Há quem diga que a fundamentação técnica de opções ( muitas vezes alternativas) de desenvolvimento é essencial. Os que o dizem, dizem-no à luz da necessidade de optimizar os recursos disponíveis (particularmente quando estão em causa recursos públicos), de qualificar as trajectórias de desenvolvimento, e/ou de legitimar socialmente as opções que se tomam. E são muitos os que o dizem, incluindo aqueles a quem, por via do voto, foi entregue a responsabilidade de comandar a ‘nave’. Aqui, apetecia-me inserir a letra daquela famosa canção francesa intitulada ‘Parole, parole, parole…’.
Ota, um empreendimento gigantesco (caro) e polémico. Tendo em conta as ‘paroles’, poderíamos esperar que os comandantes da ‘nave’ ajudassem os portugueses a perceber porque é que é na Ota e não no Poceirão, em Rio Frio, no Montijo ou em Águeda (porque não?), sustentando tecnicamente a opção tomada e tão firmemente (pouco tecnicamente) defendida. Valeu a pena esperar! Finalmente temos as tão almejadas explicações técnicas que justificam plenamente a opção Ota. Senão vejamos:
1- a Ota tem milhões de habitantes, hospitais de grandes dimensões e qualidade, actividade comercial e industrial que faz lembrar Singapura e a Finlândia. Os sítios da margem sul do Tejo são um deserto!
2- A margem sul seria um erro porque a Al-Qaeda poderia lembrar-se de dinamitar as pontes que fazem a travessia do Tejo, o que implicaria desde logo que o novo aeroporto só serviria as gentes do ‘deserto’ da margem sul, deixando Lisboa e, mais importante, os milhões de habitantes da Ota sem acesso à nova infra-estrutura aeroportuária.
Ficaram satisfeitos? Penso que sim… deixámos de ter razões para andar sempre a dizer mal do nosso Governo. Por isso, não percebi como é que o tal professor da região norte disse aquilo que disse sobre o comandante da ‘nave’. Menos mal a senhora directora, que lhe deu o devido castigo… Não percebi também a revolta dos sindicatos relativamente às afirmações do Manel, ministro da economia e inovação (?) sobre os 500 postos de trabalho que iam acabar na Guarda e os 500 postos de trabalho que iam abrir em Castelo Branco. Balanço = - 500 + 500 = 0! Está tudo como dantes! Não há razão para protestos. Não haverá uma directora regional de qualquer coisa que esteja pronta a castigar aqueles que acusam a ‘nave’ de estar a tratar as pessoas como meros números?
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