Na floresta
Estocolmo, 17 de Dezembro de 2006
Neste inverno com características meriodinais, pelo menos por estas paragens do Norte da Europa (tem sido o Dezembro mais quente na história do Instituto Sueco de Metereologia), com temperaturas a rondar os 5 positivos, em vez de negativos, aproveito para correr, enquanto a neve não chega. Depois de uma semana cheia de afazeres, a vontade de correr ao fim do dia não é a mais indicada, tal a escuridão que nos assalta mas, qual viking lusitano, aproveito o fim de semana para mais uns valentes km's pela floresta que me circunda. Como eu estão centenas de "profissionais" destas coisas, novos e menos novos, muito agasalhados, todos eles a bufar pelos caminhos florestais devidamente assinalados, levando-me, qual viagem espacial, às memórias de uma visita ainda fresca ao nosso/vosso recanto aguedense. De facto, a diferença entre a realidade sueca e a nossa é escandalosa, como, aliás, pude constatar nos poucos dias que estive em Portugal. Se, como bem menciona o Rui N.,nas sociedades do Norte Europeu, e em particular na Suécia, o desporto e a actividade física fazem parte do seu estilo de vida, no nosso cantinho socrático, tal não acontece, salvo raras excepções, como do próprio PM. Nesta curta visita não pude deixar de correr, embriagado que fiquei pela luz, essa magnífica luz de Portugal que, aliada à amena temperatura, obrigou-me a calçar as sapatilhas. Cedo, muito cedo, mal via uns raios de luz, calçava as sapatilhas, colocava o IPod e lançava-me pelas ruas de Águeda, tentando não ser atropelado pelos inúrmeros carros que circulavam com as criancinhas para as escolas. Os poucos transeuntes olhavam para mim como se fosse um ser estranho, de outro planeta, estranhando e muito provavelmente questionando a sanidade mental de tal figura. Mais uma vez, senti-me um estrangeirado, devia ser a isto que o Eça se referia (não às corridas...). Quando, mais tarde, questionei os meus amigos sobre o tipo de actividade fïsica praticada, o de aproveitarem o bom clima para umas corridas, a resposta ia dar sempre ao mesmo, que não, não tinham tempo, grande seca, coisas de estrangeiros, o célebre não há condições (falta o Parque da Alta Vila), o rojão é que está a dar, etc, etc. Enfim, dá para pensar como é que os Lopes e as Motas de boa memória surgiram no nosso país.
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