quinta-feira, abril 30, 2009

Kulturhuset


Num Domingo, na fábrica de cultura de Estocolmo, Kulturhuset (www.kulturhuset.stockholm.se), na biblioteca a ler o NYTimes, tendo ao fundo a praça Sergels Torg e o obelisco de Edvin Öhrströms, um dos landmarkers de Estocolmo. Enquanto esperava pelo início da sessão de cinema experimental europeu.

quarta-feira, abril 29, 2009

RDA - projecto sustentável precisa-se

O RDA - Recreio Desportivo de Águeda clube de futebol cá da "bila" (como costuma dizer o CC) relata a comunicação social atravessa uma crise económica e obviamente também desportiva. Treinadores que são despedidos por dá cá aquela palha. Plantel da equipa sénior por onde passaram dezenas de jogadores. Equipas de jovens futebolistas dos escalões de formação, impedidos de treinar e jogar por não pagarem... Acusações e lavar de roupa suja entre dirigentes em público. Para o descrédito do Recreio tudo tem acontecido e também a decisão da equipa sénior de futebol, descer ou não de divisão em função do resultado do próximo jogo...
Num clima social e económico como o actual a vida de clubes e associações desportivas está na corda bamba. Assim, torna-se mais premente reequacionar o que é ou deve ser hoje um clube desportivo numa pequena cidade. Imaginar um Recreio à luz do paradigma de um "Benfica pequenino" será um erro desastroso. Um clube desportivo hoje, tem de se comprometer com a promoção alargada da actividade física e desportiva e do futebol em particular, preocupando-se com a qualidade dos processos de treino, o desenvolvimento dos jovens, com a formação de cidadãos activos e completos e o envolvimento social e dos pais em particular.
No presente momento mais se justifica que o Recreio se reinvente como clube da cidade e da região sem veleidades de supremacias concelhias bacocas, mas com práticas sustentáveis.
Não é só pelos seus 85 anos que o Recreio não merece aquilo por que está a passar. Águeda precisa do Recreio e o Recreio precisa de Águeda.

Obama - unanimidade, verdade e ética política

Barak Obama transformou-se num fenómeno político, muito para lá de ter sido eleito o novo Presidente dos EUA. Barak Obama fez história quando desenvolveu uma campanha devolvendo esperança política e falando da vida real das pessoas. Barak Obama fez ainda mais história ao desenvolver a sua campanha eleitoral numa base de redes sociais, com suporte nas novas tecnologias, principalmente na internet. Barak Obama fez história ao prescindir do financiamento público para as suas campanhas eleitorais. Barak Obama fez história ao manter as ideias e opiniões com coerência política. Barak Obama fez corresponder acções e práticas concretas às ideias defendidas na campanha eleitoral. Barak Obama fez história ao fazer "pontes" ao nível da política externa dos EUA, renegando e ostracizando todas as "ideias bélicas" dos loucos políticos de George Bush e "sus muchachos".
Obviamente que Obama não é um novo santo na cena política mundial. Sabemos que usa o seu charme pessoal como poucos, na vida política. Sabemos que usa e abusa da retórica política e do discurso eloquente com frequência. Sabemos que também tem amigos de porte duvidoso.
Mas uma questão identitária faz toda a diferença. Barak Obama contrasta com os "políticos-enguia" que pululam na cena mundial, com os políticos "troca-tintas" a que quase nos habituámos. Ele destaca-se dos "políticos-mentirosos" que quase nos convencem que a política tem de ser uma espiral de mentira tolerada socialmente.

Barak Obama não será um salvador político para os EUA ou para o mundo, mas está a ser um enorme exemplo de postura, verdade na política e ética política. Tudo coisas que quase tínhamos esquecido que existiam na vida política. Longa vida, camarada Barak ...

sexta-feira, abril 24, 2009

Pepe e Paulo Bento

Há algum tempo que não se fala de futebol aqui no blog. Esta semana as manchetes da comunicação social, de muita e pouca referência analisou e discutiu o comportamento do treinador Paulo Bento no jogo Guimarães-Sporting (de onde foi expulso) e do jogador luso-brasileiro Pepe no jogo Real Madrid-Getafe (também expulso). Não pretendendo comparar o nível de fair-play na participação do jogo de Futebol, há um ponto comum. Estamos na presença de profissionais de futebol, num tempo em que a exposição mediática do jogo o beneficia e o expõe também. Um treinador não pode pautar o seu comportamento por constâncias de "cabeça perdida", nem um internacional da selecção nacional a jogar num dos melhores clubes do mundo rasteirar, pontapear e agredir a soco colegas de profissão. Neste sentido - não só em nome das mentes infantis que adoram os seus heróis do futebol - mas acima de tudo, pelo próprio jogo e sua imagem social, tais comportamentos são incompreensíveis e devem ser fortemente reprovados. Apesar de sabermos que alguma comunicação social (ex: entrevista da SIC) se canibaliza e alimenta com situações anormais e patológicas desta natureza, a beleza e o valor social do futebol merecem que o valorizemos pela positiva. Tais atitudes e comportamentos mesmo numa lógica de "indústria do futebol" prejudicam o jogo e a sua imagem na sociedade. Como tal, os pedidos de desculpa, as confissões públicas, "os perdões clamados" junto às câmaras tornam-se patéticos e melhor seria o profundo silêncio e recolhimento. O Futebol merece isso. No Futebol o fair-play deve reinar para que o jogo seja uma festa colectiva.

quarta-feira, abril 22, 2009

O 25 de Abril e o centrão em Águeda

No âmbito das comemorações do 25 de Abril em Águeda, na sua sessão solene, vai ter lugar uma palestra com o Dr. Luís Marques Mendes (LMM) sob o tema “A Qualidade da Democracia”. Se não fosse sério daria para rir. O Dr Marques Mendes mais conhecido em Águeda por ser um frequentador habitual da Festa do Leitão, vem-nos dar uma lição sobre a "calidade" da democracia ... Só a submissão a agendas pessoais, nos fazem passar por terra de pacóvios onde LMM tem palco para lutas intestinas de protagonismo dentro do seu partido. O 25 de Abril merece mais para todos nós e representa muito mais que cedências "saloias" entre protagonistas do centrão partidário. Falar do 25 de Abril e da imprescindibilidade do aprofundamento da democracia, dificilmente pode receber contributos significativos dos principais protagonistas dos partidos do centrão, responsáveis por esta "qualidade de democracia".


domingo, abril 19, 2009

A gestão das escolas - novos modelos e novas práticas

Com uma definição absurda o Ministério da Educação pretende que todos os Agrupamentos de Escolas e Escolas até 31 de Maio realizem a eleição do Director como o novo administrador-gestor de escolas. Devemos confessar que há já muitos anos somos defensores de que a gestão das escolas ganha muito em ter um rosto. Não um rosto qualquer. Mas um rosto de alguém que se identifique com uma liderança efectiva sobre as várias dimensões da vida de uma escola. Por muito que se argumente, o modelo de gestão em vigor já esgotou as suas capacidades e potencialidades. Digamos que teve o seu tempo. Assim, personalizar a gestão de uma escola parece-nos uma boa solução, desde que tal corresponda à possibilidade de fazer prevalecer a perspectiva pedagógica sobre a perspectiva administrativo-financeira de uma organização complexa como uma escola. Ao contrário de alguns, não identificamos na eleição do Director num assomo de autoritarismo, mas antes a imprescindibilidade da efectiva participação cívica, política e social. As participações de "faz de conta" têm os dias contados. Integrar orgãos, representar ou participar em orgãos de gestão de uma escola requer participação, conhecimento das questões e poder de decisão. Identificamos hipóteses de riscos acrescidos numa certa "politização (como dizem alguns) ou até "municipalização" (diriam outros) nas decisões. Lembro aqui o exemplo do Conselho Geral integrado por todos os Presidentes de Junta de Freguesia de onde são provenientes os alunos.... Inevitavelmente está desta forma criado o "caldinho" para assuntos sérios como as decisões relativas à gestão de um Agrupamento ou Escola ser transformado em "combate político-partidário" do mais baixo nível. Portanto, a qualidade da participação da sociedade civil liberta das "questiúnculo partidárias", é fundamental para se tomarem as melhores decisões. O Director só por si não mudará a qualidade da gestão pedagógico-administrativa das escolas, mas concerteza fará cair esta lógica sem sentido de "gestão a prazo combinado" e queremos crer que será uma oportunidade para filtrar lideranças complexas como as exigidas para as escolas, que não se compadecem com "autoritarismos militantes" ou "laxismos facilitistas". A Escola Pública para ganhar a batalha da sua qualidade educativa necessita de novas práticas de gestão assentes na responsabilização e exercício democrático das funções. Para isso o Director não pode nunca ser visto (como alguns parecem fazer-nos convencer) como o Comissário Político do ME ou da Autarquia Local. Ele tem de possuir autonomia e liberdade de decisão no desenvolvimento de projectos educativos contextualizados, com regular prestação de contas e monitorização pelos alunos, pelos professores, pelos funcionários e restantes membros da comunidade educativa. Basta que haja uma sociedade civil que participe e se envolva na vida das escolas e não se restrinja ao velho hábito de pensar que "eles decidem ..."
As escolas são organizações demasiado complexas, para ficarem reféns de modelos de gestão caducos e esgotados. Temos esperança que Directores com perfil de responsabilidade e bom senso pedagógico, possam contribuir não para "cumprir escrupulosamente a circular nº 1000 do ME" ou o que ainda não publicado no Diário da República já circula como proto-lei no site do ME..., mas sim para aprofundar a qualidade das melhores decisões para a vida das escolas, dos alunos, dos professores e dos funcionários.


PS - O que se passou neste quadro de mudança no Agrupamento de Escolas de Santo Onofre, Caldas da Rainha, com a demissão do seu Conselho Executivo ainda com mais uns anos de mandato configura um mau exemplo na autonomia e responsabilização das escolas.

sexta-feira, abril 17, 2009

Festim geral

A D'Orfeu mais uma vez toma a iniciativa e aponta o caminho no desenho de projectos culturais, desta vez promovendo o FESTIM - Festival Intermunicipal de Músicas do Mundo entre 29 Maio a 24 Julho 2009, englobando um total de 20 concertos em 7 municípios (Águeda, Sever do Vouga, Estarreja, Ovar, Oliveira do Bairro, Albergaria-a-Velha e Aveiro). Toda a programação poderá ser encontrada em http://www.festim.pt/. Como tudo seria diferente se desde sempre e em tudo (saneamento básico, abastecimento de água, políticas desportivas, redes escolares, acessibilidades, turismo, etc) as lógicas de coperação e acção conjunta dos municípios de uma região se vissem como parceiros e não como concorrentes directos. Um verdadeiro projecto cultural intermunicipal, que promove as músicas do mundo na sua diversidade, aproximando comunidades. E desta forma vamos poder ter espectáculos com Manecas Costa (Guiné-Bissau), António Rivas (Colômbia), Amsterdam Klezmer Band (Holanda), Hermeto Pascoal e Aline Moreira (Brasil), Le Vent du Nord (Canadá), Musafir - Gypsies of Rajasthan (Índia) e Kepa Junkera (Espanha) ao alcance da mão ao longo de quase dois meses.

quarta-feira, abril 08, 2009

Papelaria Gráfica Ideal fechou

A livraria e papelaria "Gráfica Ideal" estabelecimento com dezenas de anos de porta aberta (1945?), cessou a sua actividade. Aquela que por vezes era a salvação na busca de qualquer coisa não encontrada ... "Já foste à "Gráfica Ideal?" ... ou a referência de documentação, livros e papelaria para todos aqueles que a rotina dos transportes rodoviários, os aproximavam daquele estabelecimento, definhou e fechou portas, num claro sinal dos tempos. Todos sabemos que tudo nasce, cresce e morre. Mas quando crescemos habituados a ver e conhecer as pessoas, os espaços, os estabelecimentos é triste e constrangeder que também morre um pouco de nós, independentemente de sermos ou não clientes assíduos. A "Gráfica Ideal" era um estabelecimento das nossas memórias de infância, onde a busca de livros escolares se cruzavam com os cadernos e lápis necessários ao trabalho escolar. Com o encerramento da "Gráfica Ideal" é também uma parte mínima de Águeda que encerra, que deixa de respirar Águeda, que deixa de ter os livros de Adolfo Portela na sua montra.

terça-feira, abril 07, 2009

Cavaco e as pressões

imagem pedida de empréstimo de: http://instantefatal.blogspot.com/


O país político parece estar expectante acerca da atitude a tomar pelo Presidente da República Cavaco Silva, sobre o pedido de audiência do presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. A forma de gestão do tempo e do calendário, parece ser o instrumento político utilizado. "Não recebo já a seguir, para não pensarem que estou a caucionar ..." ..... "Não digo se concedo audiência, para deixar as mentes politólogas a marinar ...". Cá para mim o contributo do Cavaco para a clarificação política do que quer que seja será quase sempre infinitesimal. Não será por Cavaco que alguém será incomodado ou sobressaltado. Até porque fazemos, parte do "grande centrão alternante" e ...
Aqueles que ainda pensam que Cavaco pensava fazer algo, podem esperar sentados. Pressões sobre magistrados. Interferências de altos responsáveis da magistratura sobre os responsáveis do processo. Imenso falatório político acerca do "país dos gajos porreiros". Alusões e relações entre as dimensões morais e éticas das pressões e a independência das magistraturas. As pressões continuam apenas circunscritas aos barris de cerveja e às carabinas da dita de ar...
O país de faz de conta continua...

FISCO - As dívidas a que temos direito

A administração fiscal deixou prescrever um terço dos 10,9 milhões de euros de correcções ao IVA do exercício de 2004, propostas pela Inspecção-geral de Finanças (IGF) a uma amostra de 13 instituições financeiras.Só uma sociedade concentrou 2,2 milhões de euros de impostos prescritos. O BCP foi de longe a instituição financeira com maiores correcções tributárias. As correcções foram sugeridas no âmbito de uma auditoria da IGF efectuada em 2007 sobre o IVA a aplicar ao sector financeiro. As conclusões apresentadas aos responsáveis do Ministério das Finanças em Março de 2008 - tal como o PÚBLICO já noticiou - são de que o comportamento da administração fiscal prejudicou desde 2004 os interesses do Estado em largas dezenas de milhões de euros. A administração fiscal não divulgou ao sector as instruções fornecidas ao BPI em 2004, cuja aplicação resultaria num menor reembolso de IVA pelo Estado às entidades financeiras. Esse benefício indirecto apenas a parte do sector financeiro não foi ainda contabilizado. Mas alguns grupos saíram bastante favorecidos, como salienta o relatório da IGF. "A não-divulgação atempada daquele entendimento, a par de uma intervenção tardia da inspecção tributária, foi responsável, apenas no período entre 2004 e 2006" - e para as 13 instituições da amostra considerada que usaram esse método - "por aumentos indevidos dos coeficientes de dedução entre os 18 e 29 por cento, envolvendo 35,4 milhões de euros de imposto não-liquidado", onde duas instituições - cujos nomes aparecem emendados no relatório pedido pelo PÚBLICO - "assumiam o maior peso, respectivamente com 24,6 e 4,5 milhões de euros". in O PÚBLICO 6.4.09
Num tempo de prescrições, ajuda sempre alargar e aprofundar o conceito. Os portugueses que paguem a crise pois a banca, está muito mal e precisa destas ajudas indirectas para voltar aos lucros de centenas de milhões. O despudor e o laxismo, aliam-se. Para uns ferro e fogo, para outros prescrições atrás de prescrições. Até quando?

quarta-feira, abril 01, 2009

A corrupção compensa ou a corrupção a que temos direito

imagem emprestada de: http://www.riscar.net/?cid0=2&itemID0=61&imgID=365

João Cravinho está preocupado com a "saúde" do sistema democrático português, ao estranhar que apenas o Bloco de Esquerda (BE) se tenha manifestado contra a nomeação de Domingos Névoa para a presidente da Braval, uma empresa intermunicipal de tratamento de resíduos.
Domingos Névoa, administrador da empresa Bragaparques, foi recentemente considerado culpado no processo de tentativa de corrupção ao vereador da Câmara Municipal de Lisboa José Sá Fernandes e condenado ao pagamento de uma multa de mil euros.
in Correio da Manhã 1.4.09


Porque nada nos espanta? Porque vivemos neste sereno conformismo? Porque o anormal passou a normal? Porque se consola o país neste silêncio? Até quando?
João Cravinho não é alguém compulsivamente obcecado com a questão da corrupção nacional. Mas sim alguém que há muito percebeu que a "endémica e socialmente legitimada corrupção" é um verdadeiro cancro para o desenvolvimento do país. A corrupção - por vezes "desculpada" por financiar campanhas do centrão partidário - atinge níveis de despudor e desfaçatez nunca imaginados. E só assim se compreende que as relações Portugal - Angola sejam o que são. Que "toda a gente" feche os olhos e esqueça "a realidade angolana", em nome do negócio e à revelia dos direitos humanos e dos mais elementares valores de cidadania.