A demência galopante...
O Ministério da Educação está a regulamentar a carreira dos seus professores. Não com a busca da qualificação dos professores, antes ofendendo a sua dignidade humana, ao considerar para contabilização da sua assiduidade ao longo dos anos, as faltas dadas por motivos de saúde, formação profissional e inclusivé (pasme-se!!!) por nojo. Como afirma um dirigente sindical "Se um professor a quem morra um filho ficar em casa os cinco dias previstos na lei fica automaticamente com quase zero pontos na assiduidade. É totalmente ilegal, além de ser de uma violência e injustiça terríveis" (Público, 26.02.07).
Há um desnorte que já tem pouco de orientação política e de racionalidade de gestão da administração pública. Estamos no limiar do delírio governativo, com graves implicações na vida das escolas portuguesas e imprevisível impacto futuro. Até quando?
Biba o TGV e o Aeroporto da Ota canhões do nosso desenvolvimento...
3 comentários:
Caro RN,
Assíduo é quem vai trabalhar.
Uma coisa é avaliação de cada falta per si e a adequada medida dissuasora a aplicar, e, outra coisa, há-de ser avaliar a assiduidade e premiá-la.
Isto é, as faltas punem-se (ou não) e a assiduidade premeia-se
Cada coisa a seu tempo. E cada uma com os seus objectivos e metodologias próprias.
Por isso, não baralhemos argumentos. Passamos a vida a chamar demagógicos aos políticos...
E nisto, seja professor seja o que for.
O pior que uma classe pode fazer por ela é mostrar de si uma imagem de "coitados", atacados por todos e sem defesas.
E, no caso, ninguém vai acreditar que uma classe, que é elite da sociedade (mais de 150.000 licenciados), não tenha defesas.
E a sociedade só espera dela uma elite!...
Caro SC
A questão divide-se em três planos articuladamente.
a) A assiduidade dos professores é um elemento fundamental para a vida das escolas. Mesmo que por vezes sejam mais as vozes do que as nozes...
b) O ME tem toda a legitimidade para identificar o critério da assiduidade como factor de candidatura;
c) Agora a legitimidade de meter toda no mesmo saco TODAS as faltas, demonstra uma atitude inqualificável. Do ponto de vista moral, jurídico e de administração as faltas de qualquer indivíduo, são diferentes. Será legítimo penalizar quem faz greve? Será legítimo penalizar quem tem um acidente? Será legítimo penalizar quem acompanha o funeral de um familiar directo?
É aqui e SÓ AQUI que para mim reside o problema da demência, que se ninguém parar terá que ser o Tribunal Constitucional.
Quanto a classe, coitadinhos e elite sempre entendi que só a prática quotidiana deve responder a estas questões. Em nome de uma qualquer solidariedade bacoca e balofa o nacional-porreirismo não pode legitimar tudo, sob pena de a prazo se virar contra os próprios...
um abraço
Caro Rn,
Antes de tudo, a assiduidade tem de ser considerada no plano da gestão. E a selecção de candidatos – candidatura é um conceito muito vago – é apenas um dos momentos em que critérios de gestão são (devem ser) considerados no âmbito da organização dos recursos humanos.
A gestão da Escola deve ser orientada, sempre, tendo em vista o serviço público que presta. Cabe ao gestor agir de forma a maximizar resultados na qualidade desse serviço. E os trabalhadores, em primeiro lugar, têm o DEVER de desempenhar as suas tarefas de forma a garantirem essa qualidade do serviço público prestado.
É esse o objectivo da Escola e é isso que os cidadãos reclamam. E é assim que deve ser.
Agora, tudo isto se deve desenvolver no estrito cumprimento da lei. E a lei, de acordo com a sua diferente natureza e reflectindo os valores morais e éticos da sociedade, estabelece diferentes penalizações para as faltas. E bem.
Mas no momento da selecção de um profissional, os critérios de selecção têm que ser definidos com o objectivo de “seleccionar o MELHOR profissional” para o lugar.
A assiduidade parece-me um critério importante. Que se defina o seu peso no conjunto critérios de “determinação” da qualidade (do profissional), bem assim como a “fórmula” para a sua determinação.
Neste contexto, quando um candidato for preterido por outro, pode dizer-se que foi PREJUDICADO porque apareceu outro melhor. Ora isto é que é EQUIDADE. E se todo o processo se desenrolar com TRANSPARÊNCIA, então pode dizer-se que se fez JUSTIÇA.
Mas não nos esqueçamos que uma falta de um professor, seja por doença, por morte de um familiar, por atrasos nos transportes ou simplesmente porque não acordou a horas (deixemos a greve de fora que isto é outro campeonato!), tem exactamente as mesmas consequências para o aluno. A “falha de serviço” é exactamente igual!
E deixemo-nos de ter medo das palavras. Os professores são uma elite e a sociedade quer que sejam uma elite. É-lhes proporcionada (e exigida) a máxima da formação académica disponível, e por isso a sociedade paga uma boa parte da factura dessa formação académica!
Agora, cumpre-lhes agir como tal?...
Um grande abraço
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