sexta-feira, janeiro 05, 2007

Olhar o passado é ajudar a pensar o futuro - Obrigado DR

Deniz Ramos
FUNDAÇÃO DO GINÁSIO CLUBE DE ÁGUEDA
A 1 de Janeiro de 2006 ocorreram cem anos sobre o início da vida associativa do Ginásio Clube de Águeda. A efeméride acabaria por passar totalmente despercebida. Dirigentes e associados continuam a considerar a data da aprovação dos estatutos como o ano da sua fundação e, decerto, determinar-se--ão a celebrar o centenário do clube em 1909. Com pompa e circunstância, naturalmente. Exige-o o seu contributo relevantíssimo nas áreas social e desportiva, ao longo de várias gerações. Mas, por mais justa e badalada que seja, a celebração do centenário em 1909 não corresponderá à verdade histórica. É que, quando os estatutos do clube foram aprovados, a 17 de Março desse ano, já o Ginásio Clube de Águeda vinha desenvolvendo intensa e múltipla actividade desde 1906. Inaugurara em 1 de Janeiro a sua sede social na rua Luís de Camões e na mesma ocasião elegera os primeiros corpos gerentes: Conde de Sucena, Presidente da Assembleia Geral, Conde de Águeda, Presidente da Direcção, e dr. João Elísio Ferreira Sucena, Presidente do Conselho Fiscal. Neste suplemento de Soberania do Povo teremos a oportunidade de abordar as circunstâncias da fundação do Ginásio Clube e de assinalar os principais actos das suas direcções entre 1906 e 1910.
Na última semana o semanário Soberania do Povo fez publicar um extenso trabalho da autoria do Dr. Deniz Ramos acerca da fundação e da história da mais antiga colectividade desportiva de Águeda, o Ginásio Clube de Águeda, designado na gíria aguedense por GICA. Sim, o GICA que nos recorda a nossa infância, das suas classes de ginástica orientadas pelo falecido Profº Elmano de Vasconcelos. Com os seus festivais de ginástica anuais e esquemas gímnicos, no final dos anos 60 do século passado. Que nos lembra ainda, quando fomos portadores da sua "velhinha" bandeira, de um tamanho enorme, que mais tarde viemos a reencontrar, não como bandeira mas como "decor" de parede. Por isso era tão grande. O GICA onde (em conjunto com o Ramiro, o João de Paredes e o Guilhas) fundámos um núcleo de Rugby em Águeda. O GICA onde desenvolvemos alguns interessantes projectos desportivos, já no âmbito da nossa actividade profissional. É desse GICA que o Dr Deniz Ramos nos fala, recordando, mas principalmente registando a sua fundação, os seus primeiros passos como colectividade desportiva aguedense. Trata-se de algo imprescindível em qualquer comunidade que se preze. Fazer registo da sua história, das suas pequenas "estórias" que lhe garantem singularidade. E nesse ponto, modestamente, entendemos que o Dr Deniz Ramos tem realizado um trabalho de pesquisa e investigação sobre a história local e regional, que nem sempre tem merecido a devida atenção. Até porque a forma como o faz, a mestria investigativa que não se resigna à "factualização" da história, mas nos enrola nas "estórias" pessoais e nas pequenas/grandes subjectividades das pessoas que foram os protagonistas da acção. E com isto revela não só a qualidade da pesquisa, como um trabalho de "historiador relojoeiro" preocupado e atento tanto aos grandes factos, como às minúsculas questões. E se neste caso o seu trabalho beneficia e regista a história do GICA, outros temas e outras colectividades têm merecido a sua atenção. É imperioso afirmá-lo. Um dos desígnios da afirmação identitária de uma comunidade reflecte-se pela forma como ela olha para o seu passado e tira partido dele. Quanto a nós Águeda tem tirado pouco partido do seu passado.
Obrigado Dr. Deniz.
PS - obviamente este post não pretende ser simpático para ninguém......mesmo que sejam bloguistas judeus... É o que penso.

1 comentário:

Norte disse...

Caro RN. Como não podia deixar de ser, acuso o toque e agradeço o comentário efectuado sobre o artigo que o meu Pai escreveu sobre o GICA na "Soberania do Povo". Li-o, também, não fosse eu o único (presumo) assinante da "Soberania do Povo" a viver na Suécia. Gostei, particularmente, o facto de teres descrito o meu Pai como sendo um "historiador relojoeiro". Pena, ele não ser dado ao ciberespaço, para entrar neste blogue. Isso terá que ser o outro Oliveira e Silva a ver se o convence. Também fui atleta do GICA, de ténis de mesa (assim como fui do Recreio e da A. Académica de Águeda). Recordo-me que os treinos eram no edifício dos antigos Correios e que eram muito concorridos e bem organizados.