Vale do Vouga, Metro de Superfície e TGV


Assembleia Municipal de Aveiro pede reabilitação da linha ferroviária do Vouga 04.07.2006 - 15h58 Lusa

A Assembleia Municipal de Aveiro vai enviar uma moção ao Presidente da República e ao Governo a reclamar a reabilitação da linha ferroviária do vale do Vouga.
A moção, aprovada ontem por unanimidade na reunião da Assembleia Municipal de Aveiro, foi proposta por António Regala, da CDU, e deverá ser também endereçada às áreas metropolitanas de Aveiro, Porto e Viseu, já que a linha do Vouga serve ainda Espinho e, em tempos, ligou Aveiro a Viseu.A linha-férrea do Vale do Vouga foi desactivada em vários troços, servindo ainda as populações mais litorais dos concelhos de Aveiro, Águeda, Albergaria-a-Velha, Oliveira de Azeméis, São João da Madeira, Feira e Espinho.A reduzida frequência de automotoras e a falta de investimentos naquela via nos últimos anos tem levado à decadência da linha do Vouga.No debate que antecedeu a aprovação da moção da CDU, o socialista Carlos Candal manifestou o seu cepticismo quanto à recuperação da linha, lembrando que "o primeiro ataque foi feito quando atribuíram os incêndios às locomotivas e, mais recentemente, foi questionada a rentabilidade da sua exploração". Carlos Candal referiu, contudo, que "milhões de portugueses vão passar a vida toda sem pôr os pés no TGV", pelo que há um fim social na reabilitação da linha do Vouga que justificam o seu apoio à moção. (Público, 5.7.06)
Cá está um bom motivo para mobilização intermunicipal. O "velhinho" comboio do Vale do Vouga não pode ir caindo às peças, fechando estação após estação, apeadeiro após apeadeiro. Num país com tão elevada taxa de investimento público de rentabilidade duvidosa, a linha do Vale do Vouga assume-se como merecedora de requalificação e modernização. A capacidade de fazer desta linha ferroviária, que une vários concelhos do distrito de Aveiro, um pólo de desenvolvimento regional, requer um olhar que ultrapasse a sua principal função social, ou seja o transporte de pessoas e mercadorias. Deve ser possível combinar esta função com outras de dinamização do ordenamento do território, de expansão da oferta turística, de combate à desertificação do interior, da mobilidade dos cidadãos no espaço regional, da diminuição dos tempos de entregas de mercadorias para as empresas. Aveiro e a sua região carecem de um transporte atraente, célere e moderno. Que responda às suas características de um território de elevada mobilidade diária de cidadãos, que se vêm condenados a usar e abusar do automóvel individual. Um metro de superfície que contribua para atrair quem hoje não utiliza o transporte ferroviário do Vale do Vouga, é uma das soluções. Uma linha que desça da zona serrana até à costa. Que consiga ligar o litoral ao interior. Que contribua para fazer circular pessoas pelas aldeias isoladas e permita o acesso às grandes urbes. Que facilite a mobilidade junto dos grandes pólos de atração de Aveiro (Universidade, PT, etc) ligando-os a outras urbes.
O Orçamento Geral do Estado é do país, não é só do Porto ou de Lisboa. O país não pode continuamente pagar os aeroportos que não utiliza, os TGV que não deseja, os viadutos que não pediu, os metros de que não beneficia. Um país desenvolvido, é um país equilibrado. E Portugal é cada vez mais um país desequilibrado regionalmente.
Modestamente, entendemos que um metro de superfície na região de Aveiro poderia ser um factor de combate a esses desequilíbrios. Haja vontade política.......que o resto aparece.

terça-feira, julho 04, 2006

O país e o "Potocolo "...

A crise está aí. Com magia nas estatísticas e cálculos enviezados, as notícias do dia a dia não enganam. As multinacionais que não estão em vias de deslocalizar, preparam as "chantagens institucionais" à volta dos fundos europeus+subsídios+benefícios fiscais+formação profissional. As conversas no tecido económico cada vez são mais "nem fazem ideia de como isto está"... mas os topos de gama e as altas cilindradas continuam a ter lista de espera. O desemprego passou a habitar a vida de muita gente e a preocupar outros tantos. Mas o grande problema no debate político é a ordem nos desfiles. É a sequência nas cadeiras. As hierarquias das passadeiras vermelhas. Triste país este que á beira do abismo consegue eleger como preocupação principal para os seus mais responsáveis políticos o "protocolo de estado".....

quarta-feira, junho 28, 2006

terça-feira, junho 27, 2006

Em trânsito...

Finalmente “assentei”… depois de nos últimos dois meses ter transformado a minha casa numa espécie de “transfer centre” de um qualquer aeroporto servindo de ligação entre Bilbao e Bruxelas, Bruxelas e Londres, Londres e Cardiff, Cardiff e Bilbao, etc.. Nas várias vezes que estive em trânsito no sofá da minha sala, fui pondo em dia a literatura jornalística. O Expresso dava conta de um colega universitário, “que dá aulas nos quatro cantos do mundo a pessoas que pagam os cursos a peso de ouro” (sic), a defender que em Portugal se devia pagar um valor muito mais alto pelas propinas: “Se não pagam nada, não exigem nada. Ora eu gosto muito de alunos que exigem. Aumenta a qualidade”. Sim senhor… a solução é então transformar os estudantes universitários em clientes e a Universidade numa organização de prestação de serviços que deverá assegurar a sua qualidade para não correr o risco de receber uma carta da DECO. É por estas e por outras que se escrevem livros com títulos como “A Universidade em Ruínas”, “A MacDonaldização da Universidade”, etc., curiosamente (ou não) escritos em geral por autores americanos.
Na semana seguinte a saga sobre o ensino superior continuou. O mesmo semanário citava o vice-presidente da União Europeia: “O que é preciso é pôr mais ênfase na excelência”. Excelência de quê? Do conhecimento científico produzido e disseminado ou da produtividade económica da investigação? David Harvey, um americano, conta uma história: “[…] when my own department was rumoured to be ‘in trouble’ with the dean […] we prepared voluminous documentation to prove how [academically] excellent we were. The dean said that he had never questioned our excellence but was interested in only one thing, and it was ‘colored green’. We were not, apparently, earning enough of it to justify our existence”.
Uns dias mais tarde, li a crónica do colega Edmundo Fonseca publicado no Litoral Centro e intitulada “Os fariseus da educação”. Gostei. Principalmente depois de ler que o Aníbal anda a apelar para que deixem trabalhar a Maria de Lurdes, apelo que não deixa de encerrar um paradoxo, uma vez que a Maria tende a trabalhar sozinha sem dar “cavaco” a ninguém.
Já depois de ter “assentado”, num dos curtos intervalos televisivos que medeiam a intensa cobertura do Mundial e de eventos relacionados tão interessantes como a blusa creme às bolinhas que a mulher do Beckham comprou em Baden-Baden, vi o nosso premier entusiasmado com o novo serviço dos CTT, o correio digital. O entusiasmo justificava-se, uma vez que, segundo o Zé, estratos sociais que nunca antes tinham entrado nas TICs tinham agora uma oportunidade flagrante para o fazer. Debilitado pela estóica vitória sobre a Holanda, até eu fiquei entusiasmado. Pena foi que logo a seguir à notícia do correio digital dos CTT, a menina da TV (deliciada, diga-se) deu conta de que em três freguesias do concelho de Nelas o correio (normal) é distribuído por apenas um carteiro, que, no seu motociclo, faz nada mais nada menos do que 120 km por dia (!) para cumprir a sua tarefa.
Será que é este cantinho à beira-mar plantado que está em trânsito e que se perdeu num qualquer labirinto do “transfer centre”?

sábado, junho 24, 2006

1º Ciclo Ensino Básico - Que rede escolar?


Movimento de Viseu entrega petição no Parlamento contra encerramento de 215 escolas 23.06.2006 - 17h55 Lusa

Um movimento de Viseu entregou esta tarde ao gabinete do presidente da Assembleia da República uma petição com mais de sete mil assinaturas contra o "encerramento cego" de 215 escolas do 1º ciclo do Ensino Básico de aldeias daquele distrito.
João Cordeiro, porta-voz do Movimento em Defesa das Nossas Escolas – que reúne professores e encarregados de educação -, explicou que a petição pretende levar o caso a ser discutido no Parlamento, para que o “Governo volte atrás na decisão de encerrar tão cegamente um número tão elevado de escolas".As assinaturas foram recolhidas sobretudo nas aldeias afectadas que, sublinhou João Cordeiro, "sentem a escola como o último serviço público que ainda têm".O movimento considera que a medida vai prejudicar os alunos do 1º ciclo de Cinfães, Sernancelhe, Moimenta da Beira e até do concelho de Viseu, que, afirma, serão deslocados para escolas com piores condições do que as que actualmente frequentam. Sobretudo no Norte de Viseu, o movimento afirma que o encerramento obrigará os alunos a grandes deslocações, como em Cinfães, onde, afirmam, o tempo de viagem ultrapassará os 45 minutos máximos previstos na carta educativa, nomeadamente durante o Inverno quando houver neve.
No todo nacional assistimos a uma desenfreada política de encerramento de escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico. Todos sabemos que Portugal tem uma rede de escolas do 1º CEB caracterizada pela sua dispersão geográfica e territorial. Sabemos também que somos o país da Europa com o maior número de escolas com menos de 10 alunos. O número de alunos que frequentam as escolas do 1º CEB, tem vindo a diminuir. São dados indesmentíveis. Mas, como habitualmente em Portugal, não podemos/devemos passar do 8 para o 80. Citemos um exemplo próximo de nós. Anadia, prepara-se para encerras as suas escolas do 1º CEB e em alternativa criar de raíz 3 Centros Educativos. Desde logo a designação espanholada de centro educativo, é uma ideia que nos repugna, face ao desuso da designação escola. As escolas com 1, 2, 3, 4, 5, 6 ...alunos são apresentadas como maus exemplos de qualidade educativa. Pelo que recorrendo aos motivos opostos as escolas com 300, 400, 500 alunos não podem ser o modelo a seguir. Falamos de escolas e não de "armazéns de crianças". De crianças até aos 10 anos que carecem de construir os seus espaços de afectos, de pertença e identidade. As escolas têm de ser casas com alma, onde cada um se identifique. Falamos de crianças que têm de levar da escola, referências positivas de socialização que as possam enriquecer. Cada um de nós recorda a sua escola, os seus espaços, o significado de cada canto, de cada árvore. As crianças não sendo "só" números, exigem que a qualidade educativa se acentue a partir das referências positivas que a escola do 1º CEB lhe pode proporcionar. As escolas não podem ser "centros educativos". As escolas não podem ser "amontoados de actividades". As escolas não podem ser "armazéns de crianças". Acima de tudo, a qualidade educativa exige que sejamos capazes de estruturar escolas onde a socialização, a aprendizagem de novas competências, o desenvolvimento global de cada criança faça crescer o país. Em nome da racionalidade económica não vale tudo. Há que encontrar equilíbrios e a justa medida. Neste momento o país em relação às escolas do 1º CEB, parece possuído pela paranóia do fechar, fechar, fechar.......sem pensar. Que distâncias diárias têm que percorrer as crianças? Que organização das rotinas diárias das crianças estamos a promover? Que afastamento diário das famílias estamos a fomentar? Que efeitos estamos a provocar na "litorialização" do país? Que
O país que ainda até há pouco tempo clamava por uma universidade em cada concelho, tem de encontrar o equilíbrio na definição da rede escolar no seu ensino obrigatório.
Não podemos passar do 8 para o 80 como se o assunto fossem batatas...

sexta-feira, junho 23, 2006

Estocolmo, meia-noite e meia. O dia do Midssomar



Midsommar.
Já mencionei a importância do midsommar, de 23 a 24 de Junho, no imaginário sueco, tão importante como o Natal.
Se nós temos o São João com as suas sardinhas e alho-porro, os suecos tem o midssommar, a festa do solstício, marcando o início do curto verão que de forma intensa se vive neste país do norte da Europa.
O Natal é a festa do inverno, do recolhimento, da escuridão dos dias com 3 horas de luminosidade, da neve e das baixas temperaturas, enquanto que o "midsommar" é o oposto, já que é a festa da luz, da alegria, da luz que teima em se manter no horizonte, dos excessos provocados pelo alcóol, da exuberância de quem vive metade do ano debaixo de condições climatéricas advessas. Como é da praxe, o consumo de bebidas alcoólicas aumenta consideravelmente, assim como o consumo de "sill" (arenque crú), "potatis" (batata nova), jordgubbar (morangos. Já o grande Ingmar Bergman se referia aos ditos, em 1957, com "Morangos Selvagens", em sueco "Smultronställe"), "fill" (uma espécie de natas) e "nubbe" (um tipo de snaps). A Suécia a partir do "midsommar" começa a laborar a meio-gás, já que é o período em que as pessoas começam as suas férias de Verão (no sul da Europa o mês das férias é, por norma, o mês de Agosto), voltando à "normalidade" (dos negócios, da bolsa, das escolas, etc) no início de Agosto. A vidas nas cidades, no caso da capital, Estocolmo, torna-se mais agradável, com menos trânsito, os parques vazios, menos stress na rua e com hordas disciplinadas de turistas. Muitos alemães, escandinávos, russos, italianos, alguns espanhóis e, em menor número, portugueses, tem a oportunidade de visitar os vários museus que tem à disposição, a maior parte gratuitos.
Neste último dia "normal", antes da grande partida, uma notícia captou-me a atenção nos media suecos (para além do inevitável mundial de futebol em vésperas de um Suécia-Alemanha), e que fazem pensar sobre este país de cariz "social-democrata", ultimamente alvo de interesse por parte da intilegentia portuguesa. Refiro-me, concretamente, à pequena notícia (já vão perceber porquê) sobre a venda por parte da SAAB (que não fabrica somente carros, estes já pertencem à GM norte-americana) ao Paquistão de sistemas de defesa/radar electrónicos aéreos do tipo Erieye (da sueca Ericsson Microwave Systems, do grupo Ericsson), montados em aviões SAAB 2000. Trata-se de uma encomenda de 8,3 biliões de coroas suecas, cerca de 810 milhões de Euros, e vem juntar-se a uma anterior encomenda por parte da força aérea sul-africana do jacto interceptor "Grippen". É assim, que este povo amante da floresta, dos lagos, da natureza, "neutral" até à ponta dos cabelos (os noruegueses que o digam, quando a Suécia deixou a Wermacht nazi atravessar a Suécia para atacar a Noruega), dos carros amigos do ambiente (os biopower da Saab), e da segurança (a Volvo), da IKEA e do design democrático, da ajuda aos países do terceiro-mundo (são, por exemplo, os maiores contribuintes de ajuda humanitária a Moçambique), da defesa do meio-ambiente, são, ao mesmo tempo, o nono maior exportador mundial de armamento, com importância idêntica em termos de exportção a tipo de produtos que nós associamos à Suécia, como os automóveis e o mobiliário. As contradições suecas não me deixam de surpreender. Daí, penso eu, o pouco realce dado à noticía, já que armamento não rima com Suécia. Estou-me a esquecer de um dos "pais" deste tipo de indústria, Alfred Nobel, do famoso prémio Nobel, era sueco e não foi ele o inventor da dinamite. Enfim.
A encomenda do Paquistão trouxe aos suecos uma amarga recordação de perto de trinta anos, o perfume agri-doce de um escândalo perconizado pelo primeiro-ministro de então, Olof Palme, que os suecos ainda hoje tem dificuldade em perceber, tal a importância que o mito Palme ainda tem na vida pública sueca (essencialmente nas hostes do partido do governo, o partido social-democrata). Palme, na altura no apogeu da sua carreira política, a cara dos países não alinhados (a tal neutralidade sueca) conseguiu vender, qual feirante, sistemas de mísseis sofisticadíssimos Carl-Gustaf, da Saab Bofors Dynamics, tanto ao Paquistão como à Índia, que, por essa altura, encontravam-se em guerra. Na altura falou-se em "luvas" e outras histórias pouco dignificantes para um povo que se acha acima desse tipo de situações, tendo mesmo manchado a parte final do mandato de Olof Palme, assassinado em 1986, numa rua central de Estocolmo (umas das teorias sobre o assassinato de Palme passa pelos mísseis vendidos durante o conflito indo-paquistanês).
Bem, chega de armamento, que hoje, dia de Midssomar, a Suécia vai precisar mais da deusa Fortuna do que qualquer tipo de armamento para levar de vencida a selecção alemã. Mas, como a bola é redonda, nunca se sabe, talvez no meio da "landslag" sueca exista algum Nobel pronto a dinamitar a defesa alemã. E que algum do dinamite chegue para nós, que bem necessitamos para o embate de Domingo com os holandeses amargos.

segunda-feira, junho 19, 2006

8º Portugal de Lés a Lés -

A caravana motococlística do 8º Portugal de Lés a Lés que percorre o país de Barcelos a Quarteira, passou em Águeda na sexta-feira dia 16. Foi bonito, motas vistosas, motards devidamente equipados, conduzindo elevadas potências com civismo. Mas em Águeda a caravana de motards ficou baralhada. Para espanto de quase todos os motards, o seu "road book" assinalava a passagem pelo centro da cidade, por uma rua de sentido proibido... Assim era ver os motards parados a estudar a situação, pensando se haveria engano ou não. Após passagem obrigatória por uma rua peonizada e de sentido proibido, nova passagem por uma zona peonizada e vedada a qualquer tipo de trânsito motorizado. Com tanta rua, com tanto sítio interessante para dar a conhecer a cidade, era necessário fazer isto? Sem comentários...

domingo, junho 18, 2006

quarta-feira, junho 14, 2006

Musical Infantil "Zé das Notas"


Na última 6ª feira 9 de Junho, no Cine-Teatro S.Pedro o Grupo Coral Infantil do Conservatório de Música de Águeda, apresentou e deliciou os presentes com um musical infantil "Zé das Notas" carregado de ideias e valores sobre a família, a infância, a escola, o ambiente e a vida. Com autoria (músicas e letras) do Profº Paulo José Neto, teve também encenação do Profº José Geraldo e cenários e adereços de Maria Mónica. Um trio que a partir dos talentos de 35 crianças, realizaram um excelente trabalho de música, alegria, luz e cor. Um bom exemplo de que com trabalho e dedicação as "coisas acontecem" com qualidade em Águeda. Parabéns ao Profª Paulo Neto grande artíficie deste espectáculo, que terá próximas apresentações fora de portas.

quinta-feira, junho 08, 2006

Canhões da Alta Vila mobilizados para Timor...será!!!???


O Parque da Alta Vila junto à entrada do lado esquerdo, apresenta um conjunto de peças de artilharia ligeira (peço desculpa pela minha ignorância em logística militar. Vou ligar já ao Nuno Rogeiro!!!) que o extinto Instituto Superior Militar de Águeda, ex-Escola Central de Sargentos de Águeda legou à cidade. Sabemos do significado histórico-social destas instituições na vida da nossa "bila" ao longo dos tempos, mas sempre nos poderiam ter deixado outros legados... Desde sempre nos surpreendemos com o facto de peças de guerra, que evocam agressões, ferimentos, mortes não encontraram em Águeda melhor espaço que a paz, beleza e pura natureza do Parque da Alta Vila. O Parque da Alta Vila e toda a paz que transpiram não mereciam tal desdita. A bem da valorização do espaço público da Alta Vila seria boa ideia estas peças (independentemente do seu valor histórico-militar) encontrarem outro espaço de exposição pública. Mas, acontece que estão neste preciso momento a ser pintados de "verde militar", adquirindo um brilho que faz pensar que ainda poderão disparar a qualquer momento. Assim, é de supor que sejam estas peças de artilharia que estão em falta em Timor e impedindo o trabalho da GNR para lá enviada...

domingo, junho 04, 2006

Djurgården, Stockholm. 4 de Junho de 2006



Estocolmo. Pessoas a caminho da ilha Djurgården (uma das ilhas de Estocolmo e que também é equipa de futebol. http://www.dif.se/index.asp). Agora que o sol até vai aparecendo, os suecos começam (gente muito organizada...) a pensar na forma como irão comemorar mais um 24 de Junho, um dos dias mais importantes na Suécia, e que é sinónimo do midsommar (tradução, meio do verão). O midsommar é o dia mais longo do ano, o solstício de verão e, na Suécia, é uma das festas mais representativas, sendo celebrada no campo com bailes, muita cerveja, arenque crú e snaps, num regresso dos suecos às suas origens do campo e da terra. O midsommar é uma festa com a mesma importância que o Natal, e os suecos preparam-na com muito afinco, sendo a altura ideal para juntar amigos e familiares pela noite dentro. Ou antes, pelo dia dentro, já que nesse dia quase que não há noite, visto o sol teima em não se ausentar.

sexta-feira, junho 02, 2006

E agora ... algo completamente diferente (II)


Uma imagem de marca? O poder de transformar um problema numa oportunidade? Ou os Bush no seu melhor?

terça-feira, maio 30, 2006

Svenska Herrlandslaget till VM i Tyskland 2006


Em vésperas de mais um Mundial de Futebol, enquanto os nossos "tugas" (ainda se chamam assim!!!) carregam, ou antes, derretem, as baterias debaixo do sol alentejano (ainda apanham uma constipação quando chegarem às temperaturas da Europa Central), a selecção sueca, a "landslag" de que junto foto, anda a preparar-se numa ilha situada no Báltico que se chama Gotland (é a Madeira cá da zona com a vantagem de não ter Jardim, ver info. em http://www.gotland.info/eng/), com temperaturas a rondar os 10 graus. Mais moderadamente do que em Portugal, os suecos lá andam com muita calma a prepararem-se para a sua décima primeira participação num Mundial, cujos melhores resultados foram um 2 lugar em 1958, em que perderam com o Brasil de Pelé e Garrincha, e dois terceiros lugares, o de 1950 e de 1994, este último jogado nos EUA. Essa selecção do Brasil de 1958 ficou para a história por ter sido, se não me engano, a primeira a ganhar a copa e por nela ter surgido um rapaz de 17 anos que iria revolucionar o futebol, Pelé, negro, numa altura que ainda se questionava no Brasil se os jogadores negros deveriam jogar ou não. No entanto, para os suecos, o jogador que mais impressionou pela sua técnica e simplicidade foi Garrincha, que, ao que parece, não somente encantou os adeptos suecos com as suas fintas marotas advindas da perna esquerda ser mais curta, mas, e também, as adeptas suecas. Ficou para a história o facto de Garrincha ter gostado e abusado de 3 coisas na sua curta passagem por este mundo, e não necessariamente por esta ordem: jogar futebol, beber e mulheres. Pois, na Suécia, Garrincha deixou mais do que fintas, deixou, também, um filho, resultado das aventuras na terra do sol da meia noite. Recentemente, foi mostrado na televisão sueca um documentário sobre este filho misterioso de Garrincha e, a genética tem destas coisas, a parecença com o mago das fintas é assustadora, tornando-o mesmo num "famoso" quando visita a terra do Pai, tanto é o mimetismo.
Esta "landslag" sueca tem 2 jogadores a reter; Zlatan Ibrahimovic (que joga na Juventus) e Henrik Larsson (do Barcelona), sendo ambos filhos de emigrantes que se radicaram no Sul da Suécia. Ibrahimovic foi criado num "ghetto" de Malmö, de Pai Bósnio e Mãe Croata, e Larsson cujo Pai é oriundo de Cabo-Verde e Mãe sueca, nasceu em Helsingborg (para onde irá jogar, depois do Mundial). Ambos são o colorido e a creatividade numa selecção "segura e previsível" (à imagem da sociedade sueca), e representam bem o papel de principais actores de uma sociedade cada vez mais multicultural como a sueca, cerca de 20% da população sueca não tem antecedentes suecos, e orgulho de milhares de jovens, suecos e não "suecos", pelo exemplo que transmitem. Só por isso, vale a pena seguir a "landslag". Heja Sverige e boa sorte para a Selecção de todos nós; a Selecção Nacional.

Yuri da Ucrânia dinamarquês em Águeda...


As crianças de algumas escolas do 1º CEB de Águeda foram "arregimentadas" para integrarem claques de apoio organizadas às equipas que disputaram jogos do Campeonato Europeu de Sub21 em Futebol no Municipal de Águeda. Na bancada superior norte era visível uma faixa que dizia "A Escola da Mourisca apoia a Dinamarca". E aqui começa o problema. O Yuri (nome fictício) ucraniano de gema, está com os pais em Portugal e frequenta a escola do 1º CEB de Mourisca do Vouga a quem "coube" a tarefa de apoiar a selecção dinamarquesa. O infeliz do Yuri que pensou que por algum tempo iria gritar bem alto o nome do país onde nasceu - a Ucrânia - em conjunto com a sua turma teve de incitar os dinamarqueses. Não sabemos se fingia que gritava ou se gritava baixinho... Concerteza que não foi tarefa fácil para Yuri nos seus 8/9 anos de idade viver estes conflitos de identidade provocados por outros. Esta história não é estória. Aconteceu ontem, com um Yuri qualquer que com uma camisola da claque das escolas que apoiaram a Dinamarca, no final do jogo levantava bem alto uma bandeira com as cores da Ucrânia seu país natal...