terça-feira, novembro 04, 2008

O dinheiro, o BPN, a crise e a nacionalização

Portugal tem sido ao longo dos últimos dez anos um país fustigado por um discurso estruturado em torno das palavras crise e "deficit". Todos os dias os portugueses são bombardeados com constantes alusões sobre o despesismo do Estado, o constante endividamento das famílias e empresas e a cruel ausência de liquidez. No entretanto fomos ouvindo que "a banca portuguesa tem elevados níveis de produtividade", que "a banca portuguesa apresenta índices de modernização" que "a banca portuguesa apresenta uma forte solidez" "blablabla"...

Tudo isto num contexto de glorificação do liberalismo económico e do valor sacro-santo do mercado como mezinha para todos os males e bússola para todas as decisões. Para tudo o mercado serviu...

Neste quadro de início da transição de uma crise financeira para uma crise económica sem precedentes, o Estado qual Luís de Matos ilusionista começa a fazer aparecer euros de todo o lado. Ele são 700 milhões "para salvar o BPN e manter a confiança na banca", ele são mais 4 milhões como garantias para o reforço do capital dos bancos, ele são 20 mil milhões de garantias para os bancos poderem aceder a créditos... Isto é a banca, actividade económica privilegiada que é taxada fiscalmente a um valor médio de 11% de IRC, que usa e abusa de poder dominante sobre os seus clientes (salvo raras e honrosas excepções) como foi o caso dos arredondamentos nos créditos à habitação, que não tem uma verdadeira supervisão, nem entidade reguladora, mas antes uns "intocáveis do regime" a fazer figura de cera, que ao longo dos últimos anos se vangloriou dos seus lucros consecutivos aos milhões de euros distribuídos por administradores e accionistas... precisa agora da mão e dos euros de todos nós. Para os momentos dos lucros chorudos não se passa nada, fica tudo em família, para os abanões que ponham em causa a continuação desses lucros, os euros do Estado (em nome da imagem da banca, sempre!!!) são necessários e fundamentais.
Um país do faz de conta, em que a usurpação entrelaçada com a ausência de valores éticos justificam o injustificável.


PS - Poderá o caso BPN após as declarações de Miguel Cadilhe, ter a justificação insondável do grande poder maçónico?

Sem comentários: