sábado, maio 31, 2008

Empurrão...

"I love football, but...!", mas... concordo em absoluto com os argumentos defendidos pelo RN no seu último post. É simplesmente irritante e arrefece o "I love you". Deixem-me "estender" o ensandecimento (e a irritação) à frenética actividade publicitária que (muito naturalmente, diga-se) se desenvolve em torno do tema selecção. Cerveja, telemóveis, bancos, e por aí adiante... com o mau gosto e até estupidez a reinar. Há, porém, um desses exemplares de publicidade televisiva que merece aqui destaque especial: um autocarro, pintado com as cores da selecção, é empurrado por um conjunto de cidadãos (portugueses, imagino) até Viena (ou seja, até à final do EURO 2008), num esforço "comunitário" cheio de energia social. O que é que o anúncio pretende promover? A imagem da GALP, uma GALP cheia de energia social e ao serviço do país...
No contexto actual, em que os portugueses pagam um litro de gasolina a 300 paus, a GALP mostra na TV aqueles que se vêem à rasca para encher os depósitos dos seus veículos a gastar energia para empurrar um autocarro que transporta apenas dois passageiros... e mais ainda, dois passageiros para quem 1,5 € são uma muito, muito, muito nano-partícula da sua milionária massa salarial mensal. O "BUT!" torna-se cada vez maior!

We love football ... but


O país está a "ensandecer". Mas como ensandecemos ou porque ensandecemos? Ao longo dos últimos dias a catadupa de espaço nobre televisivo ocupado com a nossa participação futebolística no campeonato europeu, tem sido desmesurado. TODOS os canais televisivos, colocam na prioridade das prioridades a selecção de futebol, o scolari, o cristiano ronaldo, o treino de hoje, à frente de tudo e de todos. Cada dia ficamos a saber de que lado da cama dorme cada jogador, como lava os dentes, que automóveis utiliza, como passa os seus tempos livres, eu sei lá. Os notíciários abrem com directos de Viseu sobre o estágio da selecção de futebol. Assiste-se à saída do veículo pesado que transportará até à Suiça, todo o material necessário à participação portuguesa no campeonato europeu de futebol. A seguir fazem uma reportagem sobre o crescimento da relva no estádio suiço, onde jogará a dita selecção. Passa-se de seguida para a entrevista ao emigrante português que trabalha no hotel, onde ficará alojada a dita selecção em terras helvéticas. Depois discute-se o nº de jornalistas estrangeiros em Viseu. Entrevistam-se os portugueses que não tendo mais nada que fazer, foram até Viseu acenar aos craques da bola e pedir autógrados. Quase que podemos dizer que roça o caricato e ridículo a natureza do "jornalismo" com que nos brindam...

Pode um país ficar anestesiado em função da sua louca paixão pelo futebol? Pode um país prescindir de se pensar, para dar prioridade a um jogo? Pode um país em crise e sem perspectivas, centrar as suas atenções e energias num jogo, desligando do resto? Podem as elites políticas desse país, embarcar nesta amnésia colectiva da bandeirinha e do hino - cantado em brasileiro - esquecendo os problemas e o futuro?
Pode um país dar-se a esse luxo?
Como estamos a observar pode. A explicabilidade do desporto pelas vivências emocionais proporcionadas, não devem fundamentar tudo. Um país com graves problemas. Com desemprego crescente. Com dificuldades de enorme coesão social. Com desigualdades sociais gritantes. Com fortes indícios de corrupção e tráfico de influências no tecido político e empresarial. Com uma diminuição do investimento estrangeiro. Com um descrédito social nas instituições da sua justiça. Com grandes problemas nas finanças públicas.
Um país sem norte de desenvolvimento estratégico, apenas refugiando-se nas ilusões do sucesso efémero e circunstancial, pode suportar tais elites políticas, tais problemas e ausência de soluções e conseguir dormir tranquilo.

Todos adoramos o Futebol. Mas há muito mais mundo para lá do Futebol, que é apenas mais um ... jogo. E antes do Futebol tem de existir um país com pessoas que têm direito a ser felizes. Com ou sem futebol.

segunda-feira, maio 26, 2008

Comemorações dos 30 anos...

No último fim de semana, estava eu a corrigir testes quando, confesso que não sei a propósito de quê, me lembrei que no próximo mês de Agosto, passam 30 anos sobre o meu primeiro Inter-Rail, o mítico passe que permitia (ainda permite, se bem que a uma escala reduzida) percorrer uma boa parte da Europa de comboio a preços reduzidos. Para assinalar a efeméride, eis que emerge um blogue das memórias do egrégio 'eu' :
... não querendo o 'egrégio' e o 'eu' significar qualquer auto-fechamento do nóvel blogue. Aceitam-se comentários e histórias relacionadas com viagens e, claro, com o InterRail em particular.

sexta-feira, maio 23, 2008

Escolas, políticas e isolamento



Mães de Vilar de Perdizes contra fecho da escola

Mães consideram que 15 alunos e uma escola com boas condições é suficiente para não fechar.
Em criança, Margarida Carrelo só foi um mês à escola. Abandonou para ir guardar as ovelhas que a mãe comprara. Nesse tempo, " a escola era na parte de cima de uma casa. Na parte de baixo dormiam dois bois". "Cheirava muito mal, mas nem assim Salazar a fechou. E, hoje, com todas as condições, querem-nos a fechar!". Inconformada, ontem, Margarida, de 80 anos, juntou-se a mais de uma dezena de jovens mães que protestam contra o encerramento, no próximo ano lectivo, da escola do primeiro ciclo de Vilar de Perdizes, em Montalegre. "Devia estar aqui o povo em peso", insurgia-se a octogenária que completou a quarta classe já em adulta. O encerramento do estabelecimento foi confirmado há menos de uma semana pelo próprio presidente da Câmara de Montalegre, Fernando Rodrigues, no decorrer de uma reunião com as mães. Dispostas a tudoOs 15 alunos que frequentam a escola terão que ir para Montalegre, onde, no âmbito da reorganização do primeiro ciclo se irá concentrar grande parte dos alunos do concelho. Inconformadas com a decisão, as mães prometem luta. "Estamos dispostas a tudo!", garantem. O autarca diz, no entanto, que é a "qualidade do ensino que está em causa". "Em Montalegre, a escola tem boas salas, aquecimento, cantina, actividades de enriquecimento e um professor por ano, coisa que em Vilar de Perdizes não acontece. O mesmo professor ensina os quatro anos", defende Rodrigues. Os argumentos das mães são de outra ordem. "Vamos ter que os levantar às 6.30 horas. E à noite só chegam às seis. De Inverno, a essa hora é de noite. Ou seja, chegam, comem e vão para a cama. Que tempo passam com a família?", questionava uma mãe professora. "Eles nem em casa comem bem, com uma pessoa a insistir, quanto mais lá!", lamentavam. Mas as "boas" condições da escola também são usadas para defender a sua manutenção. "Quando lá vou, até me apetece ficar. Está um mimo!", explicava a mãe Sameiro. Além de quatro salas, aquecimento central, material informático e recreio coberto. "O presidente diz que lá estão melhor porque cada classe vai ter um professor. Então, se é isso, porque não contratam mais professores?", argumentava outra mulher. in JN 23.5.08



Um caso real. De uma comunidade que se questiona. Que não reclama por reclamar. Apresenta razões e fundamentos. Uma das evidências de como a "cegueira política" alicerçada nas correntes neo-liberais dominantes forçam o destino, o estilo de vida e as relações familiares de um grupo de crianças de uma comunidade. Um caso que prova como a passagem do 8 para o 80 nesta questão nacional da reorganização da rede escolar carece de muita racionalidade e ....sensibilidade. Quantos de nós gostaríamos de fazer levantar os nossos filhos pelas 6.30h da madrugada? Quantos de nós os gostaríamos de voltar a ver pelas 18 horas?
Na pureza das razões subjectivas, estas mães e avós colocam singela, mas objectivamente a falta de visão que leva a escola a contribuir para a litoralização do país e sua desertificação nos pequenos lugares. Se não pode haver uma escola em cada lugar, também não deve existir uma só por concelho!!!

Águeda antiga


A Foto Pop, de Águeda, está a organizar a terceira edição da exposição “Passado da Nossa Terra”. Vai estar patente ao público de 17 a 25 de Maio, no pavilhão do GICA. in SP 8.5.08


Mais uma vez temos a oportunidade de ver e mostrar aos mais novos, imagens antigas de Águeda e das suas gentes. Numa iniciativa particular louvável, é possível reencontrar uma Águeda antiga ao nível da sua força de associações e colectividades (grupos de folclore, clubes desportivos, festas religiosas, etc) como do desenho urbano da cidade e seu património arquitectónico. Apesar da sua desordem temática e cronológica é sempre uma oportunidade de verificar como Águeda-a-Linda foi e de como se transformou. Desde o velhinho Campo de Futebol S. Sebastião recordando tardes de domingo carregadas de gente e glória desportiva, até aos belos espaços do Parque da Alta Vila e da Quinta da Borralha.
Numa terra em que se valoriza muito pouco o passado e num momento em que as novas tecnologias disponibilizam meios mais eficazes e económicos de o fazer, é tempo de pensar uma memória colectiva através da imagem. Tirando partido do esforço individual de cidadãos como António Silva e António Breda que ao longo dos anos e a suas expensas têm feito um trabalho solitário de recolha de imagens de Águeda, fundamentais para fazer memória colectiva. A importância da imagem na nossa memória colectiva, aliada aquilo que são hoje as possibilidades de armazenamento, torna a tarefa de construção de repositório dos diversos passados inquestionável em termos de identidade de Águeda. As instituições existem, também, para ajudar a ver e reflectir sobre o passado. Não há comunidades com futuro que não conheçam o seu passado, o entendam e o transmitam às novas gerações.

quarta-feira, maio 21, 2008

Ciclismo e doping - também tu LA-MSS?


Morte de ciclista da LA-MSS levanta suspeitas (Expresso on-line 20.5.08)


Corredores da LA-MSS suspeitos de doping (Expresso on-line 20.5.08)


PJ investiga conexão entre laboratórios da Galiza e equipa ciclismo LA-MSS
Fonte policial disse à Lusa que é possível que a LA-MSS se tenha abastecido, de forma ilegal, em laboratórios espanhóis da região galega. (Expresso on-line 21.5.08)

http://clix.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/326155

A equipa de ciclismo profissional portuguesa LA-MSS protagonizou um projecto desportivo que com base numa estrutura organizada, alcançou sucesso desportivo. Aqueles que observam o ciclismo, habituaram-se a ver na LA-MSS uma equipa profissional, que seleccionava atletas, que preparava a época desportiva, que se batia pela internacionalização, que buscava as melhores performances ao longo das épocas desportivas. A LA-MSS não era "mais um veículo publicitário de uma qualquer marca em busca de notariedade". Parecia ser essencialmente um verdadeiro projecto desportivo, obviamente dirigido para a alta competição nacional e internacional. Por todas estas razões, estas notícias - se vierem a conduzir aquilo que se teme - deixam-nos tristes e profundamente decepcionados. Não se trata de um qualquer ciclista que individualmente, e fora de controlo pretende dar nas vistas, mas antes uma ideia assumida, uma razão estrutural para o treino desportivo. As características do ciclismo, não justificam tudo. Não pode ser a dureza do esforço nas montanhas ou os ritmos de corrida alucinantes que podem justificar ou branquear processos de preparação e treino que alterem a verdade desportiva e o "fair-play" que todos desejamos. Que se andem menos quilómetros. Que não se trepem tantas montanhas. Que se diminuam os ritmos de corrida. Que se reduzam o número de etapas. Que se introduzem mais dias de descanso. Mas que haja verdade desportiva e que a prática desportiva não seja motivo suficiente para desgraçar a saúde de ciclistas. Jovens e menos jovens. A beleza do ciclismo, não pode ser manchada pela dúvida, pela suspeita constante do doping. Todos os que gostam de ciclismo e das bicicletas em geral, ficam de luto com notícias destas.

Alguém que nos explique

Os tempos são de crise. Mas como quase sempre, a crise é só para alguns. Para outros aquilo que se designa por crise são momentos - demasiado longos - em que as pessoas estão adormecidas e psicologicamente preparadas para o pior. A culpa é do desenvolvimento da China e da India. A culpa é da guerra do Iraque. A culpa é do assalto ao gasoduto na Nigéria. A culpa é da constação de insuficientes reservas norte-americanas do dito petróleo. A culpa é da plataforma ao largo da Noruega que abanou e reduziu o nº de barris extraídos ontem depois da missa. A culpa é do deficit orçamental português que à sombra do preço da gasolina está a facturar ao nível do iva........ Tudo é bom motivo para embalar esta estória mal contada onde os lucros exponenciais das gasolineiras se medem em centenas de milhões de euros.
Em nome do "bom funcionamento do mercado" e da livre iniciativa empresarial, o Estado lava daí as suas mãos e vai pedindo "um estudo à Autoridade da Concorrência", sobre um assunto em que pode haver de tudo menos concorrência económica.
Mas quando é que podemos avançar com a Alta Autoridade para a Evidência Estupidamente Evidente?

domingo, maio 18, 2008

Números...

Enquanto esperava pelo início de uma reunião realizada no Minho, cruzei-me por acaso com um boletim da EURES (um programa da UE que visa a cooperação transfronteiriça) Norte Portugal-Galiza. Na sétima página eram apresentados números relativos à oferta de emprego nas duas regiões para os quatro últimos meses de 2007. Ficam aqui, e apenas para algumas categorias profissionais, os números de Setembro de 2007:

Operarios industriais

Norte: 640
Galiza: 274

Trabalhadores qualificados indústria

Norte: 240
Galiza: 575

Empregados tipo administrativo

Norte: 275
Galiza: 586

Licenciados (Politécnico ou equivalente)

Norte: 81
Galiza: 1878

Licenciados (Universidade)

Norte: 71
Galiza: 1857

Sem comentários...

Sonata No. 8 in C Minor, op. 13

O José e o Manuel fumaram durante um voo "de estado"! Foram apanhados! Quando aterraram nos domínios territoriais do Hugo, um deles, o "premier", que desconhecia a lei (alguém acredita nisto?), sentiu necessidade de vir pedir desculpa aos portugueses (e portuguesas) e anunciar que vai deixar de fumar. Ridículo...
O Jorge, presidente do FC Porto, foi convidado pelos deputados do PS que são adeptos do clube para um jantar. Não tenho nada contra o FC Porto (antes pelo contrário...), mas não posso deixar de considerar tal evento uma bacoquice que não dignifica o nosso já de si pouco dignificado Parlamento.
O nosso ministro das finanças, instado a reduzir os impostos sobre os combustíveis, diz aos portugueses (e portuguesas), que não, que aquilo que os portugueses (e as portuguesas) têm a fazer é começar a arranjar formas alternativas de mobilidade (que não tenham no petróleo e derivados a sua fonte energética). Em abstracto, até concordo. Tendo em conta a qualidade dos transportes ferroviários de passageiros e de mercadorias no nosso País e dos transportes públicos em geral, discordo e acho ridículo!
Três momentos cuja banda sonora só poderia ser a Sonata nº 8 em Dó Menor, Opus 13 do Luis de Beethoven, mais conhecida por "Pathetique"...

sábado, maio 10, 2008

Carta Educativa de Águeda - a fria realidade



Tanto quanto é do domínio público, a Carta Educativa de Águeda ainda anda em bolandas, com comissões da Assembleia Municipal, fugas de informação para os jornais da terra fazerem manchetes, demissões e ameaças de demissões da dita, impasses entre os partidos do centrão e algo mais. O facto é que Águeda é neste momento um dos 11 (sim, onze!!!) municípios -http://www.min-edu.pt/outerFrame.jsp?link=http%3A//www.gepe.min-edu.pt/np4/69.html - que ainda não formalizou uma Carta Educativa como documento estratégico para a definição das suas infra-estruturas educativas e suas implicações. Poderão dizer. Isso não interessa nada, são só três dúzias de páginas de papel escrito com uns quantos gráficos. A questão é essencialmente política e social e revela a qualidade da nossa democracia participativa. Não fomos capazes, até agora, de criar um clima de debate democrático em que as opiniões dos cidadãos fossem colocadas com as opiniões dos técnicos responsáveis pelas propostas. E neste momento estamos na cauda do país, como um dos 11 concelhos que ainda não respondeu a este quesito de planeamento, que pode ser essencial para a candidatura a fundos comunitários no âmbito do anunciado QREN.
Não nos consola ter a noção de que neste momento Águeda é um dos concelhos, onde aquilo que não se deve fazer durante um processo de elaboração de uma Carta Educativa, pode servir de objecto de estudo... Desde tentativas de aprovação imediata, imposição de soluções sem fundamentos técnicos, propostas sob pressão política e social, ausência de um debate sério, falta de um sentido estratégico para o documento, esquecimento de especificidades de algumas freguesias e finalmente deixar cair uma questão como a Carta Educativa na assumida "chicana político-partidária" que pouco acrescenta.
Mais uma vez quem ficará a perder será Águeda e os seus, pois o tempo é cada vez mais um bem precioso para a tomada de decisões, não se compadecendo com a qualidade e a forma de em Águeda se fazer política.
A confragedora imagem (clicar para ampliar), que identifica no mapa nacional o processo monitorizado pelo Ministério da Educação sobre as Cartas Educativas que acima reproduzimos, é demasiado esclarecedora...
Porque tem de ser assim?

sexta-feira, maio 09, 2008

Parabéns Recreio

A equipa principal do RDA - Recreio Desportivo de Águeda sagrou-se campeã distrital de futebol e consequentemente irá disputar na próxima época desportiva um campeonato nacional. Esta foi uma época desportiva histórica, pois que nunca imaginei que fosse possível o Recreio disputar a mesma competição da BARC da Borralha. Alguém poderia imaginar que tal fosse possível? A vida desportiva dos clubes é assim. E neste momento a melhor prenda pela subida de divisão do Recreio, não será um qualquer cheque camarário ou a contratação do melhor craque regional. O Recreio carece de mudar de paradigma ao nível das suas finalidades desportivas e sociais, alicerçando a sua sustentabilidade numa ideia e projecto de clube que tenha a prática desportiva como verdadeira referência. Esqueçam-se as tardes gloriosas de bancadas cheias e bandeiras ao vento. Esqueçam-se os títulos de jornais e as transmissões televisivas. A capacidade de um clube desportivo de cariz regional, ganhar dinâmica e sustentabilidade passa por conseguir ser um pólo de atracção da aprendizagem e consolidação do Futebol nas suas múltiplas facetas. Um clube da dimensão do Recreio tem que ser detentor de um projecto que atraia os jovens a partir da prática do Futebol, em diferentes contextos: competitivos e não competitivos. O tempo do clube virado para o espectáculo desportivo, dizendo-se que representa a cidade e o concelho na visibilidade mediática, com custos elevados e pouco suportáveis está a chegar ao fim. Os poucos meios financeiros disponibilizados pelo erário público, devem ser comprometidos com as condições das práticas de largas massas de cidadãos e não apenas de um grupo restrito. Faz hoje pouco sentido, que a prática desportiva com visibilidade "custe os olhos da cara" a muitos municípios e regiões. Felgueiras já acabou e todos ficámos a saber como foi. A Madeira ainda é como é - em várias modalidades desportivas - mas o cerco está-se a apertar, pelo que o valor da Saúde tem de emergir em torno do incremento das práticas desportivas generalizadas a toda a população. Também aqui não podemos continuar na cauda da Europa, apenas com a Grécia atrás de nós... Um clube desportivo que hoje não valorize a formação desportiva, que não invista nas condições materiais da prática, que não aposte na qualidade do enquadramento técnico e que não tenha um sentido estratégico da sua acção, corre o risco de viver aos solavancos e aos acasos. O Futebol é hoje a nível mundial um pólo de oportunidades para mobilizar os jovens para a adopção de estilos de vida mais activos, pelo que um clube como o Recreio tem de cumprir a sua função social de contribuir para que a prática desportiva chegue a um maior número de pessoas. Estilos de vida mais activos é sinónimo de níveis mais elevados de saúde pública, pelo que importa valorizar a prática desportiva em alternativa à contemplação desportiva na bancada ou no sofá.

A história e o passado do Recreio merecem um projecto. Um projecto que revitalize o clube, associando-o à cidade e às suas gentes. Que lhe permita olhar o futuro com optimismo e confiança.


PS - A última vez que vi um jogo do RDA, foi a pedido de um amigo cujo filho vinha jogar a Águeda numa equipa do Beira Beira. Fiquei envergonhado!!! Aconteceu de tudo. Até o treinador do Recreio ser expulso pelo árbitro. Isto num jogo de infantis...