segunda-feira, junho 29, 2009

Diferenças culturais...

Recebi há uns dias a visita de um amigo grego. Fui buscá-lo ao hotel de Aveiro onde estava hospedado. Uns bons minutos depois da hora marcada, como manda a 'lei' helénica, lá apareceu na recepção da unidade hoteleira. E, dando cumprimento a uma outra 'lei' helénica, lá vieram os dois beijos na face, cumprimento tradicional entre bons amigos. No balcão da recepção, três senhoras espanholas não se preocupam muito em disfarçar o ar de espanto com que encararam tal cumprimento ("hmmm, estos tios andan a ver muchos filmes de Almodovar!", devem ter pensado). As diferenças culturais...
Levei o meu amigo até Águeda. Sentei-me como ele numa esplanada em plena Praça Dr. António Breda. Fazendo jus à sua formação de arquitecto, apreciou o tecido edificado e o espaço público envolvente. Comentário: "esta cidade transpira civilidade e deixa perceber um forte sentido identitário". Não foram precisas as senhoras espanholas. Também não consegui disfarçar o meu ar de espanto. Diferenças culturais?

sábado, junho 27, 2009

MAMA MIA

Com enormes responsabilidades do Prof. Paulo Neto (Conservatório de Música de Águeda) o Cine Teatro S. Pedro foi o palco, onde a música dos ABBA, a alegria e entusiasmo de 100 crianças e jovens, a qualidade coreográfica e a excelente execução musical da Orquestra Ligeira do Conservatório, deliciaram uma casa cheia. O musical "The Song of my life" baseado em temas do filme Mama Mia diz-nos que apesar de crianças e jovens, é possível criar e apresentar espectáculos de grande qualidade. Parabéns a todos.

quarta-feira, junho 24, 2009

Águeda - capital do btt por um dia

É já no próximo dia 5 de Julho que Águeda vai ser "invadida", por betetistas participantes na IV Maratona do Vale do Vouga - http://www.maratonavaledovouga.com/ - que conta com mais de 1000 (!!!) desportistas confirmados. Trata-se da manifestação desportiva com o maior número de participantes, não como espectadores desportivos, mas desportistas activos. Numa verdadeira forma de promoção da actividade física e desportiva, envolvendo os "mais profissionais" com treino regular, planeado e organizado até ao praticante de BTT ocasional que faz da sua participação uma festa de convívio e amizade.
Assinale-se a qualidade e a imagem positiva que a prova já tem junto da comunidade betetista nacional, que se reflecte no número de inscrições atingidas.
O percurso da prova previsto para este ano, é muito agradável, com duas passagens de rio, travessia do pontão do Alfusqueiro e fruição das margens do rio em Cambra.

PS - A nossa equipa (apesar de desfalcada) De_Rotaincerta.BTT estará presente, com a estreia integral do seu novo equipamento.

Más notícias


Portugal tem feito "pouco ou nenhum" esforço na aplicação do compromisso de combate ao suborno internacional, denuncia a Transparency International (TI), que aponta falhas no controlo do branqueamento de capitais, assim como insuficiências no sistema de auditoria financeira e controlo orçamental.No relatório anual, ontem divulgado, sobre suborno em transacções comerciais internacionais, esta organização especializada na denúncia da corrupção, aponta o Freeport como um dos casos em que "os atrasos na cooperação judicial [entre países], por vezes aparentemente influenciados por considerações políticas, atrasam as investigações internacionais". "Portugal demorou três anos a responder a um pedido de cooperação do Reino Unido no caso Freeport", critica o documento.Portugal consta na lista de 21 países - num total de 36 - com aplicação "insuficiente" da Convenção da OCDE, assinada em 1997, contra o suborno de funcionários públicos estrangeiros em transacções comerciais internacionais. Na análise à realidade portuguesa, os peritos referem que a auditoria financeira e o controlo orçamental "continua a ser frágil", frisando que "os princípios na relação entre os auditores e quem paga a auditoria não são respeitados e são frequentes as situações de conflitos de interesses. No branqueamento de capitais, a TI nota que, apesar das sanções pesadas, "o controlo é tão fraco que a maioria das instituições financeiras não se sente obrigada a obedecer à lei".A TI aconselha Portugal a criar uma entidade autónoma anticorrupção com capacidade de investigação, a compilar informação precisa e acessível e a aplicar sanções mais severas para o enriquecimento ilícito, incluindo o suborno. in Jornal Negócios 24.6.09

Pois é, parece que anda, mas afinal não anda assim tanto como isso. É mais fácil "controlar" a mercearia do Srº João do que a empresa do João R com sede numa qualquer off-shore. Como referia recentemente uma conhecida magistrada, nenhum governo em Portugal teve verdadeira vontade política de combater a corrupção.


Até quando?

quinta-feira, junho 18, 2009

As europeias e a governabilidade do país

Os resultados das eleições europeias, entendidos por alguns como as primárias das legislativas, lançaram uma panóplia de suposições, hipóteses e cenários. Tudo bem, nada de anormal. Só que na grande maioria dos analistas existe um "esquema mental bloqueado". Isto é, toda a lógica da governabilidade do país, está centrada no PS e no PSD. Apesar do estado a que Portugal chegou ser da responsabilidade directa e indirecta, dos entendimentos e/ou dos desentendimentos, mais transparentes e/ou menos claros entre estes dois partidos, a lógica da compreensão política do país é obsessivamente centrada nestes partidos do centrão. Como refere preocupadamente João César das Neves no DN "A soma dos dois partidos centrais, PS e PSD, foi inferior a 60%, o que só aconteceu uma vez desde 1974, em 1985, no momentâneo surto do PRD. Há 20 anos que esse valor anda acima dos 70%. Nas últimas europeias foi de 81%, e de 79% nas legislativas de 2005. Desta vez ficou pelos 58%. Além disso nenhum dos dois grandes conseguiria maioria absoluta com qualquer dos pequenos". Há uma lógica anti-democrática de cariz ideológico, que não igualiza um voto no PS com um voto no PCP, um voto no PSD com um voto no CDS. É como se um voto no PS ou no PSD tivesse um outro peso e importância. Parte-se do princípio que quem vota no PS e no PSD são cidadãos respeitáveis e responsáveis... Quem vota nos outros são uma cambada de irresponsáveis... É como se todos os outros partidos existissem para completar o boletim de voto, ou dar colorido às campanhas eleitorais. O PS e o PSD podem mentir, enganar, ludibriar, dizer uma coisa hoje e o oposto amanhã, que não se passa nada. Se assim for, ainda será objecto de estudo e análise política, se necessário numa perspectiva psicanalítica...
Até quando...?

terça-feira, junho 09, 2009

Sondagens e eleições

As eleições europeias tiveram resultados completamente ao arrepio de quase todas as sondagens previamente realizadas. Em quase todas as sondagens o PS ganhava com maior ou menor folga, sustentando o "mito" do "engenheiro invencível". Em quase todas as sondagens o outrora conhecido partido do táxi CDS/PP, mantinha uns míseros 2/3 % de intenções de voto, quando a efectividade das urnas lhe deram mais do dobro dessa percentagem.
Que pensar de tudo isto?
Que as empresas de sondagens em Portugal não têm credibilidade e funcionam numa lógica de "sondagem à medida de acordo com o cliente"?
Que as empresas de sondagens em Portugal não dominam os procedimentos de análise estatística inferencial, que permitam compreender as oscilações das intenções eleitorais dos portugueses?
Que as empresas de sondagens em Portugal, são ingenuamente enganadas pelos cidadãos portugueses que lhes dizem uma coisa e fazem outra logo a seguir?
Que as empresas de sondagens em Portugal são instituições de um profundo amadorismo, baseadas no "know-how" do telefone e da estatística descritiva?
Será que também para a actividade de realização de sondagens, teremos que institucionalizar uma qualquer Alta Autoridade para Sondagens com estatuto de regulador do sector?
Não queremos pensar que a "teoria da conspiração" possa sustentar o carácter constante dos resultados das diferentes sondagens. Não queremos crer que a política de propaganda de massas do PS possa chegar também aí. Mas...
A política precisa de monitorização e uma das estratégias passa pela possibilidade de constante auscultação das opiniões de diferentes formas e processos. As sondagens de opinião, podem e devem ser uma delas, mas com credibilidade, profissionalismo e qualidade de informação.

sábado, junho 06, 2009

Ora bolas pro TGV

Ao experimentar o TGV gaulês em dia de greve da SNCF, pude perceber que a única diferença está na velocidade. O "nosso" Alfa Pendular nada fica em desvantagem, sendo mais confortável e cómodo do que este TGV. Só se pode sorrir quando se lê um slogan de campanha da Juventude Socialista que diz "Pelo Direito ao TGV" ... ou a transformação que teve ao passar para a WWW transformando-se em "TGV é Europa"........

sexta-feira, junho 05, 2009

Xutos e Pontapés - sem eira nem beira

Tenho de confessar de que não sou um fã fervoroso do grupo Xutos e Pontapés. Mas, num tempo em que parece que temos dificuldade em explicar às gerações mais jovens como funcionava e o que representava a "Censura Prévia" durante o Estado Novo, com a revista "Visão" a fazer simulações de números censurados com a aplicação do célebre lápis azul, o que se está a passar com esta canção "Sem Eira nem Beira" - http://www.youtube.com/watch?v=LKLjg1Lb03Y&feature=email -do citado grupo é uma subtil forma de censura mais que prévia. Com a maior das poucas vergonhas, os responsáveis (por playlists e outras barbaridades formatadoras do gosto e do pensamento) conseguem tentar justificar-se mantendo uma cara séria e parecendo que argumentam acerca de custos e orçamentos de pregos e cimento... Há uma desfaçatez nisto tudo que incomoda e deliberadamente interfere com a nossa liberdade de opinião. Não se trata da qualidade da música. Não se trata do grupo que é. Apenas em causa está a divulgação pública de uma canção incómoda. Mas, a história da música popular não é feita de incomodidades? Se fosse hoje a geração de baladeiros e cantautores tinha sido fuzilada? Então agora a música, as artes têm de ser bem comportadas? Então só porque temos eleições este ano, o poder não pode sequer ser mencionado? Então ...



O tema chama-se 'Sem Eira nem Beira', mas não há ninguém que não o conheça por 'Sr. Engenheiro'. É uma das faixas mais comentadas e cantadas na rua do último disco dos Xutos & Pontapés, lançado a 6 de Abril. Mas, nas rádios nacionais só passou uma vez, uma única vez. Foi na Antena 3.
Os dados são avançados pela editora da banda, a Universal Music, que pagou a uma empresa para monitorizar três músicas do novo álbum, para saber exactamente quantas vezes foram tocadas. 'Quem É Quem', o primeiro single do disco, passou mais de uma centena de vezes. E 'Perfeito Vazio', o segundo single a ser lançado, foi o único tema a conseguir um lugar numa Lista A das playlists das rádios nacionais (a lista que obriga a que a música tenha em média quatro passagens diárias), com 136 passagens, só na Mega FM.
Zé Pedro, guitarrista dos Xutos, avança com surpresa: "Parece um complô contra o tema, ou uma espécie de exclusão por poder ferir susceptibilidades. Acho estranho. Parece-me que a música podia ter sido aproveitada como notícia e transformar-se num hipe de rádio", afirma. O músico diz manifestar-se contra o sistema de playlists, mas não critica nenhuma rádio por optar ou não por passar um tema dos Xutos. "Compreendo que, estando esta música a ferver, na boca de toda a gente, as direcções das rádios possam ter preferido não a passar por estar em cima da mesa como uma canção de contestação", adianta Zé Pedro, frisando que para os Xutos o sucesso da música é claro. Durante os concertos da banda, o tema é o que tem provocado maior vibração junto do público, aquele com que as pessoas mais se identificam, e a sua procura na Internet tem ultrapassado todas as expectativas. "Sentimo-nos compensados, portanto", afirma o guitarrista. A humorista Maria Rueff, que no seu programa "O Exame de Dona Rosete", na TSF, fez uma rábula com o tema, afiança que "é muito estranho a música não passar nas rádios", e considera pertinente que se investigue porquê.
Contactados pelo Expresso, os directores das maiores rádios nacionais refutam a ideia de qualquer tipo de censura, quer vinda do exterior quer criada internamente. António Mendes, director de programas da RFM, afirma que aquela é uma rádio musical que tem por objectivo tocar e fazer sucessos e que o boom do 'Sr. Engenheiro' nos jornais e televisões (recorde-se que o primeiro vídeo do tema passado pelo 'Jornal Nacional' da TVI foi para o ar a 15 de Abril) chegou a meio da fase de lançamento de "Perfeito Vazio". António Mendes adianta, no entanto, que a canção "se trata de um fenómeno político e não de um fenómeno popular". Nelson Cunha, director de programas da Mega FM, vai mais longe, explicando que a rádio "não está vocacionada para questões políticas, nem quer disso fazer bandeira. Os nossos princípios são de isenção musical e política".
José Marinho fala em nome da Antena 3, a única rádio que passou a canção portuguesa mais polémica da última década. "Não fazia sentido sermos a única rádio a tocar o tema. Fazê-lo isoladamente podia não ter bons resultados para nós, ainda por cima quando o tema ainda nem tem suporte vídeo", afirma. "Mas isso não significa que a canção esteja proscrita e que não venha a ser tocada num futuro próximo. Há três eleições a caminho e o tema é quente", conclui.
Também Pedro Abrunhosa, que em 1995 fez furor com 'Talvez F...", música que se transformou num hino anti-Cavaco (era então primeiro-ministro em final de mandato, tal como Sócrates agora), não quis comentar o assunto. Recorde-se que as improvisações do músico à letra da canção, substituindo o "e eu e tu o que é que vamos fazer", por "e eu e a Maria o que é que vamos fazer", não fizeram com que o tema fosse excluído das rádios. in EXPRESSO 30 Maio 2009 http://clix.expresso.pt/musica-anti-socrates-dos-xutos-varrida-da-radio=f517786