O financiamento partidário e as bifanas da Festa do Avante
Num quadro de "quase unanimidade" do leque partidário da Assembleia da República, a legislação que regula (ou busca regular) o processo de financiamento dos partidos políticos, sofreu fortes alterações, com maior incidência na forma de obtenção de financiamento, na ausência de registos documentais sobre o seu quantitativo e origem, bem como no montante total autorizado. Tudo isto foi aprovado, por um estranho acordo entre todos os partidos políticos, com uma justificação ridícula e quase caricatural de que o PCP no âmbito da sua Festa do Avante, teria dificuldades em controlar e registar todos os copos de tinto, todas as minis, todas as bifanas e croquetes vendidas voluntariamente nas barraquinhas da festa. E assim, observamos como com uma justificação mínima (1 bifana 1-2 €) se abre a porta escancarada a financiamentos pouco transparentes e de valores desconhecidos.
Num tempo de crise em que todos sentimos as dificuldades, não faz de todo sentido que mais uma vez os partidos políticos, se destaquem por dar os piores exemplos. Estes indicadores não ajudam à credibilização da democracia, sendo ainda mais caricato quando poucos dias depois após a aprovação da legislação na generalidade, vozes sonantes dos partidos, vêm colocar a possibilidade de ser reapreciada em breve. Num quadro de crise económica e com o flagelo do desemprego a aumentar o que os partidos políticos têm de fazer é baixar drasticamente os custos das suas campanhas, centrá-las nos conteúdos políticos das suas mensagens e de forma clara e imediata disponibilizar on-line o acesso a toda a informação de receitas e despesas realizadas.
É caso para dizer que a bifana está a ganhar à internet...
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