Tal como fizera no encerramento do debate, o primeiro-ministro falou aos jornalistas sobre uma reportagem que recentemente viu na televisão e que o terá "impressionado muito". "Impressionou-me muito uma reportagem que vi na televisão sobre pessoas que passaram a noite de fim de ano, em Odivelas, numa fila para inscreverem os seus filhos. Isso não pode acontecer", disse (in Portal Educare 15.2.08)
A questão da distância política e social a que os políticos vivem do país real, obviamente que daria excelentes e pertinentes estudos. Que percepção têm os políticos da subida do custo de vida? Que percepção têm do impacto das oscilações da euribor? Falariam do desemprego, de outra forma, caso o sentissem na pele? Não chega durante as campanhas eleitorais questioná-los sobre o custo de uma bica ou de um quilo de açúcar. O poder arrasta e acentua distâncias, mas a arrogância no seu exercício não ajuda a ultrapassar os problemas. Mas o que acontece é nós constatarmos que as decisões, as opções, as grandes linhas de orientação política nas várias áreas dos nossos Ministérios, estão dependentes das reportagens que o nosso PM vê na televisão... Assim sendo, resta-nos apelar aos editores de informação e reportagem dos nossos canais televisivos, que façam um esforço por desocultar o país real, Do país que se afasta dos padrões de vida europeus e caminha a todo o vapor no sentido da albanização.
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