sábado, novembro 25, 2006

Pensar Águeda a partir do Ribatejo



No dia de ontem, com a chuva e temporal constantes, tive o grato prazer de me deslocar em actividade profissional a Vila Nova da Barquinha (http://www.cm-vnbarquinha.pt/index.asp). E durante esse dia na vila ribatejana, pequena mas ordenada, pensei em Águeda. E quando percorri as ruas e espaços públicos da vila, voltei a pensar em Águeda. Mais tarde, quando tive oportunidade de falar com naturais da vila e outros que aí trabalham, voltei a pensar em Águeda. Durante o almoço perdendo o olhar sobre a envolvência do rio Tejo, pensei no nosso Águeda. Apesar da chuva, das informações sobre caudais de barragens, estradas cortadas, barragens espanholas e portuguesas, pensei na força do nosso rio Águeda a rasgar os campos e as ruas da nossa baixa. Ao procurar captar a beleza da paisagem à volta da pujança do Tejo, pensei na imprescindibilidade das urbes ribeirinhas saberem "namorar" com os seus rios. Serem tolerantes com os seus desmandos, mas também saberem fruir as suas qualidades. Ao observar com atenção tudo o que acompanha o Tejo ao longo da área urbana de Vila Nova da Barquinha, não pude deixar de "sofrer" ao recordar o que em Águeda fizemos ao Águeda.
Tudo isto porque ao longo de sete hectares, repito sete hectares de terreno, a comunidade de Vila Nova da Barquinha, dispõe de toda uma área verde ordenada, qualificada e de enorme capacidade atractiva. São áreas de verde relvado onde a imaginação é o limite. São zonas de descanso, repleta de árvores e arbustos, que se cruzam com zonas pedonais. São vários espaços lúdico-motores devidamente enquadrados no espaço e no estímulo à participação e desenvolvimento das crianças. São vários espaços desportivos formais vedados e enquadrados com o centro náutico de apoio, imaginem a quê?... à canoagem. Ele são vários pórticos de apoio à entrada e saída de emboarcações do rio. Ele é ainda um pequeno ribeiro que através da sua água, dá vida e som ao longo da área verde.
Tudo isto foi o pouco que pudemos observar e reter, porque a área é enorme. Obviamente que de forma muito natural tornou-se num ex-libris de Vila Nova da Barquinha e um pólo de atracção para as comunidades vizinhas. Como é referido no sítio da autarquia "O sucesso do Parque tem merecido também vários destaques na Imprensa Nacional, bem como em publicações especializadas na área da Arquitectura Urbanística. O Barquinha Parque vem referenciado no Manual de Boas Práticas do Congresso Internacional de Parques Urbanos e Metropolitanos, que em Março de 2006, na cidade do Porto, onde se reuniram alguns dos mais reputados especialistas mundiais". Por tudo isto, pensámos em Águeda e não conseguimos esquecer as nossas margens do rio Águeda. Como não se cansava de repetir o falecido Arqº Rocha Carneiro, Águeda tem de fazer as "pazes" com o seu rio e viver com ele e para ele. Como em muitas outras comunidades, Águeda tem de fazer por merecer o rio que tem.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Lê-se e não se acredita (IV)

O Procurador-Geral da República confirmou ter participado numa reunião com membros do Governo que está a provocar polémica. Segundo o semanário Sol, o encontro terá servido para Sócrates pedir a Pinto Monteiro para acelerar a investigação à banca.
O Procurador-Geral da Republica diz em comunicado que a reunião serviu para pedir ao governo um reforço dos meios necessários e indispensáveis para o combate eficaz à criminalidade económica. A nota de Pinto Monteiro não desmente, no entanto, que a conversa tenha passado também pela chamada "Operação Furacão", onde estão a ser investigados vários bancos. A notícia do semanário Sol garante que José Sócrates e os ministros da Justiça e das Finanças pediram a Pinto Monteiro urgência nesta investigação, preocupados com a imagem negativa da banca neste processo.
Sic Online 18.11.06
Ingenuamente imaginávamos a prática da separação de poderes judicial e executivo.
Ingenuamente imaginávamos a igualdade dos cidadãos perante a lei.
Ingenuamente imaginávamos que o grande timoneiro, só pensava no "deficit".
Ingenuamente imaginávamos que o Procurador-Geral da República Portuguesa não recebia "ordens", "instruções" e muito menos quando está a almoçar.
De forma estrondosa este é um final feliz para a rábula montada pelas agências de comunicação, sobre o "ataque à banca" da parte do governo, para desviar atenções e não debater o orçamento de 2007.
Reabertura já do Parque Mayer...

quarta-feira, novembro 15, 2006

Boa medida

Escolas vão contratar docentes directamente
As escolas vão poder contratar professores através de anúncios nos jornais, em situações como a substituição de docentes de baixa ou o desenvolvimento de projectos de combate ao insucesso, segundo um diploma apresentado esta terça-feira aos sindicatos.
De acordo com o documento, os estabelecimentos de ensino podem iniciar, já a partir de Janeiro, processos autónomos de recrutamento de docentes, com quem estabelecem contratos individuais de trabalho, uma medida que, segundo a tutela, visa garantir «uma maior rapidez na substituição temporária de professores e possibilitar a escolha dos candidatos com um perfil mais ajustado às necessidades». Diario Digital 15.11.06
No meio de tantas medidas legislativas o Ministério da Educação (ME) avançou com a decisão de flexibilizar a contratação de professores visando as suas necessidades. Mais do que ninguém são as escolas que sentem as suas necessidades de recursos humanos e suas características. Desde há muito tempo que faz muito pouco sentido, ser afectado a uma escola um professor que desconhece a comunidade, não se identifica com o projecto educativo ou tem dificuldades em integrar a equipa pedagógica da escola. A escola de hoje exige cada vez mais trabalho cooperativo entre profissionais, pelo que a natureza do perfil dos professores assume relevância. Por outro lado salta à evidência a ausência de medidas no "nó górdio" da vida das escolas públicas portugueas. A natureza da sua gestão e administração. Todos aceitamos que a complexidade organizacional da escola de hoje não se compadece com voluntarismos e boas vontades e muito menos com "gestões a prazo". Para alterar verdadeiramente a dinâmica das escolas há que assumir a mudança do modelo de gestão das escolas, que devendo ser da responsabilidade de um profissional de educação, não pode manter a precaridade reinante, nem prescindir daqueles que pela formação especializada e experiência se encontram em melhor posição para tornar mais eficazes as nossas escolas. Esta medida da contratação de docentes pelas escolas, surge com sentido de oportunidade, de forma a normalizar práticas pedagógicas das escolas como as Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC) nas escolas do 1º CEB. Em que as escolas carecem de manter a sua tutela pedagógica sobre as actividades pedagógicas extra-curriculares, integrando-as verdadeiramente no seu projecto educativo. Faz muito pouco sentido que paralelamente com instituições da sociedade civil, co-participam empresas privadas no desenvolvimento destas actividades. Com esta situação instala-se um enorme "valetudismo" em que o interesse dos alunos e a qualidade das AEC está colocada em causa. Como acontece em Águeda em que dezenas de crianças "têm um tempo livre às 9 horas da manhã", exclusivamente pelos interesses de gestão financeira dos recursos humanos das empresas privadas envolvidas. A contratação de docentes pelas escolas, podem ajudar a definir melhor a objectividade pedagógica das actividade e dos projectos, focando no essencial. Que é o facto de todas as AEC se constituírem como actividades sob a total tutela pedagógica dos orgãos pedagógicos das escolas. É nosso entendimento que desta forma poderemos melhorar e afinar a qualidade das práticas pedagógicas das AEC.

terça-feira, novembro 14, 2006

Mínimos...

O nosso premier José anunciou que o Governo vai aumentar o ordenado mínimo nacional (OMN). O primeiro aumento coloca o valor do OMN nos 400 euros (ou seja um acréscimo de cerca de 15 euros). Portugal, apesar do aumento, vai continuar longe dos valores vigentes em TODOS os países membros da UE a 15 que têm inscrito no seu quadro legal um OMN. Alguns exemplos: Bélgica, 1210 €; Grécia, 559.98 €; Espanha, 490.80 €; Holanda, 1264.80 € (já agora, fora dos 15, Eslovénia, 491.45 €!).
Adicionemos agora um outro conjunto de estatísticas: Portugal tem 2 milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza; como a taxa de desemprego anda pelos 7%, há cerca de 700 mil desempregados, ou seja, muitos dos dois milhões de pobres estão a trabalhar, e muitos deles certamente receberão o tal OMN! Será que alguém neste país consegue ter uma vida condigna com 400 euros mensais? E será que isso interessa para alguma coisa?
Para o senhor Van Zeller, o big boss dos patrões portugueses, não deve concerteza interessar! O "Ai Jesus, que vai ser o fim da indústria portuguesa" que o senhor VZ expressou no telejornal bem o demonstra. Segundo ele, o mercado (nota: cruzes canhoto!) "não permite" o aumento do OMN! O "investimento estrangeiro vai-se embora" e "muitas empresas portuguesas vão fechar as portas". Pelos vistos o nosso modelo de desenvolvimento e a nossa competitividade, apesar dos 64% de aumento do orçamento da ciência e dos acordos com o MIT, ainda se baseiam nos salários miseráveis!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Volta Rosa Pires que estás perdoado...

O Prof Rosa Pires está de regresso à discussão do futuro de Águeda. Através de um próximo debate a realizar no dia 10. Relembremos que foi o coordenador do Plano Estratégico de Águeda, tendo na altura sido acusado de colocar todos os cidadãos a falar do seu futuro e a pensar o que desejavam para a sua terra. Foi o culpado de todos os partidos estarem de acordo com o diagnóstico realizado e com os vários cenários de futuros possíveis que se desenharam. Na altura foi com o seu forte contributo que "discutir Águeda" deixou de ser um tabu, escondido pela chicana política dos do costume. Foi-lhe também atribuída a responsabilidade de ter produzido um documento que não falava do hospital novo, nem dos jacintos. Imperdoável. Alguns não compreenderam como foi possível produzir um documento sobre o futuro da terra, sem os alcaides. Por tudo isto, aguardamos com expectativa o regresso, quanto mais não seja para "ressuscitar" um documento que infelizmente não estará tão desactualizado como muitos andam para aí a dizer, o Plano Estratégico de Águeda. Sim, porque de vez em quando importa falar de Águeda para lá do aumento do Tribunal, do Hospital novo, das rotundas, da via rápida para Aveiro. Pelo menos de vez em quando...
Por tudo isto faz sentido dizer volta Rosa Pires que estás perdoado.

quinta-feira, novembro 02, 2006

E a neve caiu em Estocolmo.



Primeiro dia de Novembro, e a neve que cai em Estocolmo, paralisando toda a actividade humana minimamente civilizada (lá se foi a reunião das 2 no "Swedish Trade", nem táxi consigo). Umas horas mais tarde, depois de finalmente conseguir apanhar um táxi, ouço pela rádio do táxi do Ahmed (nome do taxista iraquiano que me transporta que, presumo por causa das bichas monumentais, vai dizendo mal da mãe dele em árabe, depois de dizer que o Cristiano Ronaldo é "mycket bra" e que Portugalla, ou algo parecido, em árabe quer dizer laranja, é sempre a mesma coisa) que o expresso para a "Riksgransen", fronteira da Suécia com a Finlandia, na Lapónia profunda não muito longe do círculo polar, está retido desde ontem no meio de nada, com os passageiros à espera de serem resgatadas pelo exército (dúvido que o exército apareça, já que nos encontramos num país em que a partir das 4 da tarde os militares vão para casa, para as suas "stugas", tal tem sido os cortes. O urso russo já não mete medo). Ao contrário que se possa imaginar, nós meriodinais sempre com a ideia que esta gente do Norte é muito organizada, o caos foi completo, transformando Estocolmo em sócia fria e branca das escuras Calcuta ou Cidade do México. Todos os serviços foram apanhados de surpresa, o que é de espantar acontecer num país que metade do ano é passado debaixo de neve e com temperaturas negativas. As más línguas, ou as boas línguas, quem sabe, dizem que o problema deve-se à crescente privatização dos serviços públicos (tal como aí), neste antigo recanto da social democracia pura. Transportes públicos que nada transportam devido ao acumular de neve. Metro com atrasos. Gelo nas estradas impossibilitando a progressão dos autocarros e carros. E em Portugal é dia de todos os santos. Chego a casa, qual explorador do Ártico rompendo caminho pela neve ainda a tempo de ver o barco das 10 para Tallin passar em frente à pequena praia já despovoada dos patos manhosos que a ocuparam durante o verão, e no zapping já instalado no sofá descobro novamente o meu outro país, maravilhas do canal do governo, do nosso daí, onde anunciam mais uma parceria com mais uma fantástica Uni ianque. Quase a adormecer ouço que o grande FCP ganhou na Alemanha. Já posso dormir descansado. Será que na Alemanha também nevava?