Ainda a Carta Educativa de Águeda?
A Carta Educativa de Águeda (CEA) iniciou a fase de discussão e votação política. Não pretendendo escrutinar os seus conteúdos, importa salientar que se trata de um documento que é (devia) ser encarado como de valor estratégico para o pensar da educação e qualificação dos cidadãos do concelho. Uma CEA não é (não devia) ser unicamente um documento escrito para responder a quesitos da administração central ou regras da Comunidade Europeia. Muito menos como mero cartão de visita para candidatura a financiamentos de programas comunitários ou nacionais. Ela deveria encerrar uma oportunidade de analisar em profundidade, através da participação de técnicos qualificados na área da Educação, o empenhamento dos gestores dos agrupamentos de escolas, dos professores de diferentes níveis de ensino, dos pais e encarregados de educação, dos funcionários, dos presidentes das juntas de freguesia e de todos os cidadãos interessados, de forma a ser motivo de troca de ideias e opiniões para que o futuro que se decide não resulte de meros resultados de quilómetros, nº de alunos, rácios e custos financeiros. Num tempo de racionalização das decisões, estes procedimentos são instrumentais e não a razão das decisões. Algumas questões para as quais importaria encontrar respostas:
- Faz sentido agrupar no mesmo edifício vários níveis de escolaridade, abarcando um amplo leque etário?
- Qual a dimensão de escola sensata e pedagogicamente justificável, em termos de nº de alunos? 250? 500?
- Como responder à assimetria territorial do concelho face à dispersão demográfica da zona serrana?
- Como justificar a abertura do ensino secundário numa escola privada, quando temos na rede escolar duas boas escolas?
- ...
O debate exigido para qualificar a CEA, não se esgota na ideia de produzir um melhor documento sobre a rede escolar de Águeda. Mais importante do que isso, era ter "partido toda a pedra" com os Presidentes das Juntas de Freguesia, ter ouvido e dialogado com os Conselhos Executivos dos Agrupamentos de Escolas, auscultar e reflectir com os pais e seus representantes. Não estou a dizer que nada foi feito, mas sim que o CONSENSO EXIGÍVEL a partir do debate e da discussão franca e aberta, não é compatível com o facto de cada um de nós ..........ser a favor ou ser contra esta proposta de CEA.
O mundo há muito que deixou de ser branco ou preto...
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