quarta-feira, junho 28, 2006

terça-feira, junho 27, 2006

Em trânsito...

Finalmente “assentei”… depois de nos últimos dois meses ter transformado a minha casa numa espécie de “transfer centre” de um qualquer aeroporto servindo de ligação entre Bilbao e Bruxelas, Bruxelas e Londres, Londres e Cardiff, Cardiff e Bilbao, etc.. Nas várias vezes que estive em trânsito no sofá da minha sala, fui pondo em dia a literatura jornalística. O Expresso dava conta de um colega universitário, “que dá aulas nos quatro cantos do mundo a pessoas que pagam os cursos a peso de ouro” (sic), a defender que em Portugal se devia pagar um valor muito mais alto pelas propinas: “Se não pagam nada, não exigem nada. Ora eu gosto muito de alunos que exigem. Aumenta a qualidade”. Sim senhor… a solução é então transformar os estudantes universitários em clientes e a Universidade numa organização de prestação de serviços que deverá assegurar a sua qualidade para não correr o risco de receber uma carta da DECO. É por estas e por outras que se escrevem livros com títulos como “A Universidade em Ruínas”, “A MacDonaldização da Universidade”, etc., curiosamente (ou não) escritos em geral por autores americanos.
Na semana seguinte a saga sobre o ensino superior continuou. O mesmo semanário citava o vice-presidente da União Europeia: “O que é preciso é pôr mais ênfase na excelência”. Excelência de quê? Do conhecimento científico produzido e disseminado ou da produtividade económica da investigação? David Harvey, um americano, conta uma história: “[…] when my own department was rumoured to be ‘in trouble’ with the dean […] we prepared voluminous documentation to prove how [academically] excellent we were. The dean said that he had never questioned our excellence but was interested in only one thing, and it was ‘colored green’. We were not, apparently, earning enough of it to justify our existence”.
Uns dias mais tarde, li a crónica do colega Edmundo Fonseca publicado no Litoral Centro e intitulada “Os fariseus da educação”. Gostei. Principalmente depois de ler que o Aníbal anda a apelar para que deixem trabalhar a Maria de Lurdes, apelo que não deixa de encerrar um paradoxo, uma vez que a Maria tende a trabalhar sozinha sem dar “cavaco” a ninguém.
Já depois de ter “assentado”, num dos curtos intervalos televisivos que medeiam a intensa cobertura do Mundial e de eventos relacionados tão interessantes como a blusa creme às bolinhas que a mulher do Beckham comprou em Baden-Baden, vi o nosso premier entusiasmado com o novo serviço dos CTT, o correio digital. O entusiasmo justificava-se, uma vez que, segundo o Zé, estratos sociais que nunca antes tinham entrado nas TICs tinham agora uma oportunidade flagrante para o fazer. Debilitado pela estóica vitória sobre a Holanda, até eu fiquei entusiasmado. Pena foi que logo a seguir à notícia do correio digital dos CTT, a menina da TV (deliciada, diga-se) deu conta de que em três freguesias do concelho de Nelas o correio (normal) é distribuído por apenas um carteiro, que, no seu motociclo, faz nada mais nada menos do que 120 km por dia (!) para cumprir a sua tarefa.
Será que é este cantinho à beira-mar plantado que está em trânsito e que se perdeu num qualquer labirinto do “transfer centre”?

sábado, junho 24, 2006

1º Ciclo Ensino Básico - Que rede escolar?


Movimento de Viseu entrega petição no Parlamento contra encerramento de 215 escolas 23.06.2006 - 17h55 Lusa

Um movimento de Viseu entregou esta tarde ao gabinete do presidente da Assembleia da República uma petição com mais de sete mil assinaturas contra o "encerramento cego" de 215 escolas do 1º ciclo do Ensino Básico de aldeias daquele distrito.
João Cordeiro, porta-voz do Movimento em Defesa das Nossas Escolas – que reúne professores e encarregados de educação -, explicou que a petição pretende levar o caso a ser discutido no Parlamento, para que o “Governo volte atrás na decisão de encerrar tão cegamente um número tão elevado de escolas".As assinaturas foram recolhidas sobretudo nas aldeias afectadas que, sublinhou João Cordeiro, "sentem a escola como o último serviço público que ainda têm".O movimento considera que a medida vai prejudicar os alunos do 1º ciclo de Cinfães, Sernancelhe, Moimenta da Beira e até do concelho de Viseu, que, afirma, serão deslocados para escolas com piores condições do que as que actualmente frequentam. Sobretudo no Norte de Viseu, o movimento afirma que o encerramento obrigará os alunos a grandes deslocações, como em Cinfães, onde, afirmam, o tempo de viagem ultrapassará os 45 minutos máximos previstos na carta educativa, nomeadamente durante o Inverno quando houver neve.
No todo nacional assistimos a uma desenfreada política de encerramento de escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico. Todos sabemos que Portugal tem uma rede de escolas do 1º CEB caracterizada pela sua dispersão geográfica e territorial. Sabemos também que somos o país da Europa com o maior número de escolas com menos de 10 alunos. O número de alunos que frequentam as escolas do 1º CEB, tem vindo a diminuir. São dados indesmentíveis. Mas, como habitualmente em Portugal, não podemos/devemos passar do 8 para o 80. Citemos um exemplo próximo de nós. Anadia, prepara-se para encerras as suas escolas do 1º CEB e em alternativa criar de raíz 3 Centros Educativos. Desde logo a designação espanholada de centro educativo, é uma ideia que nos repugna, face ao desuso da designação escola. As escolas com 1, 2, 3, 4, 5, 6 ...alunos são apresentadas como maus exemplos de qualidade educativa. Pelo que recorrendo aos motivos opostos as escolas com 300, 400, 500 alunos não podem ser o modelo a seguir. Falamos de escolas e não de "armazéns de crianças". De crianças até aos 10 anos que carecem de construir os seus espaços de afectos, de pertença e identidade. As escolas têm de ser casas com alma, onde cada um se identifique. Falamos de crianças que têm de levar da escola, referências positivas de socialização que as possam enriquecer. Cada um de nós recorda a sua escola, os seus espaços, o significado de cada canto, de cada árvore. As crianças não sendo "só" números, exigem que a qualidade educativa se acentue a partir das referências positivas que a escola do 1º CEB lhe pode proporcionar. As escolas não podem ser "centros educativos". As escolas não podem ser "amontoados de actividades". As escolas não podem ser "armazéns de crianças". Acima de tudo, a qualidade educativa exige que sejamos capazes de estruturar escolas onde a socialização, a aprendizagem de novas competências, o desenvolvimento global de cada criança faça crescer o país. Em nome da racionalidade económica não vale tudo. Há que encontrar equilíbrios e a justa medida. Neste momento o país em relação às escolas do 1º CEB, parece possuído pela paranóia do fechar, fechar, fechar.......sem pensar. Que distâncias diárias têm que percorrer as crianças? Que organização das rotinas diárias das crianças estamos a promover? Que afastamento diário das famílias estamos a fomentar? Que efeitos estamos a provocar na "litorialização" do país? Que
O país que ainda até há pouco tempo clamava por uma universidade em cada concelho, tem de encontrar o equilíbrio na definição da rede escolar no seu ensino obrigatório.
Não podemos passar do 8 para o 80 como se o assunto fossem batatas...

sexta-feira, junho 23, 2006

Estocolmo, meia-noite e meia. O dia do Midssomar



Midsommar.
Já mencionei a importância do midsommar, de 23 a 24 de Junho, no imaginário sueco, tão importante como o Natal.
Se nós temos o São João com as suas sardinhas e alho-porro, os suecos tem o midssommar, a festa do solstício, marcando o início do curto verão que de forma intensa se vive neste país do norte da Europa.
O Natal é a festa do inverno, do recolhimento, da escuridão dos dias com 3 horas de luminosidade, da neve e das baixas temperaturas, enquanto que o "midsommar" é o oposto, já que é a festa da luz, da alegria, da luz que teima em se manter no horizonte, dos excessos provocados pelo alcóol, da exuberância de quem vive metade do ano debaixo de condições climatéricas advessas. Como é da praxe, o consumo de bebidas alcoólicas aumenta consideravelmente, assim como o consumo de "sill" (arenque crú), "potatis" (batata nova), jordgubbar (morangos. Já o grande Ingmar Bergman se referia aos ditos, em 1957, com "Morangos Selvagens", em sueco "Smultronställe"), "fill" (uma espécie de natas) e "nubbe" (um tipo de snaps). A Suécia a partir do "midsommar" começa a laborar a meio-gás, já que é o período em que as pessoas começam as suas férias de Verão (no sul da Europa o mês das férias é, por norma, o mês de Agosto), voltando à "normalidade" (dos negócios, da bolsa, das escolas, etc) no início de Agosto. A vidas nas cidades, no caso da capital, Estocolmo, torna-se mais agradável, com menos trânsito, os parques vazios, menos stress na rua e com hordas disciplinadas de turistas. Muitos alemães, escandinávos, russos, italianos, alguns espanhóis e, em menor número, portugueses, tem a oportunidade de visitar os vários museus que tem à disposição, a maior parte gratuitos.
Neste último dia "normal", antes da grande partida, uma notícia captou-me a atenção nos media suecos (para além do inevitável mundial de futebol em vésperas de um Suécia-Alemanha), e que fazem pensar sobre este país de cariz "social-democrata", ultimamente alvo de interesse por parte da intilegentia portuguesa. Refiro-me, concretamente, à pequena notícia (já vão perceber porquê) sobre a venda por parte da SAAB (que não fabrica somente carros, estes já pertencem à GM norte-americana) ao Paquistão de sistemas de defesa/radar electrónicos aéreos do tipo Erieye (da sueca Ericsson Microwave Systems, do grupo Ericsson), montados em aviões SAAB 2000. Trata-se de uma encomenda de 8,3 biliões de coroas suecas, cerca de 810 milhões de Euros, e vem juntar-se a uma anterior encomenda por parte da força aérea sul-africana do jacto interceptor "Grippen". É assim, que este povo amante da floresta, dos lagos, da natureza, "neutral" até à ponta dos cabelos (os noruegueses que o digam, quando a Suécia deixou a Wermacht nazi atravessar a Suécia para atacar a Noruega), dos carros amigos do ambiente (os biopower da Saab), e da segurança (a Volvo), da IKEA e do design democrático, da ajuda aos países do terceiro-mundo (são, por exemplo, os maiores contribuintes de ajuda humanitária a Moçambique), da defesa do meio-ambiente, são, ao mesmo tempo, o nono maior exportador mundial de armamento, com importância idêntica em termos de exportção a tipo de produtos que nós associamos à Suécia, como os automóveis e o mobiliário. As contradições suecas não me deixam de surpreender. Daí, penso eu, o pouco realce dado à noticía, já que armamento não rima com Suécia. Estou-me a esquecer de um dos "pais" deste tipo de indústria, Alfred Nobel, do famoso prémio Nobel, era sueco e não foi ele o inventor da dinamite. Enfim.
A encomenda do Paquistão trouxe aos suecos uma amarga recordação de perto de trinta anos, o perfume agri-doce de um escândalo perconizado pelo primeiro-ministro de então, Olof Palme, que os suecos ainda hoje tem dificuldade em perceber, tal a importância que o mito Palme ainda tem na vida pública sueca (essencialmente nas hostes do partido do governo, o partido social-democrata). Palme, na altura no apogeu da sua carreira política, a cara dos países não alinhados (a tal neutralidade sueca) conseguiu vender, qual feirante, sistemas de mísseis sofisticadíssimos Carl-Gustaf, da Saab Bofors Dynamics, tanto ao Paquistão como à Índia, que, por essa altura, encontravam-se em guerra. Na altura falou-se em "luvas" e outras histórias pouco dignificantes para um povo que se acha acima desse tipo de situações, tendo mesmo manchado a parte final do mandato de Olof Palme, assassinado em 1986, numa rua central de Estocolmo (umas das teorias sobre o assassinato de Palme passa pelos mísseis vendidos durante o conflito indo-paquistanês).
Bem, chega de armamento, que hoje, dia de Midssomar, a Suécia vai precisar mais da deusa Fortuna do que qualquer tipo de armamento para levar de vencida a selecção alemã. Mas, como a bola é redonda, nunca se sabe, talvez no meio da "landslag" sueca exista algum Nobel pronto a dinamitar a defesa alemã. E que algum do dinamite chegue para nós, que bem necessitamos para o embate de Domingo com os holandeses amargos.

segunda-feira, junho 19, 2006

8º Portugal de Lés a Lés -

A caravana motococlística do 8º Portugal de Lés a Lés que percorre o país de Barcelos a Quarteira, passou em Águeda na sexta-feira dia 16. Foi bonito, motas vistosas, motards devidamente equipados, conduzindo elevadas potências com civismo. Mas em Águeda a caravana de motards ficou baralhada. Para espanto de quase todos os motards, o seu "road book" assinalava a passagem pelo centro da cidade, por uma rua de sentido proibido... Assim era ver os motards parados a estudar a situação, pensando se haveria engano ou não. Após passagem obrigatória por uma rua peonizada e de sentido proibido, nova passagem por uma zona peonizada e vedada a qualquer tipo de trânsito motorizado. Com tanta rua, com tanto sítio interessante para dar a conhecer a cidade, era necessário fazer isto? Sem comentários...

domingo, junho 18, 2006

quarta-feira, junho 14, 2006

Musical Infantil "Zé das Notas"


Na última 6ª feira 9 de Junho, no Cine-Teatro S.Pedro o Grupo Coral Infantil do Conservatório de Música de Águeda, apresentou e deliciou os presentes com um musical infantil "Zé das Notas" carregado de ideias e valores sobre a família, a infância, a escola, o ambiente e a vida. Com autoria (músicas e letras) do Profº Paulo José Neto, teve também encenação do Profº José Geraldo e cenários e adereços de Maria Mónica. Um trio que a partir dos talentos de 35 crianças, realizaram um excelente trabalho de música, alegria, luz e cor. Um bom exemplo de que com trabalho e dedicação as "coisas acontecem" com qualidade em Águeda. Parabéns ao Profª Paulo Neto grande artíficie deste espectáculo, que terá próximas apresentações fora de portas.

quinta-feira, junho 08, 2006

Canhões da Alta Vila mobilizados para Timor...será!!!???


O Parque da Alta Vila junto à entrada do lado esquerdo, apresenta um conjunto de peças de artilharia ligeira (peço desculpa pela minha ignorância em logística militar. Vou ligar já ao Nuno Rogeiro!!!) que o extinto Instituto Superior Militar de Águeda, ex-Escola Central de Sargentos de Águeda legou à cidade. Sabemos do significado histórico-social destas instituições na vida da nossa "bila" ao longo dos tempos, mas sempre nos poderiam ter deixado outros legados... Desde sempre nos surpreendemos com o facto de peças de guerra, que evocam agressões, ferimentos, mortes não encontraram em Águeda melhor espaço que a paz, beleza e pura natureza do Parque da Alta Vila. O Parque da Alta Vila e toda a paz que transpiram não mereciam tal desdita. A bem da valorização do espaço público da Alta Vila seria boa ideia estas peças (independentemente do seu valor histórico-militar) encontrarem outro espaço de exposição pública. Mas, acontece que estão neste preciso momento a ser pintados de "verde militar", adquirindo um brilho que faz pensar que ainda poderão disparar a qualquer momento. Assim, é de supor que sejam estas peças de artilharia que estão em falta em Timor e impedindo o trabalho da GNR para lá enviada...

domingo, junho 04, 2006

Djurgården, Stockholm. 4 de Junho de 2006



Estocolmo. Pessoas a caminho da ilha Djurgården (uma das ilhas de Estocolmo e que também é equipa de futebol. http://www.dif.se/index.asp). Agora que o sol até vai aparecendo, os suecos começam (gente muito organizada...) a pensar na forma como irão comemorar mais um 24 de Junho, um dos dias mais importantes na Suécia, e que é sinónimo do midsommar (tradução, meio do verão). O midsommar é o dia mais longo do ano, o solstício de verão e, na Suécia, é uma das festas mais representativas, sendo celebrada no campo com bailes, muita cerveja, arenque crú e snaps, num regresso dos suecos às suas origens do campo e da terra. O midsommar é uma festa com a mesma importância que o Natal, e os suecos preparam-na com muito afinco, sendo a altura ideal para juntar amigos e familiares pela noite dentro. Ou antes, pelo dia dentro, já que nesse dia quase que não há noite, visto o sol teima em não se ausentar.

sexta-feira, junho 02, 2006

E agora ... algo completamente diferente (II)


Uma imagem de marca? O poder de transformar um problema numa oportunidade? Ou os Bush no seu melhor?