segunda-feira, abril 10, 2006

Aviserne i helgen (jornais no fim de semana)

Lendo os jornais suecos de fim de semana.
Domingo, 2 graus positivos, primeiros sinais da Primavera.
Jogging matinal pelo bosque com o Báltico gelado como companheiro, ainda com resíduos bem evidentes deste largo inverno do meu descontentamento que não nos larga, correndo ao encontro do sol ao som do magnífico Morrissey em "Ringleader of the Tormentors", tentando evitar a neve, sempre a maldita neve, volto a casa a tempo de ver o rapaz da entrega dos jornais. São 8 da manhã e o "Svenska Dagbladet", conservador/liberal, e o "Dagens Nyheter", social-democrata, estão no cacifo do meu apartamento. Da sua leitura, dois assuntos chamam-me a atencão:
1. Que o desemprego irá ser a principal questão das próximas eleicões legislativas, no próximo Outono. Ao contrário do que muito boa gente pensa em Portugal, a Suécia, o tal país perfeito no nosso imaginário meriodinal, tal como a Finlândia e os restantes países nórdicos, também tem problemas, e graves. E em vésperas de eleicões os principais partidos políticos esgrimam estatísticas sobre o desemprego, esse flangelo do capitalismo pós-moderno e da globalizacão. Para o governo, representado pela coligacão do partido social-democrata e dos verdes, que deixaria os "socialistas" portugueses envergonhados, já que são realmente sociais democratas "avant la lettre", afirmam que o desemprego encontra-se nos 5,6%, ou seja, cerca de 250 mil pessoas. Esta é a estatística oficial do INE sueco, o SCB. No campo oposto, os "Moderaterna" (os Moderados, de centro direita, o PSD sueco) afirmam que o desemprego encontra-se nos 17%, cerca de 990 mil pessoas... Confusos. Aqui, contam-se, como se as pessoas fossem números, todas as pessoas que não tenham uma ocupacão ou que não estudam. Como podem observar, não é somente em Portugal que as esttísticas não batem certo. Mais grave ainda; o desemprego entre os "grupos étnicos", continua a ser o dobro do da populacão sueca, sinal evidente do insucesso da política social deste governo social democrata. Uma nota, nos últimos 70 anos, os sociais-democratas estiveram no poder 65 anos... uma verdadeira oligarquia encontra-se instalada na política sueca. E quais seres perfeitos, estes sociais-democratas suecos também pecam e até são corruptos, exemplos; a presidente da juventude social democrata vai a tribunal por ter insultado e agredido em estado de avancada embriaguez (outra particularidade nórdica) um porteiro de uma discoteca de Estocolmo. Para adocicar a situacão, o porteiro é de ascendência palestiniana, e nos dias de hoje, politicamente incorrecto tal procedimento, o que está a ser explorado pela imprensa. Outros casos vêm minando semanalmente (não nos encontramos muito longe das manchetes de "O Independente" do período cavaquista) o moral das hostes governativas, deixando-as à beira de um ataque de nervos. E as eleicões são no Outono.
2- "Väl mött i portvinsland" (encontro agradável na terra do vinho do Porto), é o título do artigo do "Dagens Nyheter" que se debruca pelo maravilhoso "Dourodalen", descrevendo uma magnífica viagem Douro acima até à Quinta da Pacheca, da família Serpa Pimentel. Escolho esta noticía, porque são poucas as vezes, para não dizer quase nunca, que surgem noticías sobre o nosso País, e o vinho, senhores, é o vinho do Porto, alvo de adoracão pelos suecos (existindo mesmo clubes desse néctar mais adaptado a estes climas frios que ao nosso). Devido aos meus afazeres profissionais, venho assistido com agrado nos últimos anos ao interesse sueco pela oferta vitivínicola nacional, felizmente com resultados positivos na nossa quota de mercado, especialmente dos vinhos do Ribatejo e do Alentejo. Dois exemplos: o vinho "Periquita" da J. Maria da Fonseca (dos dinâmicos irmãos Franco de Azeitão) são, na Suécia, uma verdadeira e instituicão e orgulho para todos nós (creio mesmo que, na mente sueca, o nome ultrapassa a proveniência. Enfim, o que interessa é que se venda, e bem ), sendo líderes de mercado no seu segmento. O outro exemplo a realcar é o de João Portugal Ramos, esse fantástico enólogo que tem contribuido para a modernizacão dos vinhos alentejanos, considerado uma "star" pela crítica especializada (bem o comprovei na última grande prova dos nossos vinhos decorrida aqui em Estocolmo, em Fevereiro), para não falar dos seus vinhos, alvo de reconhecimento de um consumidor exigente e conhecedor. Outros produtores nacionais com vinhos de grande qualidade estão em vias de se estabelecer neste mercado que devido às suas particularidades, monopólio estatal (não vos dizia que esta social democracia é mais do que socialista...), não é fácil conquistar. Ao menos isso, que o vinho nos traga a felicidade e esperanca nestes tempos conturbados. Skål.

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