segunda-feira, junho 04, 2007

O pulmão e Bryan Ferry


Pois, estes médicos são uns chatos.
A uma semana da Maratona de Estocolmo, vou à consulta da minha médica especialista de doenças do foro respiratório e alergias (asma e doença do feno) e o resultado é alarmante: não me aconselha a participar os 42 K de Estocolmo, já que os meus níveis estão para além do normal. De facto, desde os princípios de Maio, depois do cross do Djurgarden (12 K), que vinha a sentir os sintomas típicos de quem sofre com alterações bruscas de temperatura e aumento do pólem na atmosfera. Sentia uma falta de ar constante e, por insistência de pessoa amiga, fui quase "obrigado" a visitar um especialista da matéria. E que especialista me saiu. Parecia que estava num filme da ex DDR a technicolor, ela, médica provavelmente formada no ex-bloco soviético, algures entre a DDR e a Bulgária, com todos os tiques e a virtudes que, para um ocidental, torna a situação a dar para um episódio da série dos anos 70 "Fawlty Towers", com John Cleese, muito séria a efectuar os testes. E o que deu. Que tinha uma grande inflamação pulmonar e que devia ser tratado com urgência. Desde essa altura, já lá vão 4 semanas, que ando sob receita médica e, malheureusement, sem treinar coisa que o valha. Ainda passei por Águeda, Porto e Aveiro, o meu "heimat" lusitano (do alemão, o lugar da casa, da origem) a correr, a ver se as águas da minha querida Barra me safavam da médica da cortina de ferro, mas nada. Regressei a Estocolmo, um dia depois de ver o meu fantástico e querido FCP (sou muito dado à religião azul e branca) ser, mais uma vez e justamente, campeão da lusitânia terra, mas com a inflamação lá bem dentro do raio do pulmão. Assim, é com muita pena e depois de treino de vários meses, que tive de anular a minha participação na edição deste ano da Maratona de Estocolmo. Estou pior que uma barata, mas já estou inscrito na edição do próximo ano. Para o ano é que vai ser, o azar não me pode bater à porta duas vezes. Entretanto, para fintar as tristezas, fui ao concerto do Bryan Ferry na semana passada, aqui em Estocolmo. E aí, nem os pulmões me impediram de gozar o belo espectáculo deste senhor de 61 anos com uma pedalada do outro mundo. Ouvir "Gates of Eden" de Dylan cantado por Ferry a 5 metros de distância, com uma banda de 10 elementos, foi um elixir que está a perdurar. Depois de quase 2 horas de Dylan by Ferry, das velhas cantigas dos Roxy Music, na magnífica sala do "Cirkus" (http://www.cirkus.se/), a noite a cheirar já ao solistício de verão que se aproxima a passos largos, com as noites claras por volta da 11 da noite, o regresso a casa pelo bosque de Djurgarden debaixo da luz nocturna com a poesia de Dylan musicada por Ferry nos ouvidos, o mundo até parecia um lugar pacífico e cheio de esperança. E Beirute tão longe.

2 comentários:

Unknown disse...

Está explicada a tua ausência. Pelos piores motivos. Imagino a desilusão de andar meses a treinar para não alcançar o objectivo de participar na maratona. Fica para o ano, com a certeza que estarás em melhor forma. A saúde sempre primeiro.

Põe-te fino ... porque como isto anda ainda podes entrar no plantel do FCP pró ano ...

João Branco disse...

Também já tive o prazer de ver esse grande senhor da musica, Bryan Ferry, no Festival das Dunas de São Jacinto, Aveiro.