domingo, dezembro 24, 2006

Kalle Anka och hans vanner


Estocolmo, 24 de Dezembro.
Se cá nevasse fazia-se cá ski. Para quem ainda se recorda da letra da música dos "Salada de Frutas", não podia ser mais certa para este Natal sueco de amenas temperaturas, para tristeza dos meus amigos suecos. Os que podem, apanham os poucos lugares nos aviões e comboios para a Norrland, no Norte não muito longe do círculo Polar, já que aí parece haver neve. Por mim, passo bem sem a dita. Hoje, dia de Natal, o Sol visitou-nos. Como sempre nestas alturas, calcei as sapatilhas e lancei-me à floresta, livre de "concorrentes", já que os suecos esmeram-se na preparação da noite de Natal. Uma paz, ter a floresta nestas condições, com a ténue luz solar a tentar derreter o gelo que já cobre os caminhos florestais, criando sombras quase chinesas através das altas árvores, o vento frio do Báltico pelas costas, melhor condições é impossível. Corrida rápida que às 11 começava a Missa de Natal. Para quem como eu, como, aliás, a maioria dos portugueses, é "carimbado" pelo lugar de nascimento como pertencendo à "turma" dos Católicos Apostólicos Romanos, habituado à tradição das missas quase medieavais, escuras e cheias de ícones, santos e homilias vindas do baú do tempo, a participação num acto religioso luterano é uma revelação. Primeiro, o ambiente é muito mais relaxante, as pessoas não tem aquela cara de sofrimento tão meriodinal, e, aspecto importante, a padre, sim, a padre, tem um discurso e comportamento mais compatível com o mundo contemporâneo que vivemos. Acabada a homilia e combinado uns encontros pós noite de Natal para beber Glogg (uma mistela horrível à base de vinho quente, vodka e especiarias, muito apreciada e bebida nesta época do ano e da qual sempre que posso fujo) regresso a casa, para preparar o Pato segundo a tradição dinamarquesa (And), o ris a la mande (o arroz doce escandinávo) e o nosso arroz doce português, que alguma coisa também tem de ser nossa, acompanhando as nossas nozes alentejanas, o Periquita e o espumante bairradino. Os mais pequenos nesta altura, tarde de Natal, e como é tradição na Suécia, já estão grudados ao televisor a ver o "Kalle Anka och hans vanner" (Pato Donald e seus amigos) que passa todos os Natais às 3 da tarde. Até nisto, esta gente é disciplinada.
Como por aqui se diz, God Jul.

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