quinta-feira, dezembro 07, 2006

Recado ao lázaro sueco de Águeda...


Decidir participar numa maratona é um acto de coragem. Parabéns Norte por esse acto, para mais em terras gélidas do norte da Europa. Cá estaremos para apoiar e encorajar essa árdua tarefa que vai requerer até lá, muito treino e imensa perseverança. Ficaremos à espera da respectiva foto a cortares a meta abraçado à bandeira verde alface e amarela dos judeus bairradinos ou então uma bandeira grená do RDA com fotografia do Hernâni... Com bandeira ou sem bandeira, em primeiro ou em último cá estaremos, para apoiar a tua participação desportiva num país onde mais de 80% da sua população integra as actividades físicas e desportivas no seu estilo de vida.
Mas importa falar de Francisco Lázaro, o único português que em 1912 participou na maratona dos Jogos Olímpicos de Estocolmo. É simpático que os suecos recordem a morte de Lázaro em plena prova da maratona, mas só a simpatia nórdica faria uma coisa dessas. Antes de mais importa dizer que era a primeira participação portuguesa após a recente fundação do Comité Olímpico Português. Francisco Lázaro era considerado um dos favoritos à vitória na maratona, mas a sua preparação foi-lhe fatal. Na compreensão das causas da sua morte, Lázaro "verificando que os participantes daquele tipo de prova suavam muito e esgotavam-se calculou que a não sudação iria permitir um aumento de resistência ao esforço. Neste sentido, antes da prova, untou-se todo com uma substância gorda, para evitar essa sudação. Tal procedimento acabou por lhe ser fatal, na medida em que não permitindo as reacções normais do organismo ao esforço, não fez uma regulação térmica fisiológica, tendo aumentado gravemente a temperatura corporal; não fez uma eliminação fisiológica das toxinas produzidas pelos músculos em esforço, principalmente através dos rins, do fígado, pele e pulmões; entrou em desequilíbrio hidro-electrolítico irreversível. Assim se explica o estado do seu fígado na autópsia - mirrado, do tamanho de um punho fechado e duro como uma pedra" (in NOLASCO, Pedro. A morte de Francisco Lázaro, Direcção-Geral dos Desportos. 1985). Por tudo isto a participação olímpica portuguesa foi triste, com os suecos a organizar após os JO um festival em benefício da família do infortunado Lázaro que rendeu 14000 coroas suecas.
Força Norte. Mostra-lhes que descendes dos Lopes e das Motas de Portugal. Aguenta-te até aos 25/30 KM e depois deixa-te ir...
Vamos torcer.

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