quarta-feira, março 14, 2007

Carta Educativa ou o documento desnecessário

Está em curso em Portugal, uma profunda reorganização da rede escolar ao nível do 1º Ciclo do Ensino Básico. Se o exagero do número de escolas com menos de 10 alunos, era evidente, a ordem cega e demencial é fechar em quase todo o lado, sem olhar aos contextos e à realidade. Passar de uma rede com trinta escolas para três, (como acontece em alguns concelhos) parece-nos um disparate ainda maior. Mas como resolver o problema? Como definir com equilíbrio e bom senso, a justa medida? Como fundamentar as decisões, tendo em conta cada realidade sócio-educativa?
Desde 2003 que todas os Municípios deveriam ter elaborado a sua Carta Educativa. Um documento que fizesse o levantamento da realidade escolar, não só ao nível de infra-estruturas, como da demografia escolar e sua visão prospectiva. Que condições possui a escola do 1º CEB das Chãs (Macinhata)? Em que estado se encontra a escola do 1º CEB de Castanheira do Vouga? Como funcionam as aulas e as Actividades de Enriquecimento Curricular nas escolas do concelho? Quantos alunos existem? O número de alunos está em crescimento? Há freguesias com maior potencial de crescimento do que outras? ...
Em Águeda a Carta Educativa por motivos vários ainda não foi produzida. Em Águeda quanto à realidade da rede escolar ainda falamos de cor, sem dados. Em Águeda a Carta Educativa está em elaboração (lenta), quando municípios vizinhos (Anadia, Aveiro) já a discutiram e já se encontram a tomar decisões em função da sua informação. Mas como somos diferentes em Águeda. Apesar de não termos ainda elaborado a Carta Educativa, já começámos a tomar decisões sobre a rede escolar. Confuso? Só para alguns .... Já se referem escolas que fecham, centros educativos (designação horrível!!!) a construir, terrenos em aquisição, deslocação de alunos, etc.
Que sentido faz estar a elaborar a Carta Educativa e em simultâneo ir anunciando o que se vai fazer? Que sentido faz tudo isto? Que racionalidade? Que eficácia?
PS - Por considerarmos "demasiado original", abstemo-nos de emitir opinião acerca da forma e metodologia de elaboração da Carta Educativa, "dirigida" de Lisboa por um gabinete....

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