sábado, junho 30, 2007

Ainda a Carta Educativa de Águeda ...

A Carta Educativa (CE) de um território é um instrumento fundamental para a rentabilização de recursos e a visão prospectiva na área educativa. Mas pensar que uma Carta Educativa se resume a contar cabeças de alunos, metros quadrados de salas e quilómetros de estradas, evidencia uma visão curta do problema. Obviamente também a CE não será a varinha de condão que tudo resolve por artes mágicas. Em Águeda a Carta Educativa em discussão (?!) é um não documento, porque tenta "esmagar" o leitor com números e mais números numa arte de copy paste, com intenções desmobilizadoras da análise e reflexão dos dados. Há claramente um "deficit" de reflexão contextualizada dos dados e sua extrapolação para as decisões futuras. Parece até que se encheu um saco com dados e mais dados, para legitimar decisões previamente tomadas e de duvidoso bom senso. De entre estas importará referir a falta de sensibilidade com que nos parece ter sido tratada a resposta educativa na zona serrana do concelho, que pela sua complexidade exigia redobrada atenção. Por outro lado, a excessiva centralização (ex: Águeda) criando escolas do 1º CEB com um número excessivo de alunos - com risco de "escolas armazém" - não pode ser a norma, mesmo em nome da racionalidade e rentabilização de recursos humanos e materiais. Há que fazer as transições entre o 8 e o 80 com a devida reflexão com a realidade.
Para evitar que o presidente Gil ande a apagar fogos pelas freguesias, bastaria que o processo fosse participado. Já não digo uma participação tipo "orçamento participativo" ... mas o claro envolvimento de responsáveis educativos e autárquicos. Sim, porque uma CE antes de ser um monte de papéis, tem de ser um processo de discussão, debate, opiniões e consensos. Sabemos que parece que no país, começa a estar na moda não discutir com ninguém, impôr, amordaçar opiniões, incentivar a delação, mas ... por vezes o povo começa a não ser tão sereno quanto isso...
Portanto para que a CE cumpra a sua função de planeamento educativo e não seja um documento decorativo, o debate (que por vezes pode e deve ser paroquial...) tem de se intensificar para decantar as verdadeiras necessidades estratégicas na área da Educação no concelho. Sim, porque não será demais lembrar que estamos a decidir para um futuro de 20/30 anos.

Águeda e a Educação

Texto de opinião publicado a 22.6.07 no semanário Região de Águeda e recusado no semanário Soberania do Povo (critérios azuis...).
As Actividades de Enriquecimento Curricular na Escola do 1º Ciclo
– Das actividades que temos ao projecto que queremos em Águeda

Rui Neves [1]

No âmbito das questões de melhoria da qualidade da escola do 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB), o Ministério da Educação (ME) apoia iniciativas de Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC) a serem desenvolvidas das 15.30 às 17.30 H em todas as escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB) do país. Nas orientações disponíveis para a sua organização são sugeridas a formalização de parcerias inter-institucionais lideradas pelos respectivos Agrupamentos de Escolas como se refere ao dizer que “Podem aceder ao apoio financeiro, em parceria obrigatória com agrupamentos de escolas, as autarquias locais, as associações de pais e encarregados de educação bem como as instituições particulares de solidariedade social.” (edital - programa de generalização do ensino de inglês e de outras actividades de enriquecimento curricular no 1º ciclo do ensino básico - abertura do regime de acesso ao apoio financeiro a conceder pelo Ministério da Educação 2006/2007). Ainda no mesmo despacho o ME refere, e muito bem que “As actividades de enriquecimento curricular no 1º ciclo do ensino básico são seleccionadas de acordo com os objectivos definidos no Projecto Educativo do agrupamento de escolas e devem constar do respectivo plano anual de actividades”. (ponto 8). De forma mais estruturada o ME define a natureza das AEC a desenvolver quando diz que “Consideram-se actividades de enriquecimento curricular no 1º ciclo do ensino básico as que incidam nos domínios desportivo, artístico, científico, tecnológico e das tecnologias da informação e comunicação, de ligação da escola com o meio, de solidariedade e voluntariado e da dimensão europeia da educação, nomeadamente:
a) Actividades de apoio ao estudo;
b) Ensino do Inglês;
c) Ensino de outras línguas estrangeiras;
d) Actividade Física e Desportiva;
e) Ensino da Música;
f) Outras expressões artísticas;
g) Outras actividades que incidam nos domínios identificados.” (ponto 9)

Em função da experiência desenvolvida nas escolas do 1º CEB de Águeda durante 2006/2007, com um grande envolvimento de dezenas de instituições com vinculação local e algumas empresas, importa reflectir sobre a melhoria das AEC e sua qualificação. Para tal, torna-se essencial evidenciar previamente que:

As AEC cumprem uma função de QUALIFICAÇÃO DO TEMPO LIVRE dos alunos no contexto da sua vida na escola do 1º CEB;
As AEC têm de ser entendidas como actividades que respondem ao LAZER ACTIVO dos alunos, através da sua implicação em diversificadas actividades;
As AEC integram o CURRÍCULO NÃO FORMAL dos alunos na escola do 1º CEB;
As AEC têm OBRIGATORIAMENTE de possuir características organizacionais diferentes das aulas curriculares, que as crianças tiveram até às 15.30 H;
As AEC não têm que SER IGUAIS em todas as escolas, para todos os alunos;
As AEC devem procurar centrar-se em actividades que respondam aos INTERESSES E MOTIVAÇÕES DOS ALUNOS de cada escola, contextualizando dessa forma a sua acção;
As AEC têm de deixar de ser como um MOSAICO que se constrói, em função de nº de alunos, nº de turmas, horas e actividades;

A qualificação das AEC a serem proporcionadas no contexto de uma liderança e coordenação pedagógica que se deseja mais activa e efectiva, apenas pode beneficiar os alunos e os contextos das suas aprendizagens. Isto, porque um projecto desta natureza, não ganha efectividade na vida das escolas, dos professores, dos alunos e dos pais, se não existir a devida articulação pedagógica, onde TODOS conheçam o que se faz, porque se faz e como se faz. Há que desenvolver entre os parceiros das AEC, canais de comunicação e coordenação, que foram um ponto fraco durante o presente ano lectivo.
A questão da liderança e coordenação pedagógica é essencial para que sejam salvaguardados os princípios pedagógicos das AEC, com reflexos na sua qualidade e organização no contexto das rotinas diárias dos alunos das escolas do 1º CEB. Ao contrário de alguns, entendemos que o interesse primeiro TEM QUE SER O DAS CRIANÇAS e não das instituições, das empresas intervenientes ou das vantagens financeiras dos parceiros. Nunca será demais relembrar que as AEC na escola do 1º CEB, existem para os alunos, não são os alunos que existem para as actividades a desenvolver. E muito menos para a vantagem financeira de quem participa livremente, sabendo as regras do jogo.

Porque deveria ser diferente em Águeda?

É hoje um dado muito claro para os pais e encarregados de educação, para muitos professores do 1º CEB e muitas instituições, que as AEC a desenvolver têm que fazer um percurso de valorização da diversidade de actividades, em que a essência do lazer das crianças, se possa respeitar numa lógica de liberdade de escolha, participação e vinculação. Para todos aqueles que acompanharam este primeiro ano das AEC na escola do 1º CEB, alguns problemas de comportamento dos alunos, não podem ser dissociados dos modelos organizativos dominantes em muitas das actividades. As AEC não podem ser mais do mesmo, repetindo modelos organizativos já vividos pelos alunos durante grande parte da sua rotina diária. Só assim, as AEC serão cada vez mais uma aposta de qualificação do lazer dos alunos e um factor de enriquecimento curricular da escola.
Perspectivando o próximo ano lectivo, é imperioso sistematizar um conjunto de dimensões, para que as AEC ganhem mais contextualização e vinculação na vida de professores, alunos, funcionários e pais:

- Que o projecto e/ou as actividades das AEC sejam do conhecimento de TODOS (professores, alunos e pais) antes do início do ano lectivo;
- Que o projecto e/ou as actividades das AEC a desenvolver nas escolas de Águeda, possua mais coordenação pedagógica, assente na intensificação do trabalho cooperativo entre as escolas e as instituições parceiras;
- Que o projecto e/ou as actividades de AEC respeite as rotinas diárias dos alunos, não introduzindo alterações de horários, justificados pela “rentabilidade financeira do negócio”;
- Que o projecto e/ou as actividades de AEC tire partido da massa crítica e das mais valias que cada instituição parceira pode fazer convergir para as AEC;
- Que o projecto e/ou as actividades de AEC continue a ser motivo de cooperação entre a comunidade local e as escolas;
- Que o projecto e/ou as actividades de AEC tenha associado ao seu desenvolvimento mecanismos da sua monitorização efectiva;
- Que o projecto e/ou as actividades de AEC seja essencialmente um projecto pedagógico, antes de ser um negócio;

Perante o exposto, consideramos que ver as AEC como uma mera resposta organizada às necessidades das famílias, é redutor. Elas são antes uma oportunidade de estimular o gosto e empenho das crianças pelas mais diversas actividades que possam preencher qualificadamente o seu tempo livre. Como exemplo, podemos referir a área curricular da Educação Física (que integra o currículo obrigatório na escola portuguesa do 1º ao 12º ano de escolaridade) e que, através das Actividades Físicas e Desportivas (componente das AEC) vê ampliadas as oportunidades de prática desportiva das crianças, num tempo de combate à inactividade física, a estilos de vida pouco activos e à obesidade infantil, verdadeira epidemia de saúde pública. Trata-se de um campo onde a articulação entre área curricular (Educação Física) e actividade de enriquecimento curricular (Actividades Físicas e Desportivas) pode e deve ser mais efectiva.
Faz todo o sentido relembrar que o ME obriga que as escolas do 1º CEB funcionem no chamado regime normal, onde as rotinas dos alunos são respeitadas repartindo as aulas pelo período da manhã e da tarde, surgindo as AEC como um projecto de enriquecimento do currículo e de qualificação do tempo livre através de um lazer activo, depois das 15.30 H.
Como pai, mas também professor, desejo que em Águeda a qualificação do projecto das AEC se faça a pensar nos alunos cujos interesses não podem ser marginalizados. Cujas motivações e interesses não podem ser colocados à margem. As rotinas diárias, os horários e a consequente qualidade de vida escolar não podem ficar à margem das decisões organizativas das AEC. À margem devem ficar todos aqueles que vêm nas AEC, unicamente uma “oportunidade de negócio” carente de fundamentação pedagógica, legitimidade legislativa e longe das motivações e interesses dos alunos das escolas do 1º CEB de Águeda.


[1] Presidente da Assembleia-geral de A FONTE – Associação de Pais e Encarregados de Educação das Escolas de Águeda.

sexta-feira, junho 29, 2007

Lê-se e não se acredita (VII)

A directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, Maria Celeste Cardoso, foi exonerada pelo ministro da Saúde por ter sido afixado nas instalações um cartaz considerado ofensivo para Correia de Campos.O cartaz, uma fotocópia de uma entrevista dada pelo ministro a a 6 de Agosto do ano passado, com o título "Nunca vou a um SAP nem nunca irei", foi colocado por um médico, vereador da CDU na Câmara de Guimarães, que acrescentou à mão: "Façam como o ministro e vão às urgências a Braga", apurou o DN. Maria Celeste Cardoso, casada com o vice-presidente da autarquia local, eleito pelo PSD, foi substituída no cargo por Ricardo Armada, vereador ddo PS na Câmara de Ponte da Barca.A exoneração ocorreu em Janeiro, mas o despacho só ontem foi publicado em Diário da República. Nele pode ler-se o seguinte: "Pelo despacho (...) do Ministro da Saúde, de 05 de Janeiro, foi exonerada do cargo de directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho (...), com efeitos à data do despacho, por não ter tomado medidas relativas à afixação, nas instalações daquele Centro de Saúde, de um cartaz que utilizava declarações do Ministro da Saúde em termos jocosos, procurando atingi-lo". in DN 29.6.07.
A liberdade continua a não passar por aqui. Depois do caso Charrua na DREN. Depois do bloguista do Portugal Profundo, que desde 2005 escreve sobre as habilitações académicas do nosso PM . Agora o Diário da República de um país deprimido e sem luz ao fundo do túnel, serve para demitir alguém, por causa de um cartaz considerado ofensivo do nosso ministro da saúde.
Até onde vai esta onda? Para onde caminhamos? Triste país entristecido com tristes governantes...

quarta-feira, junho 27, 2007

Rotaincerta.btt em Ponte de Lima

O grupo de BTT Rotaincerta, desta vez definiu o Minho para a sua rota certa de conhecer trilhos e caminhos fora de Águeda. E que trilhos, e que caminhos. Um bom exemplo de como com pouco se faz muito...centenas de Km de ecovias, cais de acostagem, bares de apoio, roteiros dos moínhos, etc. Formas positivas e activas de valorização do rio na vida das pessoas.
O grupo de BTT Rotaincerta, com uma fortíssima equipa que suportou o percurso de 57 Km nas margens do rio Lima, fez durante o fim de semana uma incursão por terras de Ponte de Lima (http://lagoas.cm-pontedelima.pt/) que muito fizeram reflectir sobre a Águeda que temos e aquela que desejaríamos ter... Aqui se registam imagens de tais belezas.







sexta-feira, junho 22, 2007

Nem o hóquei nos vale ...

A selecção portuguesa de hóquei em patins foi esta quinta-feira eliminada pela Suíça nos quartos-de-final do Mundial da modalidade, que decorre em Montreux. A jogar em casa, a selecção helvética impôs-se por 3-2 após prolongamento. Portugal chegou a dispor de uma vantagem de dois golos, apontados por Tó Silva e Reinaldo Ventura. A Suíça irá defrontar o vencedor do Brasil-Argentina nas meias-finais. Diario Digital 22.5.07

Nem no hóquei em patins conseguimos, sair desta letargia depressiva. As grandes equipas capazes de deliciar o país, a partir da genialidade de António Livramento e companhia, fazem parte da nossa memória colectiva. Até a Suiça já nos ganha no hóquei. Ó que isto chegou...

Até quando?


Conforme as coisas andam, talvez seja melhor o país dedicar-se à prática do hóquei subaquático... talvez seja mais próprio...

terça-feira, junho 19, 2007

OTA - localizações alternativas

O governo aceita analisar relatórios sobre novas localizações do Aeroporto Internacional de Lisboa como as hipóteses de Sines+2 (estudo a ser apoiado pela Galp), Alqueva+1 (a ser apoiado pelos produtores de azeite e porco preto) e Costa da Caparica+3 (pela Associação de concessionários de praia do Meco). Com toda esta abertura democrática e participativa, o governo dá mostras das suas intenções de considerar todas as possibilidades, desde que fundamentadas a partir de estudos ainda não realizados.

Alcochete e o pecado original – II

Parece que resultou tristemente premonitório o post anterior com este título.

Afinal, não foi assim tão exemplar a tal iniciativa da sociedade civil. Ele é o promotor (presidente da CIP) a dizer-se e a desdizer-se, o governo a dizer que já sabia, mas não estava a par, financiadores que foram, e que não foram, parceiros que estavam, e deixaram de estar, que foram avisados, e que não sabiam, que não negociaram, mas acordaram

Eu também gostava de acordar e ver que esta trapalhada não passava, afinal, dum pesadelo.

Porque sonhos, haverá ainda quem os tenha?

Portugal, futebol e ... vitórias morais


A selecção portuguesa sub-21 de futebol, não conseguiu passar à fase seguinte no campeonato europeu respectivo. Perdendo com a Holanda, empatando com a Bélgica e ganhando a Israel, à equipa portuguesa está destinado a disputa de um lugar europeu para os Jogos Olímpicos de Pequim, através de um jogo com a Itália.
O "filme futebolístico" que vimos neste europeu foi igual a muitos outros. Uma comunicação social que hipervaloriza a nossa equipa e os seus jogadores e desvaloriza os outros. Depois dentro do campo as coisas são sempre um pouco diferentes... Mais uma vez, dei comigo a reflectir acerca de algumas das ideias que tenho sobre o nosso futebol e as razões para estes insucessos, por vezes pouco previsíveis.
Em termos individuais, ao contrário de outros países, os nossos jovens são profissionais "muito cedo" em termos do seu percurso de vida e confrontados muitas vezes com um estrelato e uns holofotes da comunicação social, que podem ofuscar o normal desenvolvimento de um jovem jogador. Com isto muitos dos nossos jovens "armam-se em vedetas" muito cedo e é visível nestes jogos internacionais como as suas prestações desportivas são banalizadas. Muitos deles são estrelas confirmadas nos seus clubes e reconhecidos como jogadores transferíveis, em que o que se discute é apenas o valor dos €€€ da cláusula de rescisão. Obviamente que psicologicamente estes ingredientes aos 19/22 anos podem ser perturbadores do rendimento desportivo.
Em termos colectivos, tenho para mim que à excepção da selecção de Riade (João Pinto e companhia tacticamente pareciam um relógio suiço), Portugal nunca teve verdadeiras equipas. Nunca desenvolveu futebol assente num colectivo, em que o valor brotasse da articulação das suas peças. O sucesso, as vitórias estiveram sempre muito mais dependentes da iniciativa de excelência de um ou outro jogador de eleição que em cada geração de jogadores surge. Dependente do génio e criatividade individual de um Figo, Rui Costa ou outro. Se em certos jogos a excelência dos predestinados não surge, então o nosso futebol bloqueia e restam-nos as vitórias morais, as desculpas dos árbitros e os treinadores da escola Scolari. O melhor e triste exemplo foi a euforia do Euro-2004, em que morremos na praia às mãos de uma equipa de futebol, bem treinada e orientada. Podem dizer que sempre foi assim e assim será. Mas teremos futuro se continuarmos a desperdiçar a excelência de jogadores de futebol como os da geração desta equipa de sub-21? Teremos sempre de ficar expectantes à espera do pique de Nani, da visão do Moutinho, do remate poderoso do Miguel Veloso (desculpem lá, só sairam lagartos!!!)? Ou não é possível conjugar as individualidades que fortaleçam e acrescentem valor à equipa. Sim, porque para lá da genialidade reinante dos jogadores portugueses de futebol, este ainda continua a ser um jogo colectivo.

Relembro aqui a recente entrevista de Artur Jorge sobre o seu Benfica dos anos 70. Dizia ele que as pessoas não faziam ideia do elevado nível de desorganização da estrutura que era completamente branqueada pela excelência desportiva dos jogadores ...

sábado, junho 16, 2007

A Matemática, a ministra e a liberdade

O PÚBLICO avança na edição de hoje que a Associação de Professores de Matemática (APM) foi convidada a sair da comissão após criticar publicamente as declarações da ministra, Maria de Lurdes Rodrigues, sobre os exames nacionais do 9º ano, no final de uma reunião de balanço do primeiro ano do Plano de Matemática, a 22 de Maio. PUBLICO 12.6.07


A lógica matemática entrou em conflito com a liberdade de opinião. Quem opina arrisca-se a ser excluído. Inclusivé de uma qualquer comissão de acompanhamento. Um programa nacional e oficial de fpromoção das boas práticas de aprendizagem da matemática, pode prescindir da associação representativa dos responsáveis por essas aprendizagens. Os professores de matemática. Porque pensam. Porque emitem opinião. Porque são avessos ao beija-mão.
Tolera-se a liberdade de opinião de cada um, mas quando essa opinião deixa de ser restrita e adquire expressão pública começa a ficar o caldo entornado. Neste momento em Portugal, já faltou mais para a aplicação da máxima "quem não é por nós é contra nós"

Até quando???

sexta-feira, junho 15, 2007

Extractos de uma entrevista

Da entrevista da DREN – Directora Regional de Educação do Norte (DN de 14-06-07)

Mas a escalada desta campanha, que começou a surgir um pouco por todo o lado, intensificou-se e está a pôr em causa uma coisa que eu acho sagrada, os trabalhadores da Direcção Educação Regional do Norte (DREN). E, ainda mais grave, tenta beliscar as escolas. Não percebo a escalada sobre mim: é objectivamente uma campanha difamatória, que ataca esta casa e estas pessoas para chegar a mim.
Oh senhora directora, não se justifique com os outros. Olhe que eles, porventura, nem querem que a senhora os defenda!...
Como muito bem diz, a “escalada é sobre si”. Não ouvi ainda qualquer referência aos trabalhadores da DREN (tirando o queixinhas!).

Chamei algumas pessoas, houve conversas, tomei decisões, como "para o ano não conto consigo".
Não era mais “ético” ter feito exactamente isso com o Sr. Charrua? Se ele não era preciso, e eu à distância acredito mesmo que sim (não estaria alinhado com as políticas, não era necessário um professor para a função, a função já não era necessária, um professor que há 20 anos não o era, etc, etc…), dispensava-se. Atingia os mesmos resultados. E de forma certa!

É um insulto ao cidadão José Sócrates, que além de cidadão é o primeiro-ministro de Portugal.
Insulto: Ofensa, ultraje, por actos ou palavras, ataque súbito (Dicionário Prático Ilustrado, Lello & Irmão, 1963)
Como se vê, para que haja insulto é necessário que alguém se sinta insultado, ofendido, ultrajado, atacado.
Sei que teve 48 horas, mas não acredito que tenha falado com o tal cidadão (que além disso é Primeiro Ministro) para saber como ele se sentia, qual era o seu estado de alma.
E lembre-se que foi apenas nomeada DREN (Directora Regional de Educação do Norte) e não (PPEASPS) Protectora Permanente dos Estados de Alma do Senhor Pinto de Sousa.
Por isso, inclino-me para que o processo ao Sr. Charrua é antes devido a exorbitância de competências. Como disseram os Gatos Fedorentos, as graçolas ao Sr. Pinto de Sousa são da exclusiva competência do Ministro Mário Lino.

Não gosto de me vitimizar como mulher, mas nos últimos dias, volta e meia, naquilo que eu tenho lido, vejo claramente uma forma de me atacar que não aconteceria se eu fosse um homem.
Se não gosta de se vitimizar como mulher para que é que o está a fazer? Não insulte, a senhora, a nossa inteligência!

Eu sei que durante dois anos mexi em muitos interesses. Agora há muita gente a aproveitar a boleia para tentar alguma coisa, disso não tenho dúvida.
Há muita gente a aproveitar a boleia porque a senhora directora lhes arranjou um autocarro, parou, abriu a porta e estendeu uma passadeira para entrarem. E agora anda de bandeja (comunicados e entrevistas) a servir-lhes bolinhos durante a viagem.

PS. Não é necessário ser-se arrogante, prepotente e não respeitar os outros para realizar o trabalho com firmeza e eficácia. Num serviço público exige-se ética, respeito e dignidade, em suma, agir com decência.

quarta-feira, junho 13, 2007

Alcochete e o pecado original

Foi generalizadamente festejado o pomposo nascimento do estudo da CIP que colocou Alcochete no mapa das possíveis localizações para o novo aeroporto de Portugal (Lisboa?).

A Ota ganhou concorrente bem apadrinhado e com a bênção do PR.

Pena que tenha nascido com um pecado original. O Presidente da CIP afirmou que nunca ("jamais" foi o outro que disse) diria a origem dos fundos que financiaram o estudo.

De transparência estamos confessados.

Que o Espírito Santo lhe valha!...

domingo, junho 10, 2007

Educação Física - Uma boa medida

A Educação Física (EF) no ensino secundário, passa a ter a partir do próximo ano lectivo duas aulas semanais, abandonando o carácter discricionário de decisão da sua carga curricular ao sabor de cada escola. Num momento em que os portugueses continuam a ser dos europeus com menor participação desportiva (atrás de nós só os gregos!!!) e em que crianças e jovens parecem pautar os seus estilos de vida pela inactividade e o sedentarismo, esta é uma boa medida do Ministério da Educação (ME). É um sinal dos tempos, acerca da valorização da actividades física e desportiva na vida dos jovens, por forma a que ela os acompanhe ao longo da vida adulta. A EF viu reduzida a sua carga horária, os "budgets" financeiros de apoio e as políticas da sua promoção nos últimos anos do século passado (ex: Estados Unidos), mas com o impacto preocupante dessas decisões na saúde de crianças e jovens, as sirenes de alarme começaram a tocar estrondosamente e a inverter tais orientações. A EF não é "aprender um desporto". A EF tem de ser um processo de socialização a uma cultura motora, capaz de fazer de cada criança e jovem um futuro cidadão com um estilo de vida em que o prazer da prática se alie à descoberta das potencialidades próprias.

quarta-feira, junho 06, 2007

Tupakointi kielletty!!!

A minha mais recente visita à Finlândia foi marcada por um acontecimento que, por acaso, vem na sequência dos 'posts' anteriores, curiosamente todos eles publicados por fumadores não-praticantes. Aqui fica a história (de um fumador praticante): era uma vez um grupo de portugueses que se encontrava numa cervejaria de Tampere em animada cavaqueira. Alguns deles, fumadores praticantes, tinham acabado de acender os seus cigarros (cerca de 15 cêntimos cada um para quem foi prevenido de Portugal, cerca de 22 cêntimos para os outros), e, de repente, uma das funcionárias da casa 'invadiu' o nosso espaço e, assertiva, disse: "Tupakointi kielletty!!!"..., refraseando quando percebeu que estava na presença de estrangeiros para (em inglês): "segundo a lei finlandesa, a partir de 1 de Junho de 2007, é proibido fumar em locais onde se serve comida". Retirou de rompante os cinzeiros que estavam em cima da mesa e, os fumantes não tiveram outro remédio senão o de apagar os seus preciosos cigarros. Perplexos, olhámos para o relógio: 0h02m! Dois minutos depois do dia 1 de Junho de 2007 ter começado, a lei começou a ser cumprida sem dó nem piedade! Terá sido a primeira vez que vi uma lei entrar em vigor no terreno! Dura lex sed lex (ou melhor sed praxis!).
Mais do que responder a provocações dos bloguistas não fumantes, aqui fica mais um input para percebermos a posição da Finlândia no ranking do desenvolvimento...

segunda-feira, junho 04, 2007

O pulmão e Bryan Ferry


Pois, estes médicos são uns chatos.
A uma semana da Maratona de Estocolmo, vou à consulta da minha médica especialista de doenças do foro respiratório e alergias (asma e doença do feno) e o resultado é alarmante: não me aconselha a participar os 42 K de Estocolmo, já que os meus níveis estão para além do normal. De facto, desde os princípios de Maio, depois do cross do Djurgarden (12 K), que vinha a sentir os sintomas típicos de quem sofre com alterações bruscas de temperatura e aumento do pólem na atmosfera. Sentia uma falta de ar constante e, por insistência de pessoa amiga, fui quase "obrigado" a visitar um especialista da matéria. E que especialista me saiu. Parecia que estava num filme da ex DDR a technicolor, ela, médica provavelmente formada no ex-bloco soviético, algures entre a DDR e a Bulgária, com todos os tiques e a virtudes que, para um ocidental, torna a situação a dar para um episódio da série dos anos 70 "Fawlty Towers", com John Cleese, muito séria a efectuar os testes. E o que deu. Que tinha uma grande inflamação pulmonar e que devia ser tratado com urgência. Desde essa altura, já lá vão 4 semanas, que ando sob receita médica e, malheureusement, sem treinar coisa que o valha. Ainda passei por Águeda, Porto e Aveiro, o meu "heimat" lusitano (do alemão, o lugar da casa, da origem) a correr, a ver se as águas da minha querida Barra me safavam da médica da cortina de ferro, mas nada. Regressei a Estocolmo, um dia depois de ver o meu fantástico e querido FCP (sou muito dado à religião azul e branca) ser, mais uma vez e justamente, campeão da lusitânia terra, mas com a inflamação lá bem dentro do raio do pulmão. Assim, é com muita pena e depois de treino de vários meses, que tive de anular a minha participação na edição deste ano da Maratona de Estocolmo. Estou pior que uma barata, mas já estou inscrito na edição do próximo ano. Para o ano é que vai ser, o azar não me pode bater à porta duas vezes. Entretanto, para fintar as tristezas, fui ao concerto do Bryan Ferry na semana passada, aqui em Estocolmo. E aí, nem os pulmões me impediram de gozar o belo espectáculo deste senhor de 61 anos com uma pedalada do outro mundo. Ouvir "Gates of Eden" de Dylan cantado por Ferry a 5 metros de distância, com uma banda de 10 elementos, foi um elixir que está a perdurar. Depois de quase 2 horas de Dylan by Ferry, das velhas cantigas dos Roxy Music, na magnífica sala do "Cirkus" (http://www.cirkus.se/), a noite a cheirar já ao solistício de verão que se aproxima a passos largos, com as noites claras por volta da 11 da noite, o regresso a casa pelo bosque de Djurgarden debaixo da luz nocturna com a poesia de Dylan musicada por Ferry nos ouvidos, o mundo até parecia um lugar pacífico e cheio de esperança. E Beirute tão longe.

domingo, junho 03, 2007

Á larga banda cá vamos indo ...

Primeiro grupo: os estudantes
Já a partir de Setembro, todos os estudantes que se inscreverem no 10º ano terão acesso a um computador e à ligação em banda larga, a um preço muito reduzido, em função do rendimento do respectivo agregado familiar. Com esta medida, nos próximos três anos, atingiremos 240 000 estudantes.
São criados três escalões:
O primeiro escalão abrange os alunos beneficiários da acção social escolar. Para estes alunos será fornecido um computador portátil sem qualquer pagamento inicial e a utilização da banda larga custará cinco euros por mês durante três anos.
O segundo escalão diz respeito aos alunos que não são beneficiários da acção social escolar mas que têm agregados familiares com baixos rendimentos. Para estes o computador será também fornecido sem necessidade de qualquer pagamento inicial, sendo a mensalidade de ligação à banda larga de 15 euros também durante três anos.
No terceiro escalão estarão os restantes alunos. Esses terão acesso a um computador portátil, pelo valor de 150 euros, e terão acesso à Internet em banda larga, pagando menos 5 euros por mês do que os preços oferecidos no mercado. Esta possibilidade também vigorará por três anos.
O computador é hoje uma ferramenta didáctica absolutamente fundamental nas sociedades modernas. Queremos que eles sejam vulgarizados e massificados e sejam de utilização tão comum quanto os livros e os cadernos. É assim que se constrói hoje uma escola de oportunidades e uma escola de futuro.
Segundo grupo: os professores
Todos os professores do Ensino Básico e Secundário terão acesso a um computador portátil, com um pagamento inicial de 150 euros. Estes professores terão também acesso à Internet em banda larga, com uma mensalidade que o Estado garante que será 5 euros inferior aos preços praticados no mercado.
Desta forma o Estado garantirá aos professores um acesso aos computadores em condições únicas, tal como garantirá uma tarifa mais barata no acesso à banda larga. Esta opção é feita em nome de uma educação melhor, em nome da qualificação, e em nome do contributo que os professores podem dar para difusão e para o sucesso de uma economia baseada no conhecimento.
Terceiro grupo: os trabalhadores em formação
Todas as pessoas que se inscrevam no Programa Novas Oportunidades terão acesso a um computador portátil com um pagamento inicial de 150 euros. E beneficiarão também do acesso à Internet em banda larga com uma mensalidade de 15 euros válida por um ano. Jose Sócrates discurso na AR 31.5.07
Desemprego, despedimentos, destruição do Serviço Nacional de Saúde, emigração portuguesa, desertificação do interior, dinâmicas de desenvolvimento desiguais entre as regiões, desigualdade gritante entre pobres e ricos, carga fiscal maximizada, valorização da especulação bolsista como "actividade económica", excessiva e desproporcionada presença portuguesa em missões militares internacionais, "normalização" da precaridade laboral ...
Nada disto interessa ...
O que é preciso é dar um portátil a um desempregado ...
Dar banda larga a quem só vê futuro na emigração ...