quarta-feira, abril 26, 2006

Interlúdio...

Um interlúdio no meu retiro mais ou menos "espiritual"...

"Modernizar a economia para fazer face à competição global através de um investimento forte na educação superior, formação e inovação, e continuando a dar prioridade ao desenvolvimento de ciência e tecnologia...".

Isto é o que reza (traduzido do inglês) um relatório da OECD sobre o estado do nosso País (disponível em www.oecd.org).

Agora, um possível título de uma próxima edição de um qualquer tablóide...

"As Universidades portuguesas não têm dinheiro para pagar salários, quanto mais almoços dos júris de mestrado e doutoramento!"

Será a força dos jacintos da Pateira?

quinta-feira, abril 20, 2006

Pateira de Fermentelos - a força dos jacintos


Uma imagem que sintetiza o poder da praga dos jacintos.

Registos - novos links

O Bloguejudeu passou a ser estar ligado a dois novos blogs, por iniciativa dos seus autores:

http://estadosgerais.blogspot.com/

http://cogir.blogspot.com/

"o Blogue Judeu http://bloguejudeu.blogspot.com/passou a estar linkado pelo http://cogir.blogspot.com/é uma atenção mais que merecida"

" o Blogue Judeu http://bloguejudeu.blogspot.com/passou a estar linkado pelo http://estadosgerais.blogspot.com/é uma atenção mais que merecida"

Gratos pela deferência destes dois bloggers "cagaréus"...

sexta-feira, abril 14, 2006

Um país de berardos...

"O acervo do empresário madeirense segue a evolução artística do século XX e passa pela pintura, a escultura e a fotografia. A nível internacional destacam-se obras de nomes como Marcel Duchamp, com três peças, Salvador Dali («White Aphrodisiac Telephne», de 1936, e «Cycle Systématique de Conférences Surrealiste (le Ying et le Yang)», de1935-36), Pablo Picasso está representado com «Femme dans un Fauteuil», do seu período surrealista, e «Tête de Femme» já considerado cubismo.

Da colecção fazem também parte dois títulos de Joan Miró, um de 1925 e outro de 1927. Outros artistas importantes deste espólio são Donald Judd, Yves Klein, Roy Lichtenstein, Henri Michaux, ou conceptualista Bruce Nauman, que aparece com dois quadros. Mas há muito mais. António Palolo (nove peças), Aleksandr Rodchenko, Hiroshi Sugimoto, Antoni Tàpies, Jean-Michel Basquiat, ou Andy Warhol (com 26 peças individuais). Donaldson, Dubuffet, Favre, Barrias, Beuys e Peter Blake são outras referências, bem como Deschamps, Hockney ou Gerhard Richter. A jóia da coroa é «Composition with Yellow, Black, Blue and Grey» de Piet Mondrian.

A representação portuguesa ascende a mais de 200 obras, sendo Fernando Lemos o artista nacional mais representado, com 116 peças. «Composition», datado de 1948, é o único quadro de Maria Helena Vieira da Silva na Colecção. Já Paula Rego está representada com «The Bam», «Three Blind Mice», e uma terceira obra sem título. Helena Almeida aparece com oito trabalhos. Nadir Afonso, René Bertholo, Julião Sarmento, Cruzeiro Seixas, Pedro Cabrita Reis, Amadeu de Souza Cardoso, José de Guimarães, Lourdes Castro, Júlio Pomar e Mário Cesariny são mais alguns dos portugueses em destaque no acervo. Mas há ainda obras de Rui Chafes, Daniel Blaufuks, Joana Vasconcelos, Jorge Molder, ou Leonel Moura."
(Expresso on-line 13 Abril)
Finalmente! O país suspirava com a decisão. Em qualquer canto e esquina se ouvia, "Já decidiram?", "Sempre fica cá?", "Chegaram a acordo?", "Fica no CCB ou na Fundação Dionísio Pinheiro?". A bolsa manteve-se com forte instabilidade negocial, devido à incerteza da decisão sobre a colecção Berardo em Portugal. A inflacção (principalmente ao nível dos produtos de primeira necessidade) apresentou níveis de variabilidade nunca vistos desde a entrada no Euro, levando até à intervenção do BCE. A negociação colectiva de contratos de trabalho, influenciando directamente a vida de milhões de portugueses, esteve bloqueada por via da indecisão Berardo-Estado. Os milhares de pensionistas respiraram de alívio, porque com a decisão tomada de instalação da colecção Berardo no CCB a expensas totais do orçamento de estado, fica garantida a sustentabilidade do regime de segurança social. Os próprios funcionários públicos manifestam o seu contentamento pelo desenlace da situação, geradora de estabilidade ao nível da Caixa Geral de Aposentações. O Serviço de Fronteiras saltou de espanto, pois logo que se confirmou a decisão, irromperam espanhóis, franceses (e alguns ucranianos que aproveitaram a confusão gerada) pelas nossas fronteiras num imenso frenesim, que apenas se justificava pelo desejo de ver onde ficaria a colecção Berardo.
A história triste repete-se. O Estado (todos nós) pagamos principescamente aquilo que privados tomaram a decisão de fazer. O Estado (todos nós) vamos contribuir para a valorização financeira objectiva de uma colecção privada. O Estado (todos nós) desbaratamos um espaço cultural de excelência (CCB) hipotecando a sua programação a uma única colecção.
É óbvio que as finanças públicas, o famoso "deficit", o orçamento de estado, o equilíbrio financeiro e todas as "tretas" com que nos bombardeiam diariamente, em nada serão afectadas pela decisão do Estado de ajudar à valorização da colecção Berardo. Nada disso. As grandes linhas de orientação estavam já traçadas: aumento dos impostos, aumento das taxas moderadoras, benefícios fiscais nas OPAS, despedimento camuflado de 75000 funcionários públicos, investimento no imprescindível TGV, construção do aeroporto da OTA, etc. Até porque se corria o risco da dita, se instalar na China, na Índia ou até no Nepal países que até ao último segundo disputaram a sua instalação.
O país é dos "chico-espertos" que quando não querem fazer fundações ... afundam o Estado (todos nós).
Vivam os berardos deste país...

segunda-feira, abril 10, 2006

Aviserne i helgen (jornais no fim de semana)

Lendo os jornais suecos de fim de semana.
Domingo, 2 graus positivos, primeiros sinais da Primavera.
Jogging matinal pelo bosque com o Báltico gelado como companheiro, ainda com resíduos bem evidentes deste largo inverno do meu descontentamento que não nos larga, correndo ao encontro do sol ao som do magnífico Morrissey em "Ringleader of the Tormentors", tentando evitar a neve, sempre a maldita neve, volto a casa a tempo de ver o rapaz da entrega dos jornais. São 8 da manhã e o "Svenska Dagbladet", conservador/liberal, e o "Dagens Nyheter", social-democrata, estão no cacifo do meu apartamento. Da sua leitura, dois assuntos chamam-me a atencão:
1. Que o desemprego irá ser a principal questão das próximas eleicões legislativas, no próximo Outono. Ao contrário do que muito boa gente pensa em Portugal, a Suécia, o tal país perfeito no nosso imaginário meriodinal, tal como a Finlândia e os restantes países nórdicos, também tem problemas, e graves. E em vésperas de eleicões os principais partidos políticos esgrimam estatísticas sobre o desemprego, esse flangelo do capitalismo pós-moderno e da globalizacão. Para o governo, representado pela coligacão do partido social-democrata e dos verdes, que deixaria os "socialistas" portugueses envergonhados, já que são realmente sociais democratas "avant la lettre", afirmam que o desemprego encontra-se nos 5,6%, ou seja, cerca de 250 mil pessoas. Esta é a estatística oficial do INE sueco, o SCB. No campo oposto, os "Moderaterna" (os Moderados, de centro direita, o PSD sueco) afirmam que o desemprego encontra-se nos 17%, cerca de 990 mil pessoas... Confusos. Aqui, contam-se, como se as pessoas fossem números, todas as pessoas que não tenham uma ocupacão ou que não estudam. Como podem observar, não é somente em Portugal que as esttísticas não batem certo. Mais grave ainda; o desemprego entre os "grupos étnicos", continua a ser o dobro do da populacão sueca, sinal evidente do insucesso da política social deste governo social democrata. Uma nota, nos últimos 70 anos, os sociais-democratas estiveram no poder 65 anos... uma verdadeira oligarquia encontra-se instalada na política sueca. E quais seres perfeitos, estes sociais-democratas suecos também pecam e até são corruptos, exemplos; a presidente da juventude social democrata vai a tribunal por ter insultado e agredido em estado de avancada embriaguez (outra particularidade nórdica) um porteiro de uma discoteca de Estocolmo. Para adocicar a situacão, o porteiro é de ascendência palestiniana, e nos dias de hoje, politicamente incorrecto tal procedimento, o que está a ser explorado pela imprensa. Outros casos vêm minando semanalmente (não nos encontramos muito longe das manchetes de "O Independente" do período cavaquista) o moral das hostes governativas, deixando-as à beira de um ataque de nervos. E as eleicões são no Outono.
2- "Väl mött i portvinsland" (encontro agradável na terra do vinho do Porto), é o título do artigo do "Dagens Nyheter" que se debruca pelo maravilhoso "Dourodalen", descrevendo uma magnífica viagem Douro acima até à Quinta da Pacheca, da família Serpa Pimentel. Escolho esta noticía, porque são poucas as vezes, para não dizer quase nunca, que surgem noticías sobre o nosso País, e o vinho, senhores, é o vinho do Porto, alvo de adoracão pelos suecos (existindo mesmo clubes desse néctar mais adaptado a estes climas frios que ao nosso). Devido aos meus afazeres profissionais, venho assistido com agrado nos últimos anos ao interesse sueco pela oferta vitivínicola nacional, felizmente com resultados positivos na nossa quota de mercado, especialmente dos vinhos do Ribatejo e do Alentejo. Dois exemplos: o vinho "Periquita" da J. Maria da Fonseca (dos dinâmicos irmãos Franco de Azeitão) são, na Suécia, uma verdadeira e instituicão e orgulho para todos nós (creio mesmo que, na mente sueca, o nome ultrapassa a proveniência. Enfim, o que interessa é que se venda, e bem ), sendo líderes de mercado no seu segmento. O outro exemplo a realcar é o de João Portugal Ramos, esse fantástico enólogo que tem contribuido para a modernizacão dos vinhos alentejanos, considerado uma "star" pela crítica especializada (bem o comprovei na última grande prova dos nossos vinhos decorrida aqui em Estocolmo, em Fevereiro), para não falar dos seus vinhos, alvo de reconhecimento de um consumidor exigente e conhecedor. Outros produtores nacionais com vinhos de grande qualidade estão em vias de se estabelecer neste mercado que devido às suas particularidades, monopólio estatal (não vos dizia que esta social democracia é mais do que socialista...), não é fácil conquistar. Ao menos isso, que o vinho nos traga a felicidade e esperanca nestes tempos conturbados. Skål.

segunda-feira, abril 03, 2006

Lixo escondido...


Num local perdido num trilho entre pinhais a caminho da Veiga, vários pontos de descarga de lixo poluem a paisagem e dão um péssimo ar do civismo dominante. A imagem que aqui se mostra, tem o seu quê de inédito. Alguém tratou de retirar o cobre respectivo e lançar no pinhal a borracha e plástico sobrante. Acontece que esta quantidade não é pequena... Triste país este...

sábado, abril 01, 2006

Carta Educativa - Águeda à espera

A Carta Educativa de Águeda (CEA) devia estar disponível desde 2003. Mas, não existe, tal como em muitos concelhos. Parece que o sujeito responsável pela sua elaboração, fugiu para parte incerta. Num momento de justificada racionalidade de investimento público (?!) toda a sistematização de informação passível de fundamentar as decisões, torna-se imprescindível. A CEA deve traduzir não só a realidade da população discente no nosso concelho, como o tipo, as funções e utilizações dos recursos materiais disponíveis. Se esta "radiografia" da realidade escolar é fundamental: quantos alunos no 12º ano, quantas crianças em idade de frequentar o pré-escolar, quantas escolas do 1º CEB, que instalações possuem, etc, outras ainda mais interessantes se colocam. Como está a evoluir a demografia escolar? Em que freguesias as escolas têm diminuído a sua frequência? Como se pode prever a evolução do nº de alunos daqui a 10 anos? Uma CEA tem de ser um documento de suporte a decisões estruturadas na racionalidade e na abordagem caso a caso dos problemas. Não podemos perder tempo com "lutas paroquiais" entre escolas. Fazer a CEA não é fechar escolas, tal como racionalizar o funcionamento das escolas não passa por construir "escolas-armazém". Se a Educação/formação é ou deve ser uma aposta estratégica local e nacional tem de começar na base. Na qualidade do que cada criança vive numa fase crucial do seu desenvolvimento. Em nome de um qualquer desiderato neo-liberal dominante, as escolas não podem deixar de ser "casas com alma". As escolas antes de serem números, são espaços de formação e inter-acção entre pessoas.