O grau zero da política
O Governo usará todos os meios ao seu alcance para ajudar os portugueses a ultrapassar as dificuldades impostas pela "grave crise económica e financeira". A garantia foi dada ontem pelo primeiro-ministro numa mensagem de Natal dirigida ao País, onde recordou as medidas tomadas pelo Executivo. Na mensagem, Sócrates chamou a si, inclusivamente, a descida das taxas de juro afirmando que, "criámos as condições para que baixassem os juros com a habitação", atirando para segundo plano as decisões do Banco Central Europeu. in Correio da Manhã 26.12.08.
Quando pensamos que já ouvimos de tudo, enganamo-nos. Quando imaginamos que não é possível baixar o nível, surpreendemo-nos. Quando conjecturamos que a "elite política do bloco central" ainda tem alguma lata política, desiludimo-nos. Como entender afirmações desta natureza, na quadra natalícia? Como compreender este ar caritativo, tendo como pano de fundo o novo ano? Como aquilatar do valor destas afirmações, num tempo pós-ajuda/dádiva à banca portuguesa?
Mas, a razão de ser e de estar politicamente de um PM não é claramente "ajudar os portugueses a ultrapassar as dificuldades"? Estaria o nosso PM a referir-se a outros portugueses que não aqueles que têm sido ajudados até agora? Pensaria o nosso PM nos portugueses que não integram o bloco central?
Para além da demagogia sobre as taxas de juros dos empréstimos à habitação, como é possível encenar tanta farsa e hipocrisia? Assume-se agora que tudo o que foi pensado e feito ao longo destes anos, não foi para ajudar os portugueses? Considera-se que "agora é que é" a sério. Com orçamentos de estado de faz de conta, vamos iniciar 2009 em clima político de pré-campanha eleitoral, em que agora até os 3% do deficit público já nada importam. Com as trapalhadas habituais mascaradas pelas excelentes agências de comunicação que tudo esmagam em termos de comunicação social, chega para completar o ramalhete o inenarrável Pedro Santana Lopes, figura apenas consumível politicamente neste país.
Politicamente 2009 não augura nada de bom. Em cima das políticas de trapalhadas, temos ainda o regresso à luz potente dos holofotes desta figura que Manuela Ferreira Leite não teve a coragem política de vetar para a candidatura autárquica a Lisboa.
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