Cafés e espírito tertuliano
Dia da Europa assinalado em 27 cafés das capitais da UEO Dia da Europa é hoje assinalado em 27 cafés das capitais dos Estados membros da União Europeia e dos dois países que aderem em 2007, com o objectivo de divulgar a diversidade literária e gastronómica europeia.
Em Lisboa, o projecto cultural Café da Europa, uma iniciativa conjunta do Instituto das Regiões da Europa e da presidência austríaca da UE, funcionará no café Martinho da Arcada, celebrizado por ser o espaço de eleição do poeta Fernando Pessoa, situado na Praça do Comércio.
No Martinho da Arcada, as actividades de comemoração do Dia da Europa têm início pelas 10:30, com uma declaração de boas-vindas do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Fernando Neves, e com a presença do embaixador austríaco em Lisboa.
Segue-se uma «leitura sobre tema europeu», intitulada «Vagabundagem por Mínimas Europas», a cargo do poeta Casimiro de Brito, representante do Clube de Escritores Europeus, em diálogo com o tradutor João Barrento, com base numa colecção de poemas escritos ao longo de 20 anos sobre a passagem por 20 cidades europeias.
Noutros cafés europeus, estarão presentes autores como Vaclav Havel, que estará em Praga, Eva Demski em Berlim, Christiane Singer em Paris, Jan Baeke em Amesterdão e Timothy Garton Ash em Londres.
Todos os escritores abordarão o tema da Europa de um ponto de vista literário, o que será o ponto de partida para o debate entre os presentes, que podem também contribuir com as suas próprias «Histórias da Europa», a compilar e publicar posteriormente no primeiro livro paneuropeu, com 27 capítulos, um por país.
O Café da Europa oferecerá ainda aos participantes uma selecção de bolos dos 25 Estados membros e da Roménia e Bulgária e um folheto intitulado «Sweet Europe» (Europa Doce), com as respectivas receitas originárias de todos os países envolvidos no projecto.
Na capital portuguesa, o protagonista é o pastel de nata, que será oferecido a todos os presentes.
às 17:00 vão ser divulgados os nomes dos vencedores do concurso de cartazes e ilustrações «A União Europeia e os Direitos das Crianças», destinado a jovens entre os 10 e os 18 anos, promovido pela Comissão Europeia e coordenado, em Portugal, pela organização não- governamental Oikos.
Além do Café da Europa, está igualmente prevista a realização de uma conferência subordinada ao tema «Europa: Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça» no Centro Cultural de Belém, pelas 18:00, com a participação do ministro da Justiça, Alberto Costa e do juiz do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias José Cunha Rodrigues, entre outros.
Em Portugal, as comemorações do Dia da Europa contam com a colaboração do Gabinete do Parlamento Europeu, da Representação da Comissão Europeia em Portugal, do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Embaixada da Áustria em Lisboa.
A 09 de Maio de 1950 foi dado o primeiro passo para o que é hoje a União Europeia, com a declaração de Robert Schuman, que propôs a criação de uma Europa organizada como requisito indispensável para a manutenção da paz. (in Diário Digital 9.05.06)
2 comentários:
Interessante esta descrição sobre o significado dos cafés na cultura europeia e, porque não, na solidificação da democracia. Já Jurgen Habermas (filósofo alemão com fortes ligações à célebre Escola de Frankfurt, tendo sido mesmo estudante de Theodor Adorno, um dos fundadores do dito movimento) se referia à importancia do café como elemento primoderial na afirmação do indivíduo nas sociedades modernas, especialmente, na sociedade francesa e inglesa, vanguardistas na criação do espaço público interveniente. Na sua obra "The Structural Transformation of the Public Sphere: An Inquiry into a Category of Bourgeois Society", aparece descrita a distinção entre o privado e o público nas sociedades modernas. Mas, como o Rui bem o afirma, hoje, os cafés estão na memória de cada um, já que o espaço público por excelência é este onde nos encontramos, o ciberespaço.
A Europa. Estando eu em Estocolmo, não dei pelo dia da Europa. Ou antes, só dei, porque a minha filha mais nova, quando a levava para a Escola, me perguntava o porque de tantas bandeirinhas que ela não conhecia a adornar as carruagens dos autocarros e metro locais. Também dei conta que no sítio onde trabalho, lá estava a nossa bandeira juntamente com a da CE. Fiquei espantado com a quantidade de bandeirinhas estrelares neste país tão euro-céptico e tão longe da MittelEuropa, já que os suecos não são propriamente uns amantes do europeismo, e da ideia federalista que parece querem ressuscitar, para mal dos nossos pecados. Para acabar, volto ao inicío, aos cafés. Existe na nossa rica literatura contempor ânea um autor que se destaca pela abordagem que efectou ao fenónemo dos cafés, refiro-me a Álvaro Guerra, escritor/diplomata já falecido, e que tive o prazer de conhecer aqui em Estocolmo, quando era Embaixador de Portugal (Portugal tem vindo a ter representantes seus em Estocolmo com ligações à escrita. Para além de Guerra, refiro ainda Paulo Castilho com quem tive algumas conversas sobre a influência de Scorsese na sua escrita, e antes, Sotto Mayor. Mas isto fica para mais tarde). Como dizia, Guerra com a sua trilogia dos “cafés”, consegue em termos romanescos relatar os acontecimentos vividos desde a Primeira República até ao 25 de Abril, descrevendo intensivamente sobre o sentido clandestino de subversão que passava pelas mesas de muitos cafés de um Portugal em pleno regime de Salazar e de Caetano. Quem sabe, se também não pelo Moderno.
Interessante esta descrição sobre o significado dos cafés na cultura europeia e, porque não, na solidificação da democracia. Já Jurgen Habermas (filósofo alemão com fortes ligações à célebre Escola de Frankfurt, tendo sido mesmo estudante de Theodor Adorno, um dos fundadores do dito movimento) se referia à importancia do café como elemento primoderial na afirmação do indivíduo nas sociedades modernas, especialmente, na sociedade francesa e inglesa, vanguardistas na criação do espaço público interveniente. Na sua obra "The Structural Transformation of the Public Sphere: An Inquiry into a Category of Bourgeois Society", aparece descrita a distinção entre o privado e o público nas sociedades modernas. Mas, como o Rui bem o afirma, hoje, os cafés estão na memória de cada um, já que o espaço público por excelência é este onde nos encontramos, o ciberespaço.
A Europa. Estando eu em Estocolmo, não dei pelo dia da Europa. Ou antes, só dei, porque a minha filha mais nova, quando a levava para a Escola, me perguntava o porque de tantas bandeirinhas que ela não conhecia a adornar as carruagens dos autocarros e metro locais. Também dei conta que no sítio onde trabalho, lá estava a nossa bandeira juntamente com a da CE. Fiquei espantado com a quantidade de bandeirinhas estrelares neste país tão euro-céptico e tão longe da MittelEuropa, já que os suecos não são propriamente uns amantes do europeismo, e da ideia federalista que parece querem ressuscitar, para mal dos nossos pecados. Para acabar, volto ao inicío, aos cafés. Existe na nossa rica literatura contempor ânea um autor que se destaca pela abordagem que efectou ao fenónemo dos cafés, refiro-me a Álvaro Guerra, escritor/diplomata já falecido, e que tive o prazer de conhecer aqui em Estocolmo, quando era Embaixador de Portugal (Portugal tem vindo a ter representantes seus em Estocolmo com ligações à escrita. Para além de Guerra, refiro ainda Paulo Castilho com quem tive algumas conversas sobre a influência de Scorsese na sua escrita, e antes, Sotto Mayor. Mas isto fica para mais tarde). Como dizia, Guerra com a sua trilogia dos “cafés”, consegue em termos romanescos relatar os acontecimentos vividos desde a Primeira República até ao 25 de Abril, descrevendo intensivamente sobre o sentido clandestino de subversão que passava pelas mesas de muitos cafés de um Portugal em pleno regime de Salazar e de Caetano. Quem sabe, se também não pelo Moderno.
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