quarta-feira, junho 11, 2008

Bicicleta - uma excelente inevitabilidade urbana





Projecto. Câmara vai discutir rede de bicicletas públicas

Turistas são os que mais alugam velocípedes para passear na capital . A Câmara de Lisboa vai discutir hoje a criação de uma Rede de Bicicletas de Uso Partilhado na cidade. O projecto prevê a criação de pontos distribuídos pela cidade "onde serão disponibilizadas bicicletas, mediante um cartão", indicou fonte do gabinete do vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes. As pessoas podem utilizar as bicicletas e deixá-las em outro ponto da cidade, um projecto comum em cidades europeias, como na Holanda, Dinamarca ou Barcelona (Espanha). A CML lançou em Outubro um projecto que prevê criar 86 quilómetros de percursos - vias para peões, ciclovias, pontes - a ligar os espaços verdes da capital, até 2009. "O nosso objectivo é ter, nessa data, 45 quilómetros de percursos cicláveis", medida que irá ao encontro das críticas dos amantes da modalidade e que lamentam a falta de infra-estruturas.De acordo com proprietários de lojas que alugam bicicletas "são mais os turistas que procuram o serviço", havendo "desinteresse" dos lisboetas em andar de bicicleta.Bruno Horta, que vende e aluga bicicletas na loja Without Stress, diz que "é estranho para os turistas haver poucos ciclistas em Lisboa", pois consideram que "é uma cidade completamente ciclável". Para o responsável, "há cada vez mais carros na cidade e a autarquia continua a não considerar a bicicleta como um meio de transporte, mas apenas de lazer".Também na loja BTTour, "os lisboetas alugam esporadicamente bicicletas para um passeio". Para o proprietário José Neves, a falta de interesse em aderir a este meio de transporte estará relacionada com o facto de "não haver ciclovias" e as que existem estarem "ocupadas por carros"."É um produto que está morto", por "não haver promoção de bicicletas e ciclovias", observou. "As temperaturas, as inclinações, os pavimentos, o tráfego, os riscos de segurança e a falta de estacionamento para bicicletas" são factores que, segundo José Neves, dificultam quem quer aderir ao transporte alternativo.José Caetano, presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta afirma que Portugal é dos países onde menos se utiliza a bicicleta como principal meio de transporte, de acordo com um recente inquérito divulgado em 2007 pela Comissão Europeia. A dificuldade principal está na "falta de infra-estruturas, especialmente nas estações do metro e CP de Lisboa", porque aqueles que gostam da modalidade "têm de andar de bicicleta às costas", sugerindo que "deveriam ser criadas melhores condições para transportá-las".




Lisboa parece querer acordar. As cidades independentemente da sua dimensão terão que repensar as suas formas de mobilidade urbana. Esta louca espiral de construção de estradas, auto-estradas, viadutos, pontes, túneis e parques de estacionamento é um erro estratégico que já estamos a pagar caro. Um continente que baseia a sua mobilidade principal num só meio está, a prazo, a condenar-se. No caso das cidades estas têm de ser cada vez mais cicláveis e amigas do ambiente. Através de económicas e ajustadas decisões que promovam e favoreçam a mobilidade dos cidadãos através da bicicleta. A bicicleta não é hoje uma moda do politicamente correcto. Uma bela imagem que fica bem nos prospectos turísticos. Uma ideia que dá um toque de modernidade que cai sempre bem. Ela é uma das várias opções de mobilidade alternativa nos espaços urbanos, aliando uma enorme liberdade de decisão dos cidadãos à promoção da actividade física integrada no estilo de vida das pessoas e reflexos na sua saúde individual. De uma vez por todas, importa encarar a bicicleta como um meio alternativo de mobilidade, em que as políticas de promoção da sua utilização devem vincá-lo activamente. Para quando de uma forma consistente um projecto desta natureza em Águeda?

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